Após pressão, leite longa vida volta a subir
Num movimento ascendente desde novembro do ano passado, os preços do leite longa vida devem se manter em alta nos próximos meses, preveem analistas e a indústria. O consumo do produto, que cresceu menos do que o previsto em 2009, também deve voltar a avançar este ano.
Entre dezembro e janeiro, o preço do leite longa vida no atacado subiu 8,8%, para R$ 1,48 o litro. No varejo, a alta no período foi mais modesta, de 1,2%, para R$ 1,60 o litro, mostra levantamento da Scot Consultoria.
A razão para a valorização é o consumo mais aquecido depois de um ano de crise internacional e uma oferta de matéria-prima mais ajustada à demanda em decorrência do recuo da captação de leite em algumas bacias leiteiras do país.
"Não há falta nem abundância de matéria-prima, mas as indústrias tentam garantir seus fornecedores", afirma Nilson Muniz, diretor-executivo da Associação Brasileira da Indústria de Leite Longa Vida (ABLV). Segundo ele, indústrias já pagam R$ 0,10 a mais pelo leite ao produtor entregue em janeiro nas principais bacias. Pagando mais pela matéria-prima, os laticínios repassam para seus clientes, o varejo.
O último levantamento da Scot, referente ao leite entregue à indústria em dezembro e pago em janeiro, mostra que a pressão sobre a cotação ao produtor já é menor com a queda na captação de leite. Na média nacional, o preço ficou em R$ 0,618 por litro, redução de 0,96% sobre o mês anterior.
Laércio Barbosa, diretor da Laticínios Jussara, observa que o pico da produção de leite no país foi em novembro passado, mas já houve queda na captação em dezembro e janeiro. Com esse quadro, os estoques das indústrias também estão mais baixos. "Houve antecipação da safra no ano passado porque choveu mais cedo. Em agosto, já havia mais oferta e os preços ao produtor caíram", comenta. E foram os preços em queda que acabaram desestimulando o aumento da produção de leite por pecuaristas no país em 2009.
A expectativa da indústria de longa vida é de que os preços no atacado subam 20% considerando o período entre o início de janeiro até o fim deste mês. "A demanda está firme, até porque os preços ao consumidor estão mais baixos do que há cinco meses", comenta Nilson Muniz. "O consumo melhora porque há uma recuperação da economia", acrescenta Rafael Ribeiro, analista da Scot. Para ele, podem ocorrer novas altas do longa vida no atacado e também no varejo.
Barbosa, da Jussara, afirma que os preços praticados pelas indústrias hoje já variam entre R$ 1,50 e R$ 1,70 por litro.
"O que está havendo é uma recuperação dos preços após um período de queda", argumenta Muniz, diretor da ABLV.
No ano passado, o consumo de leite longa vida no país cresceu entre 3% e 3,5%, estima a ABLV, alcançando 5,5 bilhões de litros. A previsão inicial era avançar entre 4% e 5%, mas isso não se concretizou porque a oferta de matéria-prima (leite cru para processamento) ficou estável na casa dos 28 bilhões de litros, explica o diretor-executivo da associação.
"Quando há grande produção, o setor que absorve [o excedente] é o do leite longa vida", diz.
Para este ano, a ABLV volta a estimar crescimento de 4% a 5% na demanda por leite longa vida. O produto já representa 76% do total do leite fluido de consumo no país e movimentou R$ 9 bilhões no ano passado.
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