Setor da proteína animal paulista acumula aumento de preços puxados pela demanda interna e externa
Volume exportado de hortaliças cresce 300% em relação ao mesmo período do ano anterior e setor de transporte teve a menor queda registrada durante pandemia; informações são do Grupo de Monitoramento liderado pela Secretaria de Agricultura e Abastecimento de SP
O preço médio do boi gordo em São Paulo acumula alta de 5,3% nos últimos 30 dias, assim como as cotações de frango vivo e os preços médios de suínos vivos, segundo a FinPec. A explicação para as altas está relacionada à demanda aquecida de carne brasileira no mercado internacional, no caso dos bovinos, e no mercado interno ao aumento de compra de carne de frango e de suínos. As informações constam no 13º relatório do Grupo Técnico de Monitoramento do Abastecimento de Produtos Agropecuários no Estado de São Paulo, liderado pela Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo e com a participação de representantes do setor privado. As informações são referentes ao período de 4 a 18 de julho de 2020.
De acordo com o levantamento, a alta do frango é atribuída à menor produção e à demanda doméstica mais aquecida, além das medidas de ajuste da produção por parte da indústria e dos produtores no 1º semestre de 2020, ações que se mostraram eficientes em conter desvalorizações. Os preços médios para os suínos vivos cresceram 4,9% nos últimos 30 dias, o que se relaciona à chegada do inverno, época em que tradicionalmente há aumento do consumo de carne suína, além da reabertura do comércio. O mercado de suínos independente continua em alta de 9% na Bolsa de São Paulo.
O relatório também destaca que, embora a demanda pelo serviço de transporte rodoviário ainda se mantenha em queda, há registro de recuos menores, chegando ao final da primeira quinzena de junho em -27,2%, a melhor marca já registrada. O faturamento das empresas que oferecem esse serviço, mesmo ainda em queda, iniciou no mês de julho com recuo de -83%, marca inferior à registrada nas duas últimas semanas de junho.
“Este relatório traz a consolidação de alguns cenários verificados já há algumas semanas para o setor de proteína animal, puxado tanto pelo mercado externo, como pelo mercado interno. Apesar da queda ainda na atividade de transporte, percebemos uma retomada gradual, o que é muito importante. O agro, durante todo esse período da pandemia, tem se mostrado forte e com capacidade para reverter a crise econômica. É o farol que norteará a melhora nos índices econômicos do Estado e do País”, afirma Gustavo Junqueira, secretário de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo.
O volume exportado de hortaliças como cenoura, tomate, cebola e batata cresceu mais de 300% no primeiro semestre de 2020 em relação ao mesmo período de 2019. Entre as frutas cítricas, como tangerina, limão e laranja, devido à maior procura do consumidor por alimentos ricos em vitamina C, houve crescimento do volume exportado de 158%, 132% e 12%, respectivamente. A exportação de banana foi 17% superior no mesmo período.
Mesmo com as desvalorizações registradas em junho, os preços dos ovos ainda são superiores em relação ao mesmo período de 2019, em termos reais. O setor sucroenergético também teve uma leve recuperação dos preços do etanol atrelada ao comportamento do petróleo no mercado internacional e os preços do açúcar permanecem em alta, devido à entressafra na produção da Tailândia e da Índia, conforme a Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). No café, mesmo com a menor disponibilidade de mão de obra nas regiões de colheita manual, não foram verificados impedimentos na atividade. Mais de 40% da safra de 2020/2021 já foi vendida e 20% da safra de 2021/2022 foi comercializada.
Segundo a CNA, os produtos lácteos tiveram valorização de 8,3% no mercado externo, mostrando um cenário positivo para os produtores brasileiros, pois desestimula a importação de leite e permite a volta dos grandes compradores e melhores negócios aos laticínios. A demanda interna por lácteos segue em alta e os preços de julho se mantêm firmes, com previsão de que se sustentem em agosto, segundo dados do Instituto de Economia Agrícola (IEA-APTA).
