Corn Belt deve ter chuvas abaixo da média e calor intenso até o início de julho, mostram previsões
Assim como mostravam as previsões e os mapas climáticos, o final de semana foi de tempo quente e seco na maior parte das regiões produtoras de grãos dos Estados Unidos. Segundo apuração do Grupo Labhoro, apenas algumas leves precipitações foram registradas no sudeste americano na última sexta-feira (17).
De acordo com o instituto meteorólogico norte-americano WeatherTrends 360, a segunda semana cheia de junho, que terminou no dia 18, foi a segunda mais quente e a nona mais seca em mais de 30 anos para o Corn Belt.
Embora o cenário traga alguns sinais de alerta, por ser o início do desenvolvimento das lavouras norte-americanas não é tão preocupante ainda. Todavia, ainda de acordo com os especialistas, caso este padrão continue, as complicações, principalmente para o milho, podem se agravar rapidamente.
"Infelizmente, espera-se que um padrão quente e seco continue até o final de junho para o Cinturão do Milho. A terceira semana completa de junho, que termina no dia 25, está prevista para ser uma das mais quentes e secas de junho também em mais de três décadas", afirma o WeatherTrends 360.
O calor intenso aliado à falta de precipitações faz com que os índices de umidade do solo sejam rapidamente reduzidos, intensificando as condições para uma seca mais severa nas áreas em questão, preocupando sobre como um quadro como este impacta na definição de produtividade da safra norte-americana.
"E esta ameaça se torna mais latente na medida em que nos aproximamos do verão e as lavouras entram em uma fase mais crítica de desenvolvimento", complementam os meteorologistas americanos. O verão nos Estados Unidos começa nesta terça-feira, 21 de junho.
O mercado internacional de grãos, portanto, busca entender como as condições se darão nos próximos dias, uma vez que a nova safra norte-americana é esperada com muita ansiedade para, ao menos, começar a equilibrar as relações de oferta e demanda de milho e soja, e qualquer "escorregão" da nova temporada pode ter impacto severo sobre o andamento das cotações.
"As condições das lavouras do milho e soja estão acima do ano passado, mas podem começar a cair no visual. Mapas de longo prazo continuam mostrando julho e agosto mais quente e mais seco. O La Niña vai dar trabalho novamente esse ano: Muito calor para os EUA entre julho e agosto", explica o analista de mercado Eduardo Vanin, da Agrinvest Commodities.
Na sequência, os mapas do NOAA - o serviço oficial de clima dos EUA - mostram condições de temperaturas bem acima da média para o período entre os dias 25 e 29 de junho, na primeira imagem, e chuvas abaixo da média para o mesmo intervalo, na segunda imagem.
Os mapas um pouco mais alongados, para o período de 27 de junho a 3 de julho sinalizam que para o início do próximo mês condições semelhantes ainda são esperadas.
Imagens trazidas pela especialista internacional em commodities agrícolas Karen Braun mostram as condições das lavouras de soja e milho em algumas regiões importantes de produção e, assim como se deu no ano passado, as Dakotas ainda são um destaque negativo. As condições de seca no estado têm sido um problema desde a safra 2021/22 e continuam nesta temporada.
Além da falta de chuvas, na noite passada, alguns campos da Dakota do Norte foram atingidos por granizo. Mais do que isso, Karen destaca ainda o desenvolvimento das plantas no estado, o que também compromete seu rendimento.
"O vento extremo também não ajuda. O campo de milho estava em condições médias antes do granizo, a soja estava abaixo da média, mas não terrível como agora", relata a especialista em visita às lavouras norte-americanas.
Em Indiana, o desenvolvimento da soja já é mais satisfatório, as lavouras começam a florescer e as expectativas para a nova safra são melhores.
O mesmo pode ser dito dos campos de Illinois e Iowa, os dois maiores estados produtores de soja e milho dos EUA. No entanto, os baixos índices de umidade nos solos chamam a atenção. "A soja no sudeste de Illinois e no leste de Iowa estão em ótima forma, mas os campos estão secos, apesar de ambos terem recebido algumas chuvas na última semana. Nenhum dos produtores está ansioso pela semana quente e seca que se aproxima", relata Karen.
Em Minnesota, alguns volumes também foram contabilizados na semana passada e as safras, de acordo com a especialista, estão em ótimas condições. "Os grãos ainda estão pequenos, mas não se preocupem, eles deverão seguir se desenvolvendo para trazer uma boa safra. A polinização está a cerca de um mês daqui. O bom tempo nesse período - nada excessivamente quente ou seco- deve manter as perspectivas altas para o milho".
Fotos: Karen Braun
Para o consultor de mercado Aaron Edwars, da Roach Ag Marketing, essa poderá ser uma "semana explosiva" para as cotações na Bolsa de Chicago, tanto para soja, quanto para o milho, ainda mais estando inativo nesta segunda-feira (20) em função do feriado do dia do fim da escravidão.
"De forma geral, para o mercado, não que um seja mais sensível do que o outro, entre soja e milho, os dois precisam de água, os dois precisam de chuvas. Não é crítico hoje, mas com temperaturas altas e poucas chuvas, o solo e a planta secam rápido. Isso pode afetar os dois mercados e podemos ter uma pressão de compra se confirmar essa potencial quebra de safra já na semana que vem", explica Edwards.
Assim, a atenção total dos traders está sobre o clima no Corn Belt, porém, dando espaço para os novos boletins do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) que estão por vir. O primeiro, com a revisão dos dados de área em 30 de junho, e o novo de oferta e demanda em meados de julho.
Os negócios na CBOT serão retomados na noite desta segunda, perto de 21h (horário de Brasília) e o reporte semanal de acomapanhamento de safras adiado para esta terça (22).
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