Após ameaças, Nestlé fecha fábricas no Zimbábue
A multinacional Nestlé suspendeu suas atividades no Zimbábue após ter recebido ameaças pela decisão de deixar de comprar leite da fazenda da mulher do ditador Robert Mugabe, informou nesta quarta-feira a imprensa local.
A Nestlé-Zimbábue decidiu fechar temporariamente suas fábricas", anunciou ao jornal zimbabuano "The Herald" um porta-voz da empresa no Quênia.
A Nestlé parou de comprar o leite da fazenda de Grace Mugabe em outubro passado, depois que organizações de defesa dos direitos humanos disseram que promoveriam um boicote internacional aos produtos da multinacional caso ela mantivesse seus negócios com a primeira-dama.
A propriedade de Grace Mugabe, localizada no distrito de Mazowe, ao norte da capital Harare, pertencia a fazendeiros brancos e foi ocupada em 2001, após a reforma agrária imposta pelo presidente zimbabuano --e responsabilizada pela crise econômica na qual o país vive.
Os ativistas se referem ao leite das fazendas de Grace como "o leite de sangue", dadas as incontáveis violações aos direitos humanos cometidas por Mugabe desde que chegou ao poder, há 29 anos.
Os seguidores de Mugabe, por sua vez, reagiram à decisão da Nestlé de fechar suas fábricas acusando a multinacional de impor sanções contra "a primeira família do Zimbábue".
Segundo vários relatos, pessoas ligadas a Mugabe e ao Grupo Ação Afirmativa, vinculado ao partido do presidente, estiveram nos escritórios da Nestlé no Zimbábue para tentar forçar a empresa a continuar comprando o leite produzido pela fazenda da primeira-dama.
"Se não querem apoiar as empresas locais, azar o deles", chegou a declarar o ministro Saviour Kasukuwere. (EFE)
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