Maior demanda pelo produto extra sustenta cotações do mercado de feijão; Safras estima menor área para o carioca
Um volume razoável de oferta no mercado brasileiro de feijão carioca foi observado durante a semana, com a presença de compradores dentro da expectativa e manutenção dos preços na Bolsa. Cerca de 30 mil sacas foram ofertadas, com aproximadamente 10 mil comercializadas.
Segundo o analista e consultor de Safras & Mercado, Evandro Oliveira, o mercado ficou firme para os padrões extra de escurecimento lento, especialmente para aqueles com classificação de cor 8,5 ou superior, enquanto permaneceu estável para os demais. Os preços dos feijões comerciais permaneceram estáveis, enquanto as pequenas variações nos preços dos tipos extra refletiram a qualidade do grão.
“A escassez de grão extra de qualidade superior contribuiu para a fraca movimentação, mantendo os preços nominais. Destacou-se a demanda por variedades superiores, especialmente aquelas com classificação de cor 8,5, negociadas entre R$ 280,00 e R$ 315,00 por saca”, afirmou.
Menor área para o feijão carioca
A projeção de área para a segunda safra do feijão classe cores, englobando o grão carioca, é de 324,8 mil hectares, uma queda de 8,6% em relação ao ano anterior. Por consequência, a produção deve cair, ficando em 515,9 mil toneladas, uma queda de 8,74% em comparação com a safra anterior. A produtividade média também teve uma leve redução, passando para 1.588 quilos por hectare.
Conforme o analista, essa diminuição é atribuída à menor atratividade dos preços do feijão carioca em comparação com o feijão preto, que alcançou valores recordes perto do início das decisões de plantio para esta temporada 2023/24, e à preferência dos produtores por outras culturas mais rentáveis, como soja e milho.
Feijão preto
Segundo Oliveira, o feijão preto permaneceu pouco movimentado, trabalhando com um volume modesto de amostras na Bolsa. Cerca de 2 mil sacas foram disponibilizadas, porém poucos lotes foram efetivamente negociados na bolsa durante a semana.
Durante a semana, a variedade apresentou estabilidade, com pedidas entre R$ 240,00 e R$ 260,00 por saca para os feijões nacionais. Embora poucos negócios tenham sido fechados na Bolsa do Brás, os corretores continuaram abastecendo o mercado, inclusive por meio de negócios via embarque. Quanto à segunda safra, as lavouras estão em diferentes estágios de desenvolvimento, com condições climáticas favoráveis, embora a previsão de temperaturas frias possa retardar o ciclo e aumentar o risco de doenças, como a antracnose.
“Apesar do volume mais restrito de amostras durante as madrugadas, o mercado permaneceu bem abastecido, tanto para o disponível quanto para embarque. Com o baixo interesse nas aquisições, o avanço da colheita no Paraná e o volume previsto de produção, o viés dos preços segue sendo de baixa”, explicou o analista.
Na região de Lagoa Vermelha, no Rio Grande do Sul, as indicações variam entre R$ 180,00 e R$ 220,00 por saca. As ofertas de feijão preto importado estão cotadas em média a R$ 280,00 por saca. Embora as vendas tenham se mantido estáveis, alguns corretores especulam sobre possíveis flutuações na demanda ao longo do mês, o que poderia afetar os preços. Com a falta de transações para guiar os valores, o mercado aguarda o pós-pregão para determinar o rumo que a variedade pode tomar na próxima semana.
De acordo com o analista, a cadeia produtiva antecipa um aumento nas ofertas de feijão preto, o que pode trazer estabilidade ao mercado até que essas ofertas em maior volume e padrão cheguem. Os estados da região Sul do país têm enfrentado irregularidades climáticas nesta temporada, o que pode impactar a produção e a oferta do grão.
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