A atual visão do consumidor brasileiro sobre a carne suína
A pesquisa “Carne Suína: a atual visão do consumidor”, apresentada no evento de lançamento da Semana Nacional da Carne Suína (SNCS), em setembro, na cidade de São Paulo, exibiu dados inéditos sobre a cadeia suinícola brasileira, a partir de entrevistas, entre fevereiro e agosto de 2019, com 1.300 consumidores, profissionais de saúde e varejistas de 26 estados, mais o Distrito Federal. A Assuvap participou do evento e teve acesso ao conteúdo completo da pesquisa, elaborada pelo especialista Francisco Rojo, diretor da Rojo Marketing de Alimentos, sob coordenação da ABCS e com apoio do Sebrae e do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Suinocultura (FNDS).
Abaixo, compilamos as principais informações deste estudo e repassamos, ao suinocultor, os dados que nos permitem compreender a evolução da proteína ao longo dos anos, apontando as tendências, os desafios e as oportunidades que estão por vir. E entre as informações que merecem destaque, está a melhora na imagem da proteína por parte da população. Segundo Rojo, a carne suína vem sendo cada vez mais recomendada pelos profissionais da saúde como parte de uma dieta saudável; somado a isso, a qualidade e os preços competitivos resultam no aumento de 15,9% no consumo em 2018, alcançando os atuais 14,2 Kg per capita/ano.
Imagem da carne suína (Visão do consumidor)
A pesquisa constatou que “é muito evidente”, em todos os grupos estudados (brasileiros entre 16 e 75 anos), a percepção de melhoria da imagem da carne suína, por ser considerada “saudável” e “recomendada por nutricionistas”, “mais barata e prática”, “saborosa”, “menos gordurosa” e por ser, também, “carne branca”.
Todos os segmentos pesquisados demonstram a preocupação com a alimentação saudável, e a carne suína também tem melhorado a sua imagem neste quesito, em partes, devido a disseminação de informações por meio da mídia, publicações especializadas e recomendações de profissionais de saúde.
Por outro lado, segundo o estudo, ainda persistem, principalmente nos segmentos com mais idade, em proporções muito pequenas, declarações que remetem a alguns mitos que envolvem a carne suína, como a presença do “bichinho que dá no cérebro” [cisticercose], embora seja, comprovadamente, afirmação equivocada.
O estudo identificou que a busca e a importância de uma alimentação mais saudável está presente em todos os segmentos pesquisados, prevalecendo o conceito do equilíbrio entre os alimentos. Neste ponto, a carne suína é recomendada de forma crescente por profissionais de saúde como uma opção que pode compor as refeições mais saudáveis, devido sua variedade de cortes que são leves e saudáveis, com boas formas de preparo e o processo produtivo controlado e de qualidade. Por outro lado, os mesmos profissionais alertam seus clientes sobre os cortes que possuem muita gordura e, portanto, devem ser consumidos com moderação.
Conforme o estudo, a carne suína foi a única proteína que apresentou relevante crescimento na indicação dos profissionais de saúde ao longo dos últimos anos.
Cresce o consumo de carne suína no Brasil
O consumo de carne suína vem crescendo ao longo dos anos e sua presença na mesa das famílias está cada vez mais frequente. De acordo com a pesquisa, 76% dos entrevistados consomem a proteína e a cada 7,5 dias a colocam na mesa. Outra grande conquista do setor é o crescimento em 30% do hábito de consumo, se comparado a 2015.
O próximo infográfico ilustra claramente esta maior frequência de consumo de carne suína. Hoje, os entrevistados optam por consumir a proteína toda semana, enquanto em 2008, o faziam apenas três vezes ao mês. É possível perceber, no entanto, que a carne suína tem, ainda, grande oportunidade de ampliar estes números nos próximos anos, principalmente quando comparamos com as carnes bovinas e de aves.
Influência nas escolhas
Segundo o especialista, alguns pontos foram cruciais para a crescente do segmento, sendo o principal, a saudabilidade. Mas o consumidor define outros atributos que influenciam na decisão de compra da carne suína, como a boa relação benefício/custo.
A pesquisa revelou uma diferença em relação aos locais de compras de carne suína. Em comparativo com estudos anteriores, há um notório movimento de crescimento dos açougues e casas especializadas e uma redução dos supermercados, no entanto, os supermercados ainda são a preferência da maioria dos entrevistados.
Desafios e oportunidades
Com base nos dados levantados, a pesquisa ilustra a transformação da realidade da carne suína nos últimos 25 anos e reforça que, atualmente, a proteína é tecnicamente saudável, possui cortes com baixos níveis de gordura e colesterol e não há mais o risco da cisticercose, quando produzida dentro dos atuais padrões e controles de qualidade. Mais que isso, o estudo conclui que a mudança de comportamento do consumidor é resultado dos avanços conquistados pelo setor, nos últimos anos, na constante busca pela conveniência e praticidade em todos os âmbitos da produção. A indústria passa a desenvolver alternativas para oferecer maior variedade de cortes e similaridade com as opções da carne bovina, ao mesmo tempo em que os trabalhos de marketing realizados pelas associações do setor influenciam profissionais de saúde e a cadeia de distribuição.
No entanto, o estudo conclui que o conhecimento e imagem da carne suína ainda não está suficientemente disseminado em todos os segmentos (profissionais de saúde, varejo e, principalmente, consumidores), ou seja, precisa-se de maior esforço para mudar o hábito da população em relação à carne suína. Mas, de forma geral, o estudo avalia que a percepção é positiva: “Nas pesquisas com consumidores, que foram objeto de maior aprofundamento, percebe-se claramente que as informações sobre a carne suína estão presentes em todos os segmentos”.
Ao final, a pesquisa de Rojo conclui que a mudança está em andamento, mas é preciso tempo para a consequente mudança de hábito. “É bastante evidente que temos um produto com padrões de qualidade internacionalmente aceitos, no entanto, a realidade da carne suína, já reconhecida pelos formadores de opinião, ainda precisa de um esforço mercadológico maior e mais intenso para efetivamente trazer todos os segmentos da sociedade ao mesmo nível”.
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