Importações chinesas de carne de frango: distribuição entre Brasil e EUA
Conforme o noticiário internacional, na semana passada EUA e China concluíram o que vinha sendo considerado a Fase 1 dos entendimentos comerciais entre os dois países. E o que mais se ressaltou na ocasião foi a disposição da China em comprar dos EUA mais que o dobro do importado em 2017 - o que, em termos de produtos agropecuários, significa gastar no mercado norte-americano algo não inferior a US$50 bilhões.
Lembrando que há poucas semanas a China reabriu as portas à carne de frango dos EUA, cabe perguntar até que ponto esse novo acordo pode interferir nas exportações brasileiras do produto. Neste caso, o ponto de partida para uma avaliação do gênero é efetuar uma retrospectiva das importações, pela China, da carne de frango proveniente dos EUA e do Brasil.
O primeiro gráfico abaixo sintetiza as exportações dos dois países diretamente para a China entre 2000 e 2018. Ele mostra, em relação aos EUA, que exceto breve período de elevação no quadriênio 2006/2009, as exportações de carne de frango para a China se mantiveram na faixa das 100 mil toneladas anuais. Isto até 2014. Pois, com a eclosão de surto de Influenza Aviária em território norte-americano, o governo chinês suspendeu as importações de todos os produtos avícolas dos EUA. Em 2017, por exemplo, o volume destinado à China, segundo o USDA, foi de 154 libras. Ou seja: não chegou a 70 kg.
Quanto ao Brasil, suas exportações para a China foram incipientes até 2009. Ultrapassam a marca das 100 mil toneladas em 2010 e quase dobram no ano seguinte, mantendo-se relativamente estáveis nos três anos subsequentes. O impulso definitivo vem com o embargo ao frango norte-americano, a partir de 2015. Em 2017 (ano-base das conversações entre China e EUA), o volume destinado pelo Brasil à China sofreu ligeiro recuo (efeito da Operação Carne Fraca?), mas voltou a crescer no ano seguinte e, neste ano, até novembro, já supera o recorde de 2016, chegando às 513 mil toneladas.
Porém, não faz muito sentido levar em conta somente as importações efetuadas diretamente pela China, ignorando o que chega ao mercado chinês através de Hong Kong. O segundo gráfico abaixo soma, para idêntico período, os volumes dos dois importadores. E – para sintetizar – o que se vê é o crescimento praticamente contínuo das exportações brasileiras, enquanto as norte-americanas sofrem significativo recuo a partir de 2010, ou seja, bem antes do episódio de Influenza Aviária nos EUA e do recente entrevero comercial em que se envolveram os governos de Trump e Xi Jinping.
Em outras palavras, a atuação do Brasil como principal fornecedor de carne de frango para o mercado chinês parece estar bem consolidada. O que não significa que se deva dormir sobre louros. Afinal, as importações somadas de China e Hong Kong vêm representando, em volume, quase um quinto do que exportamos. Ou seja: precisam ser acompanhadas com o máximo carinho e atenção. Diuturnamente.
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