El Niño deve se manter forte nos próximos três meses, diz NOAA

Publicado em 11/12/2015 12:11

Intensidade do El Niño em 10 de Dezembro - Fonte: NOAA

Intensidade do El Niño em 10 de Dezembro - Fonte: NOAA

O El Niño deste ano continua chamando a atenção de produtores rurais não só do Brasil, mas de todo o mundo em importantes regiões produtoras, além de especialistas em clima. E segundo as últimas informações do NOAA, o departamento oficial de clima do governo dos Estados Unidos, o fenômeno amadureceu. Durante todo o mês de novembro foram observadas temperaturas bem acima do normal das águas em toda a superfície leste do oceano Pacífico, e agora as mesmas começaram a cair na subsuperfície.

Ainda assim, o NOAA afirma que a maioria dos modelos analisados indicam que o evento deve continuar forte durante o inverno do hemisfério Norte - que vai de 21 de dezembro a 21 de março, e que corresponde ao verão no hemisfério Sul -, seguindo para um estágio de neutralidade somente no final da primavera, início do verão. O departamento não fez qualquer menção, em suas últimas previsões, de uma possibilidade de transição do El Niño para um La Niña. 

"O consenso entre as previsões continua, praticamente, inalterado em relação às últimas previsões, com expectativas de que esse é um dos mais fortes fenômenos desde 1950", reportou o último boletim da instituição. 

Impactos

E os efeitos do El Niño continuam a ser sentidos. No Brasil, o clima se msotra tão irregular entre as  regiões do país que as culturas de verão vêm sendo  castigadas por eventos extremos, como extensos  períodos sem chuvas no Centro-Oeste, Nordeste e alguns estados do Norte ou com o excesso delas no Sul. 

No Piauí, não chove há quase 30 dias e a reserva hídrica do solo é quase inexistente. Segundo relato do representante da Aprosoja Piauí, Altair Fianco, as lavouras de soja plantadas e que contam com a cobertura da palhada são que resistem um pouco melhor, enquanto nas demais, onde não há esse componente, as plantas já morreram. O prazo para a conclusão do plantio em um tempo que possa ser útil, de acordo com o produtor, termina em 30 de dezembro. Depois disso, a alternativa será migrar para o milho. 

Já no Maranhão, na região de Balsas, os sojicultores também estão atrasados com a semeadura da oleaginosa já que a falta de chuvas passa de 30 dias. Também por conta do clima mais quente e seco, o ataque de pragas se intensificou, mais precisamente o da lagarta elasmo na região. Ainda assim, alguns produtores apostaram no replantio, mesmo com pouco tempo e com outros que ainda nem iniciaram os trabalhos de campo. 

No Tocantins, a estiagem também está ocasionando a mortes das plantas na área de Darcinópolis, e os produtores locais ainda estão avaliando as possibilidade de uma resemeadura, já que nem mesmo plantio foi finalizado. A espera deve durar até o dia 10 de janeiro, segundo explicou o produtor rural Marcílio Marangoni. 

Em Mato Grosso, maior produtor brasileiro de soja, as poucas chuvas que chegam são localizadas, de baixo volume e muito irregulares. Assim, já começam a ser contabilizadas as áreas perdidas por conta da seca e, em alguns locais como Tapurah, vinham sendo registrados focos de incêndio nas plantações de soja. Alguns sojicultores já amargam prejuízos de 100% e o plantio no estado tem o maior atraso dos últimos sete anos, de acordo com os últimos número do Imea. (Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária). 

Enquanto isso, o sul de Mato Grosso do Sul é uma das áreas mais afetadas pelo excesso de chuvas, assim como acontece no Sul do Brasil. Nesta quinta-feira (11), o governo do estado já havia decretado situação de emergência em 14 municípios. De acordo com informações da Climatempo e do portal Terra, na última semana, uma barragem se rompeu em Caarapó e, no final do último mês, uma estrada se afundou em Tacuru, cidade na qual, em novembro, o acumulado de chuvas chegou a 750 mm. 

