Marfrig eleva prejuízo a R$233 mi no 1º tri com câmbio e Carne Fraca pressionando receita
SÃO PAULO (Reuters) - A Marfrig teve prejuízo líquido de 233,2 milhões reais no primeiro trimestre, acima do resultado negativo de 106,2 milhões de reais um ano antes, em meio à queda na sua receita, pressionada por efeito cambial e operação Carne Fraca, que compensaram o bom desempenho da divisão Keystone.
O prejuízo líquido das operações continuadas, que excluem qualquer ganho com vendas de ativos e participações, bem como seus resultados operacionais, foi de 238 milhões de reais no primeiro trimestre, ante perda de 102 milhões de reais em igual período de 2016, segundo dados divulgados pela companhia nesta quinta-feira.
A geração de caixa medida pelo lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado da empresa de alimentos caiu 24,7 por cento na mesma base de comparação, a 333,7 milhões de reais.
A companhia observou que o primeiro trimestre de 2017 foi marcado por incertezas no cenário político e econômico tanto no Brasil como no exterior, mas também destacou que a operação Carne Fraca, deflagrada pela Polícia Federal na segunda quinzena de março, impactou as operações de empresas de proteína animal.
"Mesmo com a ação imediata do Ministério da Agricultura, a confiança do consumidor foi abalada e alguns destinos importantes para o setor, como Chile e China, fecharam temporariamente seus mercados às exportações brasileiras", disse a empresa no material de divulgação do balanço.
De janeiro a março, a receita líquida consolidada da Marfrig totalizou 4,1 bilhões de reais, queda de 16 por cento na comparação com o mesmo período de 2016.
Segundo a companhia, essa linha do balanço foi pressionada pela queda do dólar ante o real nas receitas das operações internacionais e das exportações brasileiras e pelo desempenho da divisão de Beef, de carne bovina, apesar da performance da divisão Keystone, unidade que concentra suas operações nos Estados Unidos e na Ásia.
A receita líquida da divisão Beef caiu 17 por cento, para 2 bilhões de reais no trimestre, com a margem bruta cedendo 1,7 ponto percentual, para 12,8 por cento.
A empresa disse, contudo, que a desvalorização do dólar, a redução do volume de vendas em função da Carne Fraca e a queda do preço de mercado doméstico de 5 por cento foram parcialmente compensados pela recuperação do preço médio de exportação de carne in natura na ordem de 2 por cento.
O volume de abate das operações de bovinos foi 2 por cento inferior ao primeiro trimestre, fazendo com o que a taxa de utilização da capacidade efetiva da operação brasileira ficasse em 79 por cento, refletindo, segundo a empresa, "a menor disponibilidade de gado para abate, característica do período de chuvas e tipo de negociação com pecuaristas nessa época do ano".
Na Keystone, a receita líquida no primeiro trimestre subiu 7 por cento, a 667 milhões de dólares, ajudada, entre outros fatores, pela elevação de volumes nos Estados Unidos e impacto positivo de preços de exportação de subprodutos de carne escura naquele país. A margem bruta aumentou de 9 para 9,5 por cento.
Antes da divulgação do resultado do primeiro trimestre, a Marfrig informou que a Keystone Foods submeteu à Securities and Exchange Comission (SEC, órgão que regula o mercado de capitais norte-americano) registro inicial para abertura de capital nos Estados Unidos.
A Marfrig encerrou o primeiro trimestre com endividamento bruto de 3,7 bilhões de dólares, um aumento de 9 por cento na comparação com o final de 2016, decorrente do saldo líquido da nova emissão de bônus no exterior e recompra das notas sênior.
A dívida líquida encerrou o período em 1,9 bilhão de dólares, uma alta de 136 milhões ante o trimestre anterior. Em 31 de março de 2017, o prazo médio do endividamento era de 4,42 anos.
As ações da companhia fecharam em queda de 3,5 por cento na bolsa paulista, a 7,62 reais.
(Por Paula Arend Laier)
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