Grãos: Nova safra dos EUA começa e pode ser fiel da balança para o mercado em meio a guerra comercial
A nova safra de grãos dos Estados Unidos começou. O USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) informou, nesta segunda-feira (7), que o plantio do milho foi concluído, até este domingo (3), em 2% da área, número próximo ao registrado no ano passado, neste mesmo período, de 3%. O dado veio alinhado também à expectativa do mercado. O reporte ainda apontou a semeadura do trigo de primavera em 3% e o do algodão em 4%.
Os primeiros números da safra 2025/26 chegam em um dos momentos da mais intensa volatilidade dos mercados - não só agrícolas, mas de todos os ativos - dos últimos anos diante da guerra comercial em curso, em função das tarifas recíprocas impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, no último dia 2 de abril, sobre 57 países.
Assim, analistas e consultores vão, aos poucos, dividindo suas energias entre estas duas frentes: de um lado a comercial, de outro, a agronômica, com olhos vivos sobre as condições climáticas do Corn Belt e o desenvolvimento das lavouras daqui em diante. Nas próximas semanas, os dados recorrentes sobre o plantio da soja engrossam o coro do mercado.
Quem lidera os trabalhos de campo nos EUA, como tradicionalmente, é o Texas, que já tem 59% de seu milho plantado, mesmo índice de 2024. Todavia, dos 18 estados que respondem por 92% da área destinada ao cereal norte-americano ainda têm números de um dígito para registrarem sua semeadura, também muito alinhados aos do ano passado, neste mesmo período.
Agora, será necessário e fundamental acompanhar o clima no Meio-Oeste americano, já que pode ser ele um dos fieis da balança para mercados tão duramente afetados pelo tensionada macroeconomia norte-americana.
"O mercado está no capítulo final de precificar toda essa crise e precificar a perda de potencial comercial e de acordos bilaterais dos EUA não só com a China, mas com todos os seus parceiros. O mercado da soja é muito mais condensado, mais centralizado do que o mercado do milho. Se formos observar o milho até teve sua volatilidade em detrimento de um contágio do mercado financeiro, mas conseguiu ser resiliente frente a estas escaladas das tensões comerciais entre EUA e mundo", explicou o gestou de risco e analista de soja da Amius, Victor Martins.
E este é um dos pontos pelo qual o mercado do milho pode se pautar, de forma mais intensa no início efetivo da nova safra americana e no cenário climático dos EUA daqui em diante, do que de mais agressivamente na guerra comercial, ao contrário do que deve acontecer com a soja. Além disso, o milho americano vem se mostrando com bastante competitividade no mercado internacional, atraindo boa demanda até aqui.
Os números atualizados dos embarques de milho informados pelo USDA nesta segunda-feira superam em 30% o total do mesmo período do ano passado e chegam a 35,582,389 milhões de toneladas.
"Vamos entrar em um momento de weather Market que vai ser extremamente sensível. E aí é um campo aberto", afirmou o diretor da Germinar Corretora, Roberto Carlos Rafael. "Então, a partir de agora, os drivers são o desenvolvimento das lavouras e o mercado climático".
OS ATUAIS DESAFIOS DO CLIMA
O início da primavera nos EUA tem sido marcado por alguns desafios climáticos, como enchentes em regiões importantes de produção e seca em outras. E a previsão para a próxima semana é de que essas condições continuem, podendo, inclusive comprometer o ritmo dos trabalhos de campo.
"Para o primeiro relatório completo de progresso da safra da temporada, estamos lidando com muitos problemas climáticos no país agora. A seca tem sido um problema de "bastidores" no início da primavera em boa parte das planícies, centro-oeste e partes do sudeste, na medida em que a principal rota de tempestades se movia das planícies do sudeste até o Vale do Ohio. Vimos ainda inundações generalizadas de uma tempestade de cinco dias que trouxe clima severo e grandes quantidades de chuva durante o final de semana. Grandes áreas do Arkansas até o oeste do Kentucky receberam mais de 250 mm de chuva, e isso levará muito tempo para passar pelo sistema", detalhou o o meteorologista agrícola da DTN John Baranick.
Do mesmo modo, alguns volumes também foram registrados em regiões onde a seca era mais agressiva, contribuindo para uma recomposição dos níveis de umidade do solo, também importante para o atual momento. Outras áreas viram a chuva necessária, no entanto, e a redução da seca foi provável em partes das planícies e do centro-oeste.
O Drought Monitor, sistema que monitora a condição da seca nos EUA, aponta que há ainda um percentual considerável de áreas precisando de boas chuvas no cinturão produtivo, em especial na porção mais a oeste do Corn Belt, como em partes de Iowa, Illinois, Minnesota, Dakotas, entre outros estados-chave e produção. Veja no mapa abaixo:

Para os próximos 6 a 10 dias, porém, são esperadas chuvas acima da média para o Oeste dos Estados Unidos, de acordo com o NOAA, o serviço oficial de clima do governo norte-americano. O centro-leste do país deve ter chuvas dentro do normal, enquanto o sul na metade leste do país deve registrar volumes abaixo da média.

Já no período de 8 a 14 dias - de 15 a 21 de abril - as chuvas deverão ser mais regulares, alinhadas à média para o período, em quase todo o país, como mostra a área em cinza do mapa a seguir. Apenas a faixa em verde poderá registrar temperaturas acima da média.

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