Produtores reagem à possibilidade de importação de maçã da china
Brasília (07/10/2015) - A possibilidade de o Brasil fechar um acordo fitossanitário com a China para importação de maçã do país asiático provocou a reação imediata de representantes do segmento. A preocupação principal é com a entrada de novas pragas em território brasileiro, um ano após a erradicação da Cydia pomonella, que por mais de 20 anos atacou os pomares de maçã na região Sul, onde predomina a produção da fruta. Este e outros pontos foram temas de audiência pública nesta terça-feira (6/10), na Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural (CAPADR) da Câmara dos Deputados.
O debate mobilizou as principais entidades representativas do segmento da maçã, além de prefeitos, secretários estaduais e municipais de agricultura e representantes do governo federal, diante da importância desta cultura para a economia dos municípios dos três estados do Sul, que gera 195 mil empregos diretos e indiretos, mas que tem sofrido nos últimos anos com redução de área de plantio e com margens de lucro dos produtores cada vez mais estreitas. Assim, a possível entrada do produto chinês no Brasil seria uma ameaça à continuidade de muitos fruticultores nesta atividade.
Além do risco de novas pragas ou até mesmo o reaparecimento da Cydia pomonella, a maçã chinesa poderia entrar no Brasil mais barata do que a fruta produzida internamente, com ajuda expressiva do governo chinês. A China responde por metade da produção mundial atualmente. Neste contexto, um dos pleitos dos produtores é não incluir em acordos fitossanitários para importação, além do acesso aos processos de análise de risco de pragas do governo e a participação das entidades representativas nas discussões que envolvem esta cultura.
“É um risco que o setor corre, levando-se em conta os empregos e a renda que o setor gera. É preciso adotar uma medida urgente pela importância do setor”, disse o assessor técnico da Comissão Nacional de Fruticultura da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Eduardo Brandão Costa. “É um setor que democratiza a renda para muita gente. Vai ser uma ameaça à continuidade da atividade no Brasil”, alertou o diretor executivo da Associação Brasileira dos Produtores de Maçã (ABPM), Moisés Albuquerque, explicando que o Brasil é o 12º produtor mundial e que a maçã é a terceira fruta mais consumida internamente, atrás da laranja e da banana.
O setor também apresentou outras reivindicações consideradas prioritárias. A pauta inclui a manutenção, para este ano, do volume de recursos para a subvenção ao prêmio do seguro agrícola destinado no ano passado, de R$ 51 milhões, da publicação do plano de contingência da Cydia pomonella e medidas de controle de pragas.
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