Carnes/Vetoquinol: demanda da Ásia pode compensar retração no consumo interno em meio ao coronavírus
O consumo doméstico por carnes no próximo trimestre pode se enfraquecer por causa da extensão do período de isolamento social no Brasil, mas essa situação pode ser compensada pelo aumento na demanda externa, sobretudo com a retomada econômica dos países asiáticos, em especial da China, avalia o presidente da Vetoquinol no Brasil, Jorge Espanha. Ao Broadcast Agro, o executivo da empresa de produtos veterinários considerou que o consumo interno de carnes pode cair de 10% a 15% se houver uma redução de 10% a 20% na renda das famílias brasileiras. Isso se, em um comparativo com a crise de 2008, houver perdas de empregos ao longo da quarentena - o que afeta muito o setor no curto prazo. Para o médio prazo, até metade do segundo semestre, em contrapartida, é esperado que "a conta volte a se equilibrar", acrescenta Espanha.
Embora os embarques de carnes para o exterior em março tenham sido menores na comparação interanual, os dados ainda sinalizam um cenário positivo para o setor, diz Espanha, principalmente com o aumento da demanda da China, enquanto tenta recompor o seu rebanho após a peste suína africana. A grande dúvida, de acordo com o executivo, é quanto ao descompasso do mercado global, com a desaceleração na economia da Europa, dos Estados Unidos e parcialmente no Brasil, ao mesmo tempo em que boa parte da Ásia ensaia uma recuperação. "Esse descompasso pode gerar um atraso na retomada da economia global como um todo", afirma o presidente da empresa de medicamentos veterinários no Brasil.
No cenário interno, apesar dos preços da arroba do boi gordo ainda se sustentarem em altos patamares, o momento para os pecuaristas é de pressão, em razão dos também altos custos de produção, reforça o executivo. Segundo ele, além do encarecimento do milho, a forte valorização do dólar ante o real e as restrições logísticas como forma de conter a propagação da doença preocupam o setor, por impulsionar os preços de insumos. Espanha ressalta que, nesse cenário, os criadores de gado que menos sofrerão com a crise são os que mais investiram em tecnologia, principalmente no que tange à produtividade. "Um bom sinal foi a reabertura de algumas cooperativas que fecharam no fim de março em Santa Catarina e no Paraná", disse.
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