Decreto vai regular normas a frigoríficos para evitar fechamentos e abates sanitários

Publicado em 22/05/2020 11:50 e atualizado em 22/05/2020 13:15

Com o objetivo de evitar falta de proteína animal no mercado e problemas ambientais em função de abates sanitários como ocorreu nos Estados Unidos e, depois, no Rio Grande do Sul, o Ministério da Agricultura, juntamente com os ministérios da Saúde e da Economia, vão editar decreto com protocolos para o controle da Covid-19 em frigoríficos brasileiros.

Segundo o presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Francisco Turra, além de normas rígidas de prevenção para integrados, agroindústria e transportadores, será definido um grupo para analisar o fechamento de unidades em caso de ocorrência de Covid-19. Isso para evitar que esses fechamentos sejam decididos por diversos órgãos públicos, como aconteceu no Rio Grande do Sul.

"Eles vão mandar um protocolo e um decreto para ter um grupo que filtre as informações que venham de quem quer que seja para fechar unidades. Então a gente via ter segurança jurídica. Antes chegava quem quer que fosse e determinava o fechamento. A nossa missão é essencial, produzir alimentos. Temos que compatibilizar com a saúde do trabalhador. Se for olhar: deu Covid tem que fechar, então terão que fechar hospitais, asilos e agências bancárias porque teve casos da doença em todos os lugares. Em Marau (RS) começou em agência bancária" alertou Turra.

Segundo ele, essa questão de fechar frigorífico passou a ser vista com atenção geral por todas as instituições do Rio Grande do Sul quando a BRF, de Lajeado, entrou com pedido de licença no órgão ambiental para enterrar 4 mil suínos e 420 mil aves num dia. Seriam 950 mil aves/dia considerando também a unidade da JBS. Isso gerou pressa para a retomada de atividade, mas, mesmo assim, a reabertura ocorreu só 22 dias depois. Chegaram a ser abatidas 100 mil aves que não puderam ser aproveitadas em Lajeado.

Nos Estados Unidos, não houve uma atenção com relação a atividades dos frigoríficos. Foram acontecendo casos de Covid-19 em cidades e trabalhadores do setor adoeceram. Num determinado momento, fecharam os maiores frigoríficos de suínos e aves do país. A produção de carne suína caiu 40% e de carne de ave, 50%. Por isso, além de deixar de exportar para diversos países, os EUA passaram a enfrentar escassez de carne no mercado interno porque o estoque do país era para pouco mais de uma semana, conta Turra. Segundo ele, o presidente Donald Trump baixou um decreto de guerra para o setor voltar a trabalhar, só que não tinha mais nem produtor, nem produto.

Mas o que chocou os EUA e o mundo foi o problema dos abates sanitários. O país teve que abater 2 milhões de suínos de uma só vez. Não tinha local para colocar os animais e, então, foram deixados numa área afastada. Outros abates de suínos e aves ainda estão sendo realizados no país.

Segundo Turra, esse problema em frigoríficos também foi enfrentado na China, mas lá as autoridades se uniram e exigiram que os trabalhadores não tivessem vida social para evitar a contaminação e, assim, manter as plantas em atividade.

No Brasil, a vida social das pessoas que trabalham em frigorífico também é uma preocupação porque o setor acredita que a contaminação começa na comunidade e é levada para a empresa. Em Santa Catarina, enquanto o problema ocorre em algumas cidades, em outras, que também têm plantas frigoríficas, ainda não há casos de Covid-19

SC deve seguir decreto federal

A normatização para sanidade nas agroindústrias pode ter também regras estaduais. Mas Santa Catarina deve seguir o decreto federal, sem estabelecer normas locais. Em reunião na tarde de hoje do governador Carlos Moisés, o secretário de Agricultura Ricardo Gouvêa e o presidente da Associação Catarinense de Avicultura (Acav), José Antônio Ribas Junior, deve ser firmada essa decisão de seguir o protocolo nacional, elaborado com assessoria de técnicos do Hospital Albert Einstein, de São Paulo, uma das instituições mais renomadas para esse tipo de controle na área de infectologia. Conforme Ribas, a assinatura do decreto com as normas nacionais deve acontecer amanhã, em Brasília.

Já segue nosso Canal oficial no WhatsApp? Clique Aqui para receber em primeira mão as principais notícias do agronegócio
Tags:
Fonte:
Suinocultura Industrial

RECEBA NOSSAS NOTÍCIAS DE DESTAQUE NO SEU E-MAIL CADASTRE-SE NA NOSSA NEWSLETTER

Ao continuar com o cadastro, você concorda com nosso Termo de Privacidade e Consentimento e a Política de Privacidade.

0 comentário