Coadjuvante na produção de frutas, Brasil tem oportunidades
Em um estado onde a produção de grãos apresenta destaque quase invejável, a palestra do diretor da Associação Brasileira dos Produtores Exportadores de Frutas e Derivados (Abrafrutas), Jorge Souza, ganhou um brilho particular. Convidado do 1º Encontro Goiano de Fruticultura, ele falou sobre o cenário da atividade no Brasil e no mundo e foi enfático ao apontar o principal problema dos produtores que vivem da área: a queda da rentabilidade. O evento, realizado pela Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg) e que acontece nesta quarta (7) e quinta-feira (8) no auditório da entidade, objetiva desenvolver ainda mais a fruticultura no estado por meio de conhecimento, tecnologia e extensão. Nos dois dias, a Faeg também será palco do 13º Seminário de Cutricultura Goiana.
Segundo Jorge, que também é produtor de banana, o Brasil ainda é coadjuvante quando se fala em fruticultura, mas “é preciso que fiquemos atentos ás oportunidades. O mundo está ávido por frutas tropicais e nós exportamos somente 3% do que plantamos e colhemos aqui”. Ele continuou falando também do consumo interno, que “pode ser melhorado, e muito, com ações de estímulo por parte dos governos municipal, estadual e federal, assim como por atitudes dos produtores, que precisam estar cada vez mais preparados para negociarem com os chamados atravessadores e até mesmo com o próprio comerciante”. Segundo dados apresentados por Jorge, um brasileiro consome, por ano, cerca de 57 kg de frutas, enquanto um espanhol come, no mesmo período, cerca de 120 kg do alimento.
Jorge, que também é consultor do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), apontou a inteligência competitiva como uma das maiores armas do fruticultor. "Precisamos saber – quantitativamente e qualitativamente – quem come nosso produto. Além disso, é de suma importância entendermos como a cadeia produtiva está organizada quais os mercados estão prontos para absorver nossa produção”, disse, exemplificando com a diferença entre o mercado de frutas frescas (que representa 53% da nossa produção) e o mercado de frutas processadas (que representa 47% da nossa produção). Ele aponta ainda a falta de articulação entre os elos da cadeia produtiva, o que se espirra inclusive nos distribuidores e comerciantes.
Ainda sobre a comercialização da produção, e com um ranking de preferência de consumo dividido entre banana, maça, laranja e mamão, Jorge é enfático ao apontar outra falha da atividade: não se consegue exportar valor agregado. “Nós exportamos a matéria prima, massa assim como em outras atividades, não agregamos valor ao nosso produto. Isso precisa mudar e o primeiro passo é organizar a cadeia de produção e comercialização”.
Representando e organizando a cadeia
Sobre essa organização da cadeia, Jorge cita o papel das entidades representativas do setor, como a Faeg e o Senar Goiás. “As lideranças são fundamentais, e aí entram o associativíssimo, o corporativismo ou até mesmo a junção dos dois. Nesse momento uma ajuda profissional faz toda a diferença”.
A opinião é compartilhada pelo produtor de Araçu, Glauber Pires. Com uma plantação de 20 herctares de banana, sendo 15 irrigada e 5 sequeiro, ele aponta o trabalho das entidades representativas como base do fruticultor. “A gente pode ter um sonho, um objetivo e até um pouco de dinheiro para começar, mas sozinho não se chega a lugar nenhum. A fruticultura é um setor que necessita de muito investimento. Quando se fala em fruta de qualidade, fala-se também de muito investimento e planejamento. Precisa-se pensar a longo prazo e para isso precisamos da articulação das entidades”, pontua.
Glauber também elogiou a iniciativa da Faeg, que “vem em um momento muito propício, já que nós estamos enfrentando vários problemas, como a falta de assistência técnica de qualidade, a não existência de orientações comerciais específicas e a carência de recursos”.
Encontro de Fruticultura
Jorge aproveitou para elogiar a iniciativa da Faeg, que colocou em pauta a atividade que muitas vezes não recebe a atenção que merece. “A produção de grãos, por exemplo, gera muita renda mas não é tão positiva do ponto de vista da empregabilidade, uma vez que sua produção está completamente toda automatizada. Já a fruticultura entra nas regiões onde há mão de obra disponível, criado uma condição mais favorável para geração de renda. É importante colocar isso em pauta”, diz.
Falando sobre capacitação, Jorge também citou o trabalho realizado pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Rural em Goiás (Senar Goiás), que “representa uma peça chave para esse quebra cabeça da fruticultura”.
A ideia é, além de apresentar o grande potencial de Goiás para a fruticultura, será debater meios de tornar a atividade uma das principais do agronegócio goiano, gerando divisas e diversificando a produção agrícola no estado. Os avanços tecnológicos na produção de frutas, a importância da defesa sanitária na cadeia produtiva e a representatividade do cooperativismo e associativismo na atividade são alguns dos temas que compõem a programação.
Com o tema: “Cenário, Desafios e Oportunidades”, o evento – que também foi realizado pelos Sindicatos Rurais (SRs), Instituto Inovar e a Associação Goiana dos Citricultores (Agrocitros), segue até essa quinta-feira (8).
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