La Niña tem 60% de chance de ocorrer na próxima safra, complicando a situação da Argentina, diz climatologista
O climatologista Eduardo Sierra diminuiu as expectativas dos produtores da região dos Pampas argentinos de que um novo regime de chuvas possa vir melhorar a crítica situação de seca que afeta essa área desde o começo da primavera.
Durante uma exposição de Sierra na Expoagro, organizada pela Bolsa de Cereais de Buenos Aires, ele estimou que os níveis de umidade podem se recuperar no litoral e na região dos Andes, mas que "o interior da Argentina está castigado".
Segundo os estudos do climatologista, tudo indica que a próxima safra também seja afetada pelo La Niña, potencializando o cenário de escassez de água que foi observado no presente ano safra.
Causas
Para Sierra, o "combo letal" para a produção argentina foi que o Pacífico frio produzido pelo La Niña não teve seu contrapeso em um Atlântico quente, o que costuma compensar o menor regime de chuvas.
O resfriamento do Atlântico é o que explica, assim, que o litoral argentino e o Uruguai sejam as zonas mais castigadas pela falta de água.
Mudança histórica
Sierra destacou que a falta de umidade que teve início no final de novembro se manifestou "de forma abrupta". Depois de cinco anos "úmidos", o ocorrido nesta safra "foi uma das mudanças climáticas mais abruptas da história; não se dava desta maneira desde a safra 1988/99", remarcou o especialista.
O problema essencial está no impacto ocorrido em fevereiro: "até janeiro, os cultivos vinham vem, aproveitando a água acumulada anteriormente. O comum é que as chuvas venham em janeiro e os cultivos continuem se desenvolvendo, mas isso não ocorreu".
Neste sentido, Sierra visualiza que os anos de alto impacto em matéria de seca são os que apresentam um fevereiro seco, mas que isso se trata de um fenômeno "muito pouco previsível, ainda que mais ou menos previsível: sucede a cada dez anos e a última vez foi na temporada 2008/09".
Perspectivas
Sobre o que vem por aí, Sierra mencionou que poderão haver boas notícias para os produtores de províncias como Santa Fe ou Entre Ríos, que são duas das mais prejudicadas nesta safra.
É porque as previsões indicam um esquentamento do Oceano Atlântico, o que ajudaria a melhorar o regime de chuvas em todo o litoral.
Contudo, no centro do país, fundamentalmente no centro-oeste de Buenos Aires, norte de La Pampa e Córdoba, a recuperação de umidade não deve ocorrer nos próximos meses.
Essas previsões dão conta de que o La Niña possui uma alta probabilidade de estar presente novamente em julho.
"O La Niña é o candidato mais firme para a próxima safra: tem 60% de possibilidade de ocorrência, contra 30% de possibilidade de uma fase neutra e apenas 10% de probabilidade de um El Niño", alertou.
Tradução: Izadora Pimenta
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