China pede que Brasil suspenda exportações de 2 frigoríficos por temor com Covid, diz fonte
O governo chinês pediu ao Brasil que suspenda as exportações de duas plantas frigoríficas devido a preocupações com novos surtos de coronavírus em unidades de processamento de alimentos no país, disse à Reuters uma pessoa com conhecimento direto do assunto.
A China já bloqueou os embarques de seis unidades frigoríficas no Brasil, o segundo país mais atingido pela pandemia no mundo, com quase 2 milhões de casos de doenças respiratórias.
Caso a solicitação das autoridades chinesas seja confirmada, as suspensões totalizarão oito unidades.
Destas duas plantas adicionais que a China gostaria de bloquear, uma produz carne bovina e a outra processa aves, disse a fonte sob condição de anonimato.
Os bloqueios já atingiram alguns dos principais frigoríficos brasileiros como Marfrig Global Foods, que tem uma planta de bovinos suspensa pela China em Várzea Grande (MT), JBS, com uma unidade de aves e uma de suínos no Rio Grande do Sul, e BRF, que teve a planta de suínos em Lajeado (RS) bloqueada pelo país asiático.
A China é o maior comprador brasileiro das carnes bovina, suína e de frango, e deve impulsionar os embarques de proteínas no país em 2020.
O novo pedido, entregue à Embaixada do Brasil em Pequim, ainda não chegou ao Brasil para o governo considerar uma resposta, disse a fonte.
O comunicado das autoridades chinesas solicitou informações relacionadas a 12 outras plantas frigoríficas, buscando descobrir se as notícias da mídia sobre surtos de coronavírus nessas instalações eram verdadeiras, acrescentou o interlocutor.
Anteriormente, a ministra da Agricultura do Brasil, Tereza Cristina Dias, já havia dito que não há evidências de que o coronavírus seja transmitido em alimentos.
A pasta não respondeu imediatamente a um pedido de comentário.
A Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) disse que a indústria está tomando precauções e adotou protocolos em 12 de março para combater a propagação do vírus nas unidades. A entidade ainda contestou dados divulgados por promotores de trabalho sobre surtos em fábricas.
"O vírus não nasceu no frigorífico. Demonizou-se os frigoríficos", disse o presidente da ABPA, Francisco Turra, em entrevista coletiva nesta quarta-feira.
Ele afirmou que usar apenas testes rápidos para avaliar as infecções nas plantas de carne distorceu a realidade, pois estes não são tão precisos quanto os testes moleculares de PCR.
O governo brasileiro solicitou que as autoridades chinesas revertessem as proibições oficialmente, disse Turra, acrescentando que as suspensões eram injustificadas.
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