O município é ainda importante produtor de soja de Mato Grosso do Sul e o atual cenário climático já vem ameaçando de forma bastante severa a produtividade da oleaginosa. Segundo relatou Roger Bolsoni, produtor local, por conta dos solos extremamente úmidos, não é possível entrar nas lavouras para a realização dos tratos culturais e a incidência doenças aumenta. 

No Rio Grande do Sul, quadro semelhante. O excesso de umidade e a falta de luminosidade já vêm limitando o desenvolvimento das plantas, que apresentam uma coloração de verde mais claro e estatura menor, como explica o fisiologista Elmar Floss. Apesar do elevado potencial de recuperação da cultura, a produtividade pode ser comprometida, uma vez que o aparecimento de pragas e doenças ganha força. 

No café, mais irregularidades e incertezas sobre a safra 2016/17

Por Jhonatas Simião

O clima também tem se mostrado bastante irregular nas principais áreas produtoras de café do Brasil. Na região Sul de Minas Gerais, apesar das altas temperaturas, há registros de precipitações expressivas desde o início de novembro, o que tem deixado os produtores de arábica animados com a produção da próxima safra. Já no Espírito Santo, maior estado produtor da variedade robusta, a seca gerou graves perdas para a próxima temporada e as condições climáticas ficaram mais favoráveis para o desenvolvimento dos cafezais apenas nos últimos dias.

Após quatro temporadas consecutivas de quebra, a safra 2016/17 de café do Brasil pode chegar a 49 milhões de sacas de 60 kg, com aumento de até 15% em relação à de 2015 por conta da expectativa de melhor produção de arábica em Minas Gerais. A estimativa é do presidente do Conselho Nacional do Café (CNC), Silas Brasileiro. No entanto, alguns cafeicultores acreditam que a situação demanda atenção e não acreditam em recorde.

"Estimo que recebemos em 2015, até agora, de 900 a mil milímetros de chuva na região Sul de Minas, quase o mesmo que nos dois últimos anos juntos. No entanto, essas precipitações ainda não são suficientes para garantir uma boa produção. O mês de janeiro costuma ter altas temperaturas e menos chuvas e isso pode acabar abortando chumbinhos", explica o presidente do Sindicato Rural de Boa Esperança (MG), Manoel Joaquim da Costa.

No Espírito Santo a situação é bem mais delicada. O estado que produz, principalmente, a variedade robusta enfrentou neste ano uma das maiores secas dos últimos 50 anos. Segundo entidades do governo, os prejuízos para a cafeicultura capixaba podem chegar a R$ 1 milhão. Em algumas regiões, a quebra na safra já chega a 70% e muitos munícipios tiveram a irrigação nas lavouras proibida após o risco de desabastecimento. No entanto, nesses primeiros dias de dezembro, o estado passou a receber algumas precipitações de forma irregular.

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Tags:
Por:
Carla Mendes
Fonte:
Notícias Agrícolas

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1 comentário

  • paulo roberto maranho bertão palmital - SP

    Sou produtor de grãos na região do médio Paranapanema do lado paulista. Aqui as chuvas tem caído de forma muito intensa, com dias sucessivos sem sol - só em novembro foram mais de 20 dias, e já comprometeram as lavouras de soja em quase todas as áreas plantadas na regão. Os plantios do inicio de outubro ainda tem um desenvolvimento razoável, mas aqueles realizados no final do mês e inicio de novembro sofrem com a falta de luminosidade e ataques de fungos nas raízes -- causando seu apodrecimento e de percevejo castanho. Não se sabe ainda qual o tamanho da perda de produtividade, mas com certeza, não será pequena.

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    • Felipe Gomes Taquarituba - SP

      Boa noite.

      Sou produtor da região sul do estado de São Paulo. As chuvas estão caindo em excesso por aqui. Gostaria de saber como fica a meteorologia para a safra de inverno entre os meses de Maio a Setembro. Obrigado

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