Cacau nas alturas: Preços atingem máximas de 46 anos, mas como consumo pode se comportar?

Publicado em 05/07/2023 16:41
Condições climáticas resultam em quebras nas principais origens produtoras da África

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As últimas semanas têm sido de variação intensa para os preços do cacau no mercado internacional. Na terça-feira (4), o contrato referência atingiu a máxima de 46 anos, negociado por 2678 libras a tonelada, maior nível desde 1977, mas em um dia de poucas negociações já que nos Estados Unidos não foi registrada operação em decorrência do feriado de 4 de julho. 

Há alguns meses o preço do café tem suporte na preocupação com a oferta da África, que sente de forma severa os impactos climáticos. A expectativa de déficit global está elevada, de acordo com dados da Organização Internacional do Cacau (ICCO), que projeta déficit em 142.000 toneladas na temporada 2022/23. Segundo a agência Reuters, no entanto, há operadores no mercado que falam de volumes ainda mais expressivos, de aproximadamente 200.000 toneladas, que somadas ao ciclo anterior pode chegar a 225.000 toneladas. 

"As chuvas na Costa do Marfim e no oeste Africano se mostraram bastante intensa. Junho normalmente é um mês que chove, porém choveu demais, acima da média dos últimos 10 anos. Há vários relatos de alagamentos nas lavouras, então se tem uma dificuldade tanto na secagem do que está sendo colhido agora, tanto no desenvolvimento da safra que será colhida entre outubro e novembro", acrescenta Leornado Rossetti, analista de mercado da StoneX Brasil. 

Todas as atenções do setor produtivo, a nível global, estão para a previsão de um El Niño alterando as condições climáticas neste segundo semestre de 2023. De acordo com Rossetti, essa também é uma preocupação para o cacau, já que o fenômeno climático costuma prejudicar a produção global de cacau. "El Niño tem certos efeitos, sim. E como nós estamos falando de uma região que produz cerca de 70% de cacau do mundo, o mercado já começa a projetar um novo déficit", comenta. 

Cacau
Variação do cacau no último ano

CONSUMO 

Para os próximos meses, também será importante acompanhar o consumo do produto mundo afora. Apesar da manutenção no volume, ele acrescenta que a indústria pode não aguentar "segurar" por muito mais tempo a valorização, o que pode impactar o preço para o consumidor final. 

"Os dados ainda têm mostrado consumo firme, os resultados mostram boas perspectivas para o resto do ano, mas tem pontos de atenção. Na Europa, a inflação de chocolate e produtos achocolatados ainda está se elevando, historicamente está alta. Acredito que em algum momento isso vai recair no consumo, que já aguentou mais do que a gente esperava", acrescenta. 

Caso a inflação continue em elevação nos próximos meses, o cenário pode afetar as vendas de alguma forma. Outro ponto de atenção para o segundo semestre, são os dados de moagem. "Se começaram a mostrar sinais de retração, podemos ver uma correção nessas altas. Os fundos estão comprados, então tem espaço para correção nessas altas. No entanto, olhando para longo prazo, o cacau deve continuar altista no segundo semestre. As preocupações com a oferta tendem a predominar, a demanda pode desacelerar, mas não deverá ser tão intensamente", finaliza. 

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Por:
Virgínia Alves
Fonte:
Notícias Agrícolas

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