Câmara Setorial debate rastreabilidade de mercado de feijão e pulses

Publicado em 22/03/2022 09:32
Alcido Wander, pesquisador da área de socioeconomia da Embrapa Arroz e Feijão destacou a demanda por investimento para financiar o projeto ‘Percepção e prospecção do desempenho das cadeias produtivas do arroz e do feijão no Brasil"

Os representantes da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva do Feijão e Pulses realizaram no dia 17 /03, de forma virtual, a primeira reunião ordinária de 2022. Os participantes do encontro discutiram vários temas, tais como o panorama nacional de feijão, propostas de estudo da cadeia produtiva em nível nacional, apresentação de modelagem para criação e gestão do Fundo Nacional Inovafeijão, mercado nacional de exportação de amendoim e feijões e convite de participação ao Fórum Brasileiro do Feijão & Pulses e 1º ELAGE - Encontro Latino Americano do Amendoim e Gergelim, que acontece no início de abril, no MT.

Nas exposições realizadas, Alcido Wander, pesquisador da área de socioeconomia da Embrapa Arroz e Feijão destacou a demanda por investimento para financiar o projeto ‘Percepção e prospecção do desempenho das cadeias produtivas do arroz e do feijão no Brasil’.

De acordo com Alcido, o estudo é voltado à análise de dados setoriais e conjunturais relacionados ao segmento de feijão e poderá culminar com a elaboração de propostas para rearranjos organizacionais e institucionais, inclusive, com a proposição de readequações de programas e políticas públicas.

Essa análise será realizada numa parceria da Embrapa Arroz e Feijão e o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (CEPEA): “Nesse projeto, serão feitas consultas a bases de dados e haverá a aplicação de entrevistas e questionários junto a grupos estratégicos de profissionais.”

O orçamento total desse estudo, para a cadeia produtiva do feijão, é de 115 mil reais, sendo proposto pela Câmara Setorial a cotização deste valor em 10 cotas a serem aportadas por entidades ligadas à Câmara Setorial da Cadeia Produtiva do Feijão e Pulses.

Até o momento, seis entidades já manifestaram o interesse em aportar uma cota dos recursos necessários: “Como restam quatro cotas sem o apoio ainda, na reunião, buscou-se sensibilizar mais entidades para participarem, aportando recursos ou, alternativamente, as seis entidades que já declararam apoio ao estudo poderiam ampliar o seu aporte, de forma a totalizar os recursos necessários para a implementação do estudo”, disse Alcido. 

Em seguida, Jefferson Costa, pesquisador da área de Relações Nacionais Institucionais da Embrapa Sede, apresentou a proposta de implantação de modelagem para criação e gestão do Fundo Inovafeijão. O fundo tem foco central na promoção, inovação e prospecção do setor produtivo do feijão.

Com a atualização de dados, informações e questões socioeconômicas, e também, realização de analise territorial é possível responder com maior velocidade aos anseios do setor. A personalidade jurídica do fundo será constituída como entidade sem fins lucrativos, resultado da união voluntária entre produtores, beneficiadores, associações, empresas privadas e agentes da cadeia produtiva.

“Se 10% do setor aderir ao fundo, alocando uma taxa de investimento de 0,05% do valor total da produção teríamos, em um ano, aproximadamente um milhão de reais. Ou seja, por exemplo: para cada 100,00 reais da produção se destinaria 0,5 centavos ao fundo. Isto, só com o setor primário, geraria um valor estimado na ordem de 11,16 milhões em função destes investimentos”.

A gestão do fundo, seria realizada pelo conselho deliberativo, reunido um conselho fiscal, administrativo e, conselho tecnológico. A ação será, ainda, discutida e avaliada na Câmara Setorial de Feijão e Pulses para posterior realização.

Ainda sobre feijão, desta vez foi destacado o panorama nacional de exportação do feijão. O presidente do Instituto Brasileiro do Feijão, Marcelo Luders, falou sobre o cenário de feijões exportáveis do Brasil.

Em 2020, o volume recorde de exportações do feijão foi de 177 mil/ton; o crescimento do feijão se iniciou em 2010 com 4 mil/ton e, em 2021, chegou a 224 mil ton, representando uma renda de 212 milhões de dólares. “Neste ano, mesmo sendo um ano de dificuldades, o volume de feijões exportáveis têm aumentado. O motivo, é que temos variedades de feijões que se refletem em um cenário favorável a novos mercados; a prontidão dos ativos agrícolas nacional tem contribuído muito mais do que prevíamos entregar”, esclareceu Luders.

Outro fator, também no momento atual, e mais favorável às exportações se refere ao cenário de guerra que tem aumentando a demanda por exportações de frutas e pulses, dois produtos que têm sido requisitados por mais de 23 países. Por outro lado, a necessidade de organização das culturas locais vem chegando muito rapidamente no campo, principalmente nos aspectos relacionados à sanidade de feijões.

Cadeia do Amendoim

Em sua apresentação , o consultor José Luís Morelli Bariani apresentou um panorama da cadeia do amendoim e as prioridades do setor na produção e exportação desta leguminosa.

Seu consumo tem sofrido bastante devido à falta de sementes certificadas, exigindo uma mudança de comportamento dentro do setor. Em 2015, 20% da produção vinham de sementes certificadas e, em 2021, esse número subiu para 50% da produção, demonstrando que as empresas estão entendendo esta necessidade da certificação.

A exigência dos países compradores de amendoim quanto a certificação, principalmente da União Europeia tem aumentado, além do bloco passar também a rejeitar o uso excessivo de produtos químicos no processo da produção.

“Apesar do setor ter gerado exportação na ordem de 346 milhões de dólares e, hoje, exportarmos amendoins para diversos países, a questão dos resíduos e a certificação do produto têm se tornado o nosso principal problema; somados aos 49% da produção que eram destinados à Rússia e Ucrânia, toda essa situação tem prejudicado esta mesma exportação. Desta maneira, a orientação passa a ser para as empresas que exportam para a União Europeia, precisam ter como base a certificação em segurança de alimentos”.

Encerrando o evento foi anunciado o convite para a participação dos presentes ao 8º Fórum do Feijão e Pulses, e 1º Encontro Latino-Americano de Amendoim e Gergelim, evento que acontece em Cuiabá (MT), em abril. Esse Fórum do Feijão e Pulses é considerado o maior espaço de debate de feijões e pulses da América Latina e tem foco em discussão no mercado nacional e internacional.

 A Câmara Setorial do Feijão e Pulses é um fórum permanente de discussão criado pelo Ministério da Agricultura, sendo composta por diferentes entidades representativas de produtores, empresários, instituições bancárias e de outros parceiros no setor, além de representantes de órgãos públicos e de técnicos governamentais. 

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Fonte:
Embrapa Arroz e Feijão

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