Preços menores: Feijão no atacado do PR já caiu quase que pela metade com expansão de área do grão sobre milho 2ª safra
A área da segunda safra de feijão, a principal no Paraná, deve totalizar quase 400 mil hectares neste ciclo 2023/24, segundo a última estimativa do Departamento de Economia Rural (Deral) do estado em março. O número é 13% superior ao que se projetava em fevereiro (348 mil ha) e supera em 33% a área semeada no mesmo período do ano anterior (295 mil ha), estabelecendo um novo recorde no estado.
"Este aumento consolida ainda mais a preferência do plantio no verão em detrimento do plantio na primavera, quando agronomicamente a planta teria condições de responder melhor, mas acaba preterida pela soja", afirma Carlos Hugo Winckler Godinho, engenheiro agrônomo do Deral.
A produção no estado é esperada em 777,20 mil toneladas, com alta de 62% ante 2022/23. O Paraná planta praticamente metade da safra de feijão preto e a outra do tipo carioca. Com a colheita já em andamento, a produtividade é estimada em 1.986 kg/ha. "Agora, o feijão está no campo, as colheitas estão começando e nas próximas semanas vamos ter muito feijão", afirma Vlamir Brandalizze, analista da Brandalizze Consulting.
Diante desse cenário, o preço do produto no atacado já tem recuado nos últimos meses nas praças brasileiras, caindo quase que pela metade ante o pico de quase R$ 400 por saca de 60 kg neste ano para alguns tipos. "A cotação do milho está baixa nesta safra e os produtores optaram por outros cultivos e o feijão foi uma aposta. Com isso, vemos o preço se acomodando", afirma o analista de mercado.
A queda do preço do feijão, segundo o analista, se intensificou neste início de abril com a abertura dos trabalhos de colheita no estado, além de uma demanda reprimida por um dos produtos mais consumidos na mesa dos brasileiros. Nesta quinta-feira (04), o preço do feijão no atacado, média PR, atingiu R$ 205,80 por saca para o tipo carioca 1 e o feijão preto tipo 1 chegou a R$ 204,47 por saca.
"Em março, foram registradas negociações perto de R$ 400 a saca ou até acima disso para feijão nobre em áreas do estado do Paraná e agora as cotações estão entre R$ 180 a 230 por saca. Essa é uma faixa média", explica Brandalizze.
O presidente do Instituto Brasileiro do Feijão e Pulses (IBRAFE), Marcelo Lüders, explica que os preços têm recuado antes mesmo de entrar maior mercadoria com a expectativa de maior produção, mas também com dados da safra do estado de Minas Gerais. "Tivemos problemas de qualidade naquele estado com a variedade carioca. Já no Paraná, os volumes na semana que vem vão aumentar, mas não dá pra esperar grandes baixas nos preços pois os preços já estão nivelados com o custo daqueles produtores", detalha o especialista.
Para Lüders, o tipo carioca deve se manter em cerca de R$ 200 por saca, em média, nesta safra 2023/24. Já o preto, por sua vez, que tende a ter parcela de produção de até 70% no mix do Paraná neste ciclo, está valorizado e tem potencial de baixas mais expressivas à frente.
O Deral aponta que 92% das lavouras de feijão no estado têm boas condições, mas Brandalizze alerta para atenção ao cenário climático nos próximos dias. "Para se confirmar essa boa safra esperada, será importante monitorarmos as próximas 4 a 5 semanas, porque pode-se perder parte da produtividade na qualidade. O ideal é não chover", destaca o analista de mercado sobre o avanço da colheita.
"Alguns problemas em função do calor excessivo foram registrados nas regiões mais quentes, como Oeste e Norte, porém a grande concentração das lavouras no Sul e Sudoeste faz com que temperaturas acima da média possam ser benéficas, desde que a pluviometria colabore. Caso as condições climáticas continuem ajudando, a produção de feijão na segunda safra do Paraná pode chegar a 777 mil toneladas, ainda que existam muitos riscos até a confirmação desta produção", complementa o Deral.
A realidade do maior plantador de feijão do país é vista também em outras áreas de produção, inclusive na mesma realidade de ampliação sobre milho safrinha. Dados do último levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), de março, apontam que a área de feijão 2ª safra no Brasil terá um salto de mais de 5%, para 1,40 milhão de hectares em 2023/24 e uma produção de 1,34 milhão de toneladas (+5,2%).
Considerando todas as safras do país, a produção em 2023/24 pode atingir, segundo a companhia, 3,03 milhões de toneladas, um salto de 0,3% ante o ciclo anterior, em uma área quase 4% maior, de 2,80 milhões de hectares.
PORTAS ABERTAS PARA EXPORTAÇÃO
A maior produção de feijão nesta safra brasileira deve abrir espaço para mais exportações pelo país, principalmente do tipo preto. O IBRAFE já realizou missão para o México para expandir a entrada no país e planeja ações de abertura de mercado na China e Índia. "O México, ao perceber que o Brasil e a Argentina colheriam mais nesta safra, se retiraram do mercado. Com isso, vamos ter a oportunidade de exportar algum volume para esse país com preços ao redor de R$ 200 por saca", explica Lüders.
0 comentário
Arroz/Cepea: Preços são os menores em seis meses
Arroz de terras altas se torna opção atrativa de 2ª safra entre produtores do norte de Mato Grosso
Ibrafe: Feijão-carioca por um fio
Arroz de terras altas se torna opção atrativa de 2ª safra entre produtores do norte de Mato Grosso
Com mercado aquecido, empresa brasileira exporta mais 500 toneladas de feijões especiais
Ibrafe: Brasil bate novo recorde em exportação de excedentes de Feijão