Estação Quarentenária de Cananéia dobra capacidade para receber suínos

Publicado em 04/11/2021 16:27
Uma das principais finalidades da EQC é proteger o plantel nacional e, por consequência, a saúde do consumidor final

A entrega de duas novas unidades de quarentena de suínos em Cananéia (SP), nesta quinta-feira (4), vai dobrar a capacidade de recepção de animais que chegam ao Brasil. Até então, a Estação Quarentenária de Cananéia (EQC) conseguia monitorar 11 lotes de suínos por ano e, a partir de agora, poderá receber 22 lotes no mesmo período. As duas unidades que já existiam tinham capacidade para 500 animais cada uma. Com a expansão, cada uma das novas unidades pode receber 400 suínos.

A EQC é vinculada ao Departamento de Saúde Animal, da Secretaria de Defesa Agropecuária (SDA), do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). Cabe a essa secretaria a prevenção e o combate de doenças de animais que possam ameaçar a preservação do patrimônio pecuário nacional.

No evento de inauguração das duas novas unidades, realizado nesta quinta-feira (4), o secretário de Defesa Agropecuária do Mapa, José Guilherme Leal, agradeceu a disposição do setor privado na conclusão da obra e destacou o importante papel da suinocultura na segurança alimentar da população brasileira, na geração de empregos e na geração de divisas para o país.

“Todo o desenvolvimento e o crescimento da suinocultura brasileira acaba passando por aqui. Estamos falando da garantia de poder continuar avançando na questão da genética com a proteção necessária para a sanidade”, disse o secretário.

A ampliação foi viabilizada por meio de uma parceria público-privada. O acordo de cooperação técnica que permitiu as obras foi celebrado em 2020, com o objetivo de manter a suinocultura brasileira geneticamente atualizada e, ao mesmo tempo, preservar o alto status sanitário do rebanho nacional.

Investimentos na faixa de R$ 10 milhões foram realizados pela Abegs (Associação Brasileira das Empresas de Genética de Suínos) e ABCS (Associação Brasileira de Criadores de Suínos). Além da expansão, o aporte permitiu executar obras de melhoria da estação de tratamento de efluentes, da rede de abastecimento de água e do processo de compostagem e destinação de carcaça.

O evento também contou com a presença do presidente da Associação Brasileira de Empresas de Genética de Suínos (Abegs), Alexandre Furtado Rosa, presidente da Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS), Marcelo Lopes, do prefeito de Cananéia, Robson da Silva Leonel, e da superintendente de Agricultura de São Paulo, Andréa Moura.

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Quarentena

Os suínos, provenientes dos Estados Unidos, Canadá, Dinamarca, França e Noruega, passam pelo menos 30 dias na quarentena. “Se detectamos algum problema no lote, a presença de algum agente de doença infectocontagiosa que o Brasil controla ou que nunca tenha registrado, a gente detém esse lote para investigação. Confirmado o risco, o lote é sacrificado. Com isso, evitamos que animais doentes ingressem no território nacional e protegemos o plantel brasileiro”, explica o chefe da EQC, Mateus Carvalho Silva Araújo.  

Os animais chegam no aeroporto de Viracopos e, de Campinas, seguem em caminhões até Cananéia. Desde que a primeira unidade de quarentena de suínos importados começou a operar, em 2014, apenas um lote apresentou problemas. Foi em 2020, quando animais observados apresentaram síndrome respiratória e reprodutiva e o ingresso no país foi impedido. Já os suínos saudáveis são destinados a quase todas as regiões brasileiras.

A EQC não recebe apenas suínos destinados à reprodução. No local há também uma unidade de aves ornamentais com finalidade comercial ou de reprodução. Elas permanecem 21 dias em quarentena e são testadas para influenza aviária e doença de Newcastle, duas patologias causadas por vírus. Só depois de comprovada a sanidade, as aves são liberadas para os criadores que as importaram.

História

Nem sempre a estação quarentenária teve esse foco na importação. Quando foi concebida, em 1971, a ideia era realizar a quarentena de exportação. Segundo Mateus, o Brasil previa, na época, exportar grande volume de bovinos vivos, especialmente para a América Latina. A dificuldade de se tornar área de livre de aftosa, no entanto, inviabilizou esses planos.

O chefe da EQC conta que, mesmo assim, a estação serviu para atividades de pesquisa e para o desenvolvimento de produtos até hoje considerados relevantes para a agropecuária. Na década de 1990, o espaço passou por um período de declínio. “Mas em 2006 houve uma reestruturação e a EQC passou a ser usada para quarentena de importações, para treinamentos e para pesquisas na área de Defesa Sanitária Animal,” afirmou.

A seleção das espécies animais que vão passar pela estação depende do tipo de mercadoria a ser importada, da situação sanitária do país de origem em relação aos perigos identificados, do destino e da finalidade do objeto da importação e das medidas gerais e específicas de gestão do risco, adotadas ainda no país de origem e após a sua chegada ao país. Nos últimos anos, já passaram por quarentena na EQC avestruzes, embriões de bovinos e alpacas. “Hoje estamos com um fluxo de suínos que nunca tivemos. Isso mostra a importância econômica desses animais para o Brasil”, disse Mateus.

Atuam na EQC 42 trabalhadores, sendo seis servidores do Mapa. A maioria do quadro é terceirizada.

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Fonte:
MAPA

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