Preço revolta os produtores de feijão

Publicado em 17/01/2011 08:04
Enquanto o preço médio do quilo do feijão-preto no varejo está entre R$ 2,30 e R$ 3,32, encarecendo a mesa dos brasileiros, o valor pago ao produtor pelo saco de 60 quilos é de, em média, R$ 75,00. O alimento foi um dos vilões da cesta básica, contribuindo para o aumento da inflação em 2010. O cultivo do grão ocorreu em área menor na última safra no Centro-Serra do RS, com o plantio de 2,5 mil hectares. Nas safras de 2001/2002, por exemplo, a região plantou 18 mil hectares em uma época em que o saco era vendido a mais de R$ 110,00.

A reclamação dos produtores com a falta de reajuste no valor e de apoio ao plantio de feijão ocorre há alguns anos. De acordo com o consultor técnico José Francisco Telöken, em virtude de fatores ligados ao clima, a produção no Centro-Serra deve chegar a, no máximo, 20 sacos por hectare. “As projeções feitas em novembro de 2010, que apontavam o preço em, no mínimo, R$ 90,00, não se confirmaram”, justifica. A expectativa frustrada se deve a um conjunto de medidas adotadas pelo governo federal para suprir a demanda do mercado interno, dentre elas a importação do produto da Argentina e da China. O reajuste foi exclusivamente para o feijão carioca. “Nós, que só produzimos feijão-preto, estamos com essa estagnação. É uma vergonha”, avalia o consultor.

O maior produtor de feijão do Centro-Serra, Luiz Hermes, de Linha Rocinha, no interior de Arroio do Tigre, está com o produto armazenado à espera de melhores preços. Colheu, numa apuração preliminar, 25 sacos por hectare plantado. “A quebra se deve ao clima desfavorável na época da floração. Cheguei a colher 42 sacos por hectare em 2002”, explica. De acordo com Hermes, a informação divulgada pelo Ministério da Agricultora não está de acordo com a realidade. “Eles não podem dizer que esse alimento contribuiu para o aumento da inflação quando o preço pago a nós é desanimador”, avalia.

O agricultor, que se dedica à diversificação de culturas, planta feijão há mais de 35 anos. “Jamais tinha visto tamanho desrespeito. Nós trabalhamos de sol a sol e ganhamos muito pouco. A comida chega à população o dobro mais cara. Isso é uma injustiça. Alguma coisa está errada nesta história”, destaca ele. Indignado, disse que já teve bons lucros com o plantio de feijão em anos anteriores, caso de 2002. “Estamos com o preço mínimo há dois anos sem reajuste. Importaram feijão e pagaram ainda mais pelos produtos vindos de fora, quando temos aqui. Espero que algum dia parem de cobrar impostos tão altos dos alimentos”, salienta.

Aumento de 41%

O faturamento bruto obtido com a produção e venda de produtos agropecuários, chamado de Valor Bruto da Produção Agropecuária, pode ser recorde em 2011. Segundo estimativa divulgada pelo Ministério da Agricultura esta semana, esse faturamento deve chegar a R$ 187 bilhões no ano, resultado 8,29% maior que o de 2010, quando o somatório chegou a R$ 172,74 bilhões. O feijão, com 41%, ocupa a segunda posição entre os produtos com maior aumento de valor bruto em relação ao ano passado.

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Gazeta Grupo de Comunicações

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