Mercado de Grãos: Próxima semana será marcada por clima nos EUA, relação entre modelos climáticos e novo USDA
A semana foi completa e intensamente volátil para o mercado de grãos. Embora as notícias e os vetores geopolíticos e macroeconômicos tenham garantido boas manchetes, o atual momento também tem muitos olhos voltados para o clima no Meio-Oeste americano, já que está definindo a safra 2022/23 dos EUA. Agosto costuma ser o mês decisivo para a soja, enquanto julho é para o milho. Assim, o weather market está em plena atividade e não deixa por menos quando se observa todo o sobe desce para amba as culturas na Bolsa de Chicago.
O que deixou o mercado ainda mais nervoso nestes últimos dias quando o assunto era o clima no Corn Belt foi a divergência entre os modelos climáticos europeu e americano. Embora esta já seja quase que uma tradição dos negócios nesta épóca do ano, preocupam e dão espaço para ainda mais especulação.
"Estamos sofrendo uma grande divergência entre os principais modelos meteorológicos. O americano - GFS - se mostra um pouco mais seco do que o europeu, concentrando um corredor de umidade no lado leste de todo os EUA, que pega parte de Illinois, Indiana, Ohio e Michigan, os quatro principais estados produtores do leste dos EUA", explica Matheus Pereira, diretor da Pátria Agronegócios.
No modelo europeu, a principal diferença é a previsão destas "chuvas periféricas" chegando a mais locais, em especial a oeste dos EUA, como Iowa, parte das Dakotas, Minnesota, Wisconsin. Ou seja, "o modelo europeu se mostra muito mais úmido do que o americano", complementa o executivo.
Entretanto, Pereira explica também que embora, historicamente, o modelo europeu se mostre mais assertivo, ele é "menos acessado pelo mercado", buscando mais facilmente o americano, que é um modelo "público" e se mostra, realmente, mais acessível. "O europeu é um modelo pago e, portanto, menos acessado pelos bastidores do mercado".
O diretor geral do Grupo Labhoro, Ginaldo Sousa, compartilha da análise.
"Os players estão atentos aos modelos GFS e Europeu que estão em desacordo durante toda esta semana! O modelo GFS indica clima seco para toda a região central americana, entretanto, o modelo Europeu prevê chuvas no noroeste e leste da Dakota do Sul, oeste do Nebraska, noroeste do Kansas, Minnesota, Iowa, sudeste do Missouri, leste do Arkansas. As previsões para o Corn Belt também têm previsões divergentes", diz.
E na imagem abaixo, apurada pelo Grupo Labhoro, é possível ver a diferença entre os dois modelos.
O mercado também acompanha muito de perto os dados do Drought Monitor - ou Monitor da Seca - e o mapa atualizado nesta quinta-feira (4) mostra que ainda há áreas de proudção, concentradas para a oeste do país, sofrendo com algum nível de seca, como é o caso de partes de Iowa, de Minnesota, Dakotas, Missouri, Nebraska.
"A área de soja nos EUA que vivencia seca aumentou a cada relatório do Monitor da Seca", afirmou o engenheiro agrônomo e originador de grãos na Agro Club, Guilherme Amaral. O especialista detalhou os dados na tabela abaixo onde é possível observar a evolução desde o dia 14 de junho, "quando os americanos já estavam com 88% da área destinada a oleaginosa semeada", complementa.
Amaral ainda compartilhou com o Notícias Agrícolas um gráfico em que se observa, em um intervalo mais longo, a evolução do percentual de área que passar por alguma condição de seca no Corn Belt.
Assim, com a divergência nos modelos, o drought monitor apontando pontos de preocupação e o momento sendo decisivo para as lavouras, o monitoramento será ainda mais necessário. De acordo com o consultor de mercado Vlamir Brandalizze, da Brandalizze Consulting, o potencial produtivo norte-americano já foi comprometido, pode continuar sendo caso o padrão climático se mantenha adverso e os reflexos já poderiam ser sentidos nos próximos boletins do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos).
Na segunda-feira (8) chega o novo reporte semanal de acompanhamento de safras, com as condições dos campos, e na sexta-feira (12), o departamento traz seu novo relatório mensal de oferta e demanda, para o qual as expectativas do mercado já apontam uma possível diminuição em suas projeções de produtividade.
A próxima semana será, sem dúvida, agitada, complexa e quem sabe de oportunidades. Planejamento comercial em dia e montioramento!
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