No Brasil, La Niña teria efeito reduzido sobre as commodities agrícolas

Publicado em 30/06/2016 15:28
De acordo com a INTL FCStone, o fenômeno deve ter intensidade fraca e atingir o pico no segundo semestre

As principais culturas agrícolas brasileiras estariam suscetíveis a um efeito moderado da provável transição do El Niño para o La Niña – fenômeno que consiste na diminuição da temperatura da superfície das águas do Oceano Pacífico Tropical Central e Oriental, e causa mudanças nos padrões de temperatura e precipitação ao redor do mundo.

Em estudo especial que prevê os impactos climáticos deste fenômeno no campo, a INTL FCStone destaca que, para os grãos (soja e milho), o La Niña tenderia a ter impactos mais intensos nos períodos de plantio e desenvolvimento das lavouras, com um clima mais seco.

Para a coordenadora de Inteligência de Mercado da consultoria, Natália Orlovicin, esse fato poderia prejudicar o potencial produtivo do Sul do Brasil, que concentra grande parte da produção durante o verão no hemisfério Sul.

Já a Analista de Mercado, Ana Luiza Lodi, destaca que partir do início do ano (2017), os impactos do La Niña tendem a ser mais leves, com resultados mais difíceis de prever sobre a safrinha do milho.

As expectativas para a safra 2016/17 de trigo se encontram mistas. Como as janelas de plantio da Argentina e Rio Grande do Sul se abrem depois do início da semeadura no Paraná, o clima mais seco causado pela La Niña pode impactar diferentemente cada área. “Em geral, os produtores brasileiros ficam mais animados com as projeções de menor pluviosidade no fim do ano, o que favorece a colheita”, destaca a INTL FCStone, em relatório.

Na principal região canavieira, o Centro-Sul, o efeito mais comum do La Niña seria a redução das chuvas. “Esta diminuição pode tanto ajudar a moagem nos últimos meses da safra (se começar entre setembro e outubro) ou apenas atrapalhar o desenvolvimento da cana (se o início se der entre dezembro e janeiro)”, pondera o Analista de Mercado da INTL FCStone, João Paulo Botelho.

Em São Paulo, onde está mais de metade área plantada com cana do país, os efeitos em geral se limitam às regiões mais próximas da fronteira com Paraná e Mato Grosso do Sul. Todavia no Nordeste, que foi mais diretamente afetado pelo El Niño, é possível que o La Niña tenha impacto mais definido, com chance de aumento das chuvas entre agosto e setembro, beneficiando o desenvolvimento da cana.

O algodão, cultivado majoritariamente no Mato Grosso e extremo-oeste baiano, está localizado em regiões menos suscetíveis aos impactos climáticos do fenômeno.

Entenda o fenômeno

Os efeitos climáticos do fenômeno La Niña normalmente são contrários aos observados pelo El Niño. Isso quer dizer que, entre os meses de junho a agosto, verão no hemisfério Norte, o clima pode ficar mais seco no Sul da América do Sul e mais úmido na Austrália (onde também fica mais quente), Indonésia e Índia (que ficam com temperaturas mais baixas).

Já entre os meses de dezembro a fevereiro, pode chover mais do que o normal no Norte/Nordeste do Brasil, assim como em algumas regiões dos Estados Unidos, Indonésia e Norte da Austrália.

La niña - FCStone

 

Dados: NOAA; Elaboração: INTL FCStone

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Fonte:
INTL FCStone

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