Produtores de proteína animal terão de se adaptar e participar das vendas futuras de grãos
As vendas futuras de grãos em grandes volumes é uma mudança estrutural e que deve se fixar no mercado brasileiro, conforme disse o superintendente do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), Daniel Latorraca, em entrevista ao Notícias Agrícolas. Segundo ele, só no Mato Grosso, 82% da safra de milho 2019/20 já está comercializada, e o comprador interno precisa começar a se antecipar nas aquisições.
Segundo o presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Francisco Turra, por enquanto setor de granjeiros não teve problema com volumes para alimentar os animais, nem de soja ou de milho, e ressalta que o órgão não se posiciona contra as exportações dos grãos.
"Importante dizer que uma política que a ABPA já possui é a de estimular as empresas a fazer contratos futuros, principalmente milho, para garantir a continuidade para o produtor", disse
Entretanto, Turra ressalta que "é o próprio Governo Federal que tem que vislumbrar formas de garantir a viabilidade dos agentes transformadores, agregadores de valor ".
Quem concorda é o presidente da Cooperativa Agroindustrial Coopavel, Dilvo Grolli, que explica que a dificuldade em conseguir o alimento para os animais ficarão com as empresas que não são ligadas aos produtores, já que as cooperativas possuem origem de produto e já se encontram inseridas neste novo panorama de compras futuras.
"A saída para esse caso é todos participarem mais ativamente do mercado futuro, como, por exemplo, as empresas ligadas à proteina animal que não têm armazém para atender o produtor rural, mas tem os produtores ligados à cooperativas, cerealistas, e produtores que têm armazem na propriedade. Essas empresas devem participar dessa compra futura".
Grolli afirma que hoje muitas empresas esperam chegar o dia em que precisa do milho e da soja para comprar, e nesse momento em que os negócios futuros estão se firmando, é importante que elas se programem e façam as contas de quanto precisarão de milho e soja já no primeiro semestre de 2021 e já façam negócio.
"Assim, as tradings não ficam sozinhas no mercado. Só vai faltar insumo se as empresas não participarem do mercado, porque as tradings compram e levam para o exterior. Se esse novo modelo se consolidar, as empresas vão ter que se adequar", diz Grolli.
Bartolomeu Braz, presidente da Aprosoja Brasil, afirma que a instituição já vem alertando há tempos os usuários destes insumos para produção de preoteína animal no país. Para ele, o mercado de grãos tem ficado cada vez mais dinâmico, com os produtores tendo aproveitado os bons momentos para vender soja e milho.
"O produtor de proteína animal, infelizmente, não tem armazém, mas tem que buscar se organizar, buscar cooperativas. Se deixa para comprar no final, acaba ficando caro. Ele tem que se programar, porque o mercado é muito dinâmico".
Segundo ele, entre 50% a 60% dos grãossão vendidos antecipadamente, inclusive para plantar, e o restante é negociado conforme conforme o mercado se desenha.
"É nessa parte que o mercado interno tem que entrar, não pode esperar a sobra, porque pode acontecer tanto fatores climáticos como cambiais que afetam o preço. O produtor de proteína animal tem que entrar no mercado fazendo escalonamento de compras, dividindo de acordo com o que tem no histórico de vendas. Não pode ser nem comprar tudo de uma vez como da mão para a boca".
PRODUÇÃO INDEPENDENTE
Para Bartolomeu Braz, presidente da Aprosoja, com este cenário de venda de grandes volumes de grãos vai deixar os produtores de aves e suínos ainda mais à deriva.
Conforme explica Dilvo Grolli, presidente da Coopavel, no Brasil, mais de 90% dos granjeiros são integrados à cooperativas ou empresas. Os 10% de independentes, segundo ele, se houver caixa e potencial, devem participar do mercado futuro.
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