Chuvas intensas prejudicam lavouras de trigo e soja no Rio Grande do Sul
Depois das fortes chuvas que atingiram o Rio Grande do Sul na última semana, produtores rurais de Carazinho/RS precisam de, pelo menos, três dias de sol para conseguirem seguir com os trabalhos de colheita do trigo e de plantio da soja. Segundo o produtor rural Carlos Eduardo Scheibe, o que está deixando os agricultores da região aflitos é o fato da previsão local não indicar uma pausa significativa nas precipitações.
"Com a palhada que tenho, preciso de 2 dias de sol forte e vento para poder entrar plantando na tarde do terceiro dia. Aqui está se repetindo o problema enfrentado pelos agricultores americanos", afirma o produtor. Os problemas estão sendo enfrentados em vários cultivos da região, sobretudo nas lavouras de trigo e soja. Na segunda-feira, os produtores da região tinham estimativa de chuvas de 20 milímetros, mas choveu 88 mm.
Nesta mesma época no ano passado, os agricultores já tinham colhido 70% safra, contra 20% deste ano. Scheibe afirma que ainda tem 800 hectares esperando para colheita e que a situação se repete com os produtores vizinhos. No caso da soja, os números se invertem. Enquanto no mesmo período em 2018, os produtores tinham 70% do plantio realizado, neste ano o produtor conseguiu plantar apenas 20%.
Erosão na área da soja plantada em Carazinho/RS Foto: Carlos Eduardo Sheibe
Além de impedir o plantio, o excesso de água traz outras preocupações ao agricultor, tendo em vista que parte da palhada está sendo levada pelas fortes chuvas. "A soja de hoje é muito diferente da de 10,12 anos atrás. Precisa de piso firme, piso liso e cada vez que chove mais, atrapalha os trabalhos", afirma.
Ainda no Rio Grande do Sul, a 165 km de Crazinho, produtores da região de Tupanciretã/RS também enfrentam os mesmos problemas com o excesso de chuvas. Em entrevista ao Notícias Agrícolas, José Domingos Lemos Teixeira - Coordenador do Núcleo da Aprosoja de Tupanciretã, afirmou que no momento a maior preocupação é com a safra de arroz. "Em contato com produtores e consultores da região sul do estado, a preocupação com o arroz é muito maior do que com a soja. Muitos produtores ainda não plantaram, e quem já plantou, corre o risco de ter que semear outra vez" disse.
No último dia 5, a região ainda tinha 70% do trigo para ser colhido. . "Nós vamos ter baixa qualidade, uma menor remuneração para o produtor e, por consequência, um custo de produção dos alimentos da cadeia maior para o nosso consumidor, já que não somos auto sustentáveis em trigo. Já estamos conscientes de que não teremos qualidade, e pode ser que o trigo seja destinado à ração animal num valor 40% menor do que está sendo trabalhado para os trigos de alta qualidade", lamentou Teixeira. Confira a entrevista completa aqui.
Chuvas intensas no Rio Grande do Sul tiram palhadas das lavouras Foto: Carlos Eduardo Sheibe
Chuvas dão trégua rápida no Rio Grande do Sul
Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), apesar da trégua prevista para este final de semana na região sul do país, as tendência é que volte a chover na região já na próxima semana. "Nessa região as mudanças são muito rápidas. Hoje tem essa condição, mas amanhã já pode mudar", afirma a meteorologista Naiane Araujo.
No final de semana, as chuvas passam a ficar mais concentradas em Santa Catarina e no Paraná, com volumes entre 30 e 50 milímetros para o Paraná."A instabilidade deve retornar ao Rio Grande do Sul já no dia 13 devido à uma área de baixa pressão que se forma no Paraguai, ganha força e volta a levar instabilidade para o Rio Grande do Sul", finaliza a meteorologista.
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