Pesquisa viabiliza cultivo de pera no sertão e produção já atinge mercado do sul do país
A pera produzida no Vale do São Francisco já está sendo consumida nos estados do Rio Grande do Sul, Espirito Santo, Bahia, Pernambuco e Rio Grande do Norte, com demanda crescente e produtores satisfeitos.
É o caso da fazenda Frutos do Sol, (Petrolina-PE), que embarcou na última semana cerca de 8 mil quilos da fruta para a cidade de Farroupilha (RS).
De acordo com o gerente de produção da fazenda, Mauricio Marques, a ideia é expandir a área cultivada em breve. “Hoje 95% da pera consumida no Brasil é importada, ou seja, existe um mercado interno bem promissor que podemos alcançar ”, diz. Só em 2019, o Brasil importou mais de 180 mil toneladas de peras.
O entusiasmo do setor é justificado. Os ensaios conduzidos pela Embrapa em áreas de produtores mostraram que é possível colher até mais de 60 toneladas de pera por hectare, fazendo-se duas safras por ano na mesma planta. Esse número é superior ao encontrado em regiões tradicionais de cultivo da fruta no Brasil. O sabor é outro destaque. A pera do sertão apresenta excelente aspecto físico, surpreendente doçura e suculência.
Por trás desse trabalho está o pesquisador da Embrapa Semiárido, Dr. Paulo Roberto Lopes. O engenheiro agrônomo apostou na pera como opção viável para diversificar a fruticultura irrigada no Vale do São Francisco, região que já é líder nacional na produção de uva e manga para exportação.
Adaptação ao clima quente
De acordo com Lopes, o maior desafio foi superar a necessidade de cerca de 400 horas de frio (em torno de 7 graus célsius) que a pera precisa para produzir, já que, no semiárido, a temperatura média é de 28 graus célsius. A resposta para adaptar as pereiras a essa condição veio do manejo.
“Fizemos diversos experimentos para possibilitar a formação abundante dos botões florais. A partir daí conseguimos excelente florescimento, frutificação e produção de frutos com qualidade. Foram também determinados parâmetros de espaçamento, sistema de condução, adubação, irrigação, monitoramento de pragas e doenças, avaliação da qualidade pós colheita dos frutos e dos custos de produção”, explica o pesquisador.
Das variedades estudadas, cinco apresentaram melhores resultados em termos de produção e qualidade dos frutos para as condições climáticas da região. Foram elas: Triunfo, Princesinha, Housui, Centenária e Schmidt.
A área plantada no Vale do São Francisco ainda é pequena, uma vez que a pesquisa está em fase de validação, mas vem crescendo a partir do sucesso dos produtores, com estimativa de chegar a 20 hectares ainda este ano.
Também estão sendo estudas a adaptação da maçã, caqui, amora preta e mirtilo para produção no semiárido. O trabalho vem sendo conduzido pela Embrapa, em parceria com a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e Parnaíba (CODEVASF).
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