Setor de laticínios cresce em 2009 e mantém ritmo em 2010
Países emergentes são responsáveis pela manutenção do crescimento do consumo mundial; Brasil, Índia e China se destacam_
Pesquisa divulgada pela sueca Tetra Pak Dairy Index aponta que o consumo de lácteos resistiu à crise econômica mundial e deve crescer 1,3% este ano, saindo de 259 bilhões de litros em 2008 para
263 bilhões de litros em 2009. Menos afetado pela crise mundial, o Brasil ampliou o consumo em 2,5%, para 10,3 bilhões de litros. Só na região Nordeste do país, o aumento foi de 20%, segundo a Tetra Pak. A pesquisa leva em conta o consumo mundial de leite e outros lácteos líquidos (como leite flavorizado, evaporado e condensado) refrigerados ou não.
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Os mercados emergentes, como o Brasil, devem continuar puxando o crescimento do consumo do setor de lácteos. "Nosso país ocupa a sexta posição entre os maiores produtores de leite do mundo e apresentamos o maior potencial de crescimento. Além disso, já somos o quinto maior exportador do produto e temos grandes chances de nos tornar o primeiro. Para 2010, podemos nos preparar para novo crescimento, que será impulsionado pela recuperação do mercado e dos valores de exportações", avalia Rodrigo Alvim, presidente da Comissão Nacional de Pecuária de Leite da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).
Mesmo nos mercados desenvolvidos, onde a Tetra Pak esperava recuo de 1,2% no consumo este ano, houve aumento de 0,6% na demanda. "O consumo global não caiu porque os consumidores não deixaram de comprar lácteos, apenas optaram pelos produtos mais baratos da categoria", ressalta Rodrigo. Porém, ele ressalta que para os mercados desenvolvidos, é um desafio aumentar a produção, uma vez que além das questões geográficas, eles já apresentam o que há de mais moderno em termos de tecnologia.
"As chances do Brasil são maiores: possuímos clima tropical, sem o rigor dos invernos de clima temperado; somos o quinto maior país em extensão territorial, o que nos daria, caso fosse necessário, condições de expansão de área para produção; temos enorme potencial para aumentar a produtividade, sem ser necessário a inclusão de um único hectare a mais em área etemos a quinta maior população, garantindo um grande mercado doméstico", defende Rodrigo. Some a isso o fato de a cadeia leiteira brasileira gerar cerca de 3,6 milhões de empregos diretos e indiretos. Trata-se de uma atividade com uso intensivo de mão-de-obra, fixando a população rural no campo. "Esses dados sinalizam que com melhorias na eficiência produtiva (manejo, genética e nutrição), será possível elevar a produção, de forma a nos colocar entre os primeiros produtores mundiais", argumenta.
Ainda segundo a pesquisa, enquanto a perspectiva é de que o consumo no Brasil aumente a uma média ponderada de 3% entre 2009 e 2012, a expectativa é de queda de 0,6% nos Estados Unidos e no Reino Unido (dois dos países mais afetados pela crise) e de recuo de 2,3% no Japão. Já para Índia e China, a perspectiva é de crescimento de 2,2% e 7,1%, respectivamente. Para o consumo global, a previsão da Tetra Pak é de um crescimento a taxa anual acumulada de 2,2% entre
2009 e 2012, conforme estimativas realizadas no início deste ano.
POTENCIAL DO BRASIL COMO EXPORTADOR
O Brasil é o maior exportador mundial de carne bovina, carne de frango, café, açúcar, suco de laranja e tabaco, segundo maior exportador de soja e farelo de soja e o quarto maior exportador de suínos. Portanto, além da vocação para a produção de commodities, o país é competitivo para exportar tais produtos. "O fato de o Brasil possuir diversas cadeias completas traz grande competitividade também à cadeia do leite, uma vez que a produção pode valer-se de distintos insumos/subprodutos disponíveis a custos também competitivos", explica Rodrigo Alvim.
Somando-se a isso a disponibilidade de terras de pastagens, o potencial para aumento de produtividade, os diferentes e flexíveis sistemas de produção, o futuro do Brasil como grande exportador de leite está, de certa forma, próximo. "Fica claro que o leite brasileiro reúne todas as condições para ter, num futuro próximo, maior importância no mercado global, sem deixar de satisfazer as necessidades dos brasileiros por este alimento imprescindível para todas as idades", completa.
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