No setor da aquicultura e piscicultura, uma imposição de tarifa de importação de 25% pelos Estados Unidos sobre a tilápia chinesa pode ampliar as exportações do produto brasileiro. No mercado interno, a chegada do inverno desaqueceu o consumo de pescado, o que fez com que o preço da tilápia na Ceagesp caísse 13% em relação a sete dias anteriores ao último levantamento, conforme boletim da CNA.
Dados da FinPec registram valorização no mercado interno para a maioria das commodities como soja, milho, arroz, trigo e açúcar. Duas commodities seguiram na contramão registrando queda de preço, tanto nos últimos 30 dias, como no acumulado de janeiro a junho de 2020: feijão com -4,7% de jan-jun e -1,9% nos últimos 30 dias; e café com -15,2% de jan-jun e -1,5% nos últimos 30 dias. O IEA registra para o Estado de São Paulo desvalorização de preço em relação ao mês de junho para o café (-5,7%), arroz (-0,5%), feijão carioca (-27,9%) e milho (-2,1%). Para a soja, foi registrada valorização do preço em +1,3%.
Comercialização
Quanto à comercialização, o Entreposto Terminal de São Paulo da Ceagesp registra retorno à normalidade de maneira definitiva e elevação na quantidade de produtos ofertados, superando, inclusive, junho de 2019. O setor de supermercados e hipermercados registrou aumento médio anual acumulado em 16,1% no final da primeira quinzena de julho, conforme o Índice Cielo do Varejo Ampliado (ICVA/CIELO) do relatório do Instituto Food Service Brasil (IFB).
De acordo com o levantamento o Grupo de Monitoramento da Secretaria de Agricultura, o setor de Food Service continua registrando redução do faturamento de operadores e encerrou a primeira semana de julho com recuo de -46%. Os bares e restaurantes continuam sendo bastante afetados pela crise, com queda de -60,8% registrada para a primeira semana de julho.
Em 26 de julho, a Secretaria realizou o segundo episódio da live “Agro: o elo que une a economia”, que reuniu representantes do Grupo de Monitoramento para discutir a questão do Food Service e turismo em São Paulo. Segundo eles, diferente da cadeia do agro em geral, o segmento dos restaurantes e dos diversos operadores do Food Service foi profundamente afetado durante os quatro meses de pandemia.
No período de isolamento, as quedas das vendas no Food Service chegaram a -67,3%. O setor encerrou a primeira semana de julho com recuo de -46%, com uma tendência de ligeira recuperação. O ICVA da Cielo registra que o setor de bares e restaurantes continua sendo muito afetado pela crise, com queda de faturamento médio anual acumulada, porém indicando, quinzenalmente, aparente recuo das perdas em relação ao mesmo período em 2019.
O turismo gastronômico e outros serviços relacionados à alimentação também sofreram fortes impactos, os quais afetam a economia não só paulista, como brasileira. Com a abertura parcial e diferenciada, o pior passou, porém a situação ainda se mostra delicada para estes segmentos.
“É imprescindível repensar modelos de consumo, inovar no Business Model, e ainda, atrair investimentos para potencializarmos os setores de alimentação, o agro como um todo e ainda, estruturar bases para uma retomada econômica”, afirma Gustavo Junqueira.
Segundo o presidente do Instituto Food Service Brasil, Ely Mizrahi, mesmo com a flexibilização da quarentena em algumas cidades, o cenário ainda é complexo e incerto e o setor vem tendo que se reinventar, apostando, por exemplo, na eficiência da operação e no uso de tecnologias.
No turismo, a diminuição drástica nas viagens, somada ao fechamento de bares e restaurantes direta ou indiretamente vinculados ao nicho, trouxe impactos importantes. Para o secretário de Turismo do Estado de São Paulo, Vinícius Lummertz, será necessário empenho na retomada. Ele enfatizou que a confiança entre empresas, poder público e consumidor precisa ser um eixo central na reestruturação da atividade.
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