Crise global do café: Alta dos preços pressiona torrefadores e prejudica consumidores

Publicado em 05/03/2025 10:53 e atualizado em 05/03/2025 11:52
Europa já enfrenta escassez do produto nas prateleiras dos supermercados

Logotipo Notícias Agrícolas

A forte alta nos preços do café desde o final do ano passado já está afetando a cadeia de suprimentos, vem pressionando os torrefadores e começou a prejudicar os consumidores. A constante preocupação com o fornecimento global está sustentando os preços recordes nas bolsas internacionais nos últimos meses. De acordo com informações da Reuters, os preços do café arábica subiram 70% em 2024 e quase 20% este ano, e os do robusta subiram 72% em 2024 e chegou a atingir o pico de US$ 5.847 por tonelada em 12 de fevereiro.

A situação está se tornando cada vez mais complicada pois juntamente com a supervalorização do café, os níveis dos estoques monitorados pela ICE estão diminuindo. Preocupados com uma das piores secas já registradas na história do Brasil, os cafeicultores brasileiros já venderam a maior parte da safra de 2024, deixando ainda mais baixos os níveis dos estoques.


"No Brasil, temos um cenário apertado neste segundo semestre do ano-safra brasileiro (janeiro a junho), o que indica dificuldades para abastecermos o consumo interno e nossas exportações nos próximos meses. Há um consenso no mercado brasileiro de que é muito pouco o que ainda resta de café da safra atual em mãos dos cafeicultores. Com esse final de estoques, teremos de atender até maio o consumo interno brasileiro, de aproximadamente 1,7 milhão de sacas por mês, e nossas exportações de março, abril, maio e junho. Nossa nova safra 2025, não será maior que a 2024", relata boletim divulgado pelo Escritório Carvalhaes.

Se o preço do café continuar a subir de forma sustentável, este aumento deve atingir o consumidor em todos os destinos. Informações do portal internacional Bloomberg apontam que os torrefadores argumentam que aumentos significativos de preços são inevitáveis ​​para manter a lucratividade. "Os grãos de café representam cerca de 70% dos custos dos torrefadores, e os grandes aumentos recentes têm sido um desafio", disse Anders Fredriksson, CEO da empresa sueca de café Löfbergs. No entanto, os varejistas estão relutantes em aumentar os preços, o que está levando a uma disputa entre as duas partes.

Ainda segundo o portal, o aumento exorbitante dos preços já prejudicou a demanda nos principais mercados e está começando a conter o crescimento do consumo, antes forte e em expansão, nas economias emergentes. No Vietnã, grupos da indústria relatam que os altos preços estão fazendo com que alguns compradores hesitem em fazer grandes pedidos, e na Indonésia alguns torrefadores estão mudando para usar grãos de qualidade inferior. Empresas como a fabricante de Folgers, JM Smucker Co., aumentaram os preços, a Nestle SA está tornando os pacotes menores para limitar o impacto do custo, e a Pret A Manger cancelou sua assinatura que dava aos clientes bebidas "grátis". 

Enquanto os varejistas reagem aos esforços dos torrefadores para aumentar os preços em novas negociações, isso está causando uma falta temporária de alguns produtos em certas lojas da Europa. "Os consumidores europeus estão sendo confrontados com mais uma repercussão da crise global do café e, com isso, as prateleiras nos supermercados estão vazias enquanto os principais varejistas renegociam acordos de fornecimento", explica publicação da Bloomberg. 

Relatório da Pine Agronegócios relata que no Brasil o custo de reposição deve gerar uma nova onda de alta nos supermercados, "com a finalização dos estoques comprados a R$ 45/kg, terão uma reposição de R$ 60/kg, sendo assim, acreditamos que teremos entre 15% a 30% de alta ao consumidor final, bastando apenas o novo estoque chegar aos supermercado. Lembrando que o repasse da alta ocorrida em novembro e dezembro de 2024 ainda nem ocorreu 100% ao consumidor", destaca o documento. 

Segundo a Associação Brasileira da Indústria do Café (Abic), esse impacto sobre os preços deve se manter por mais alguns meses, encontrando uma certa estabilidade apenas na entrada da safra 2025/26. Com relação ao consumidor, teremos algum aumento adicional, afinal, com todos os problemas climáticos afetando as lavouras, os produtores precisaram aumentar os gastos para a produção encontrando um custo da matéria-prima superior a 200%. " A indústria absorveu esse aumento e repassou parte disso para os mercados, chegando a 37% para os consumidores. Então, parte desse aumento será transferido para os varejistas e, consequentemente, aos consumidores”, explica a entidade. 
 

Já segue nosso Canal oficial no WhatsApp? Clique Aqui para receber em primeira mão as principais notícias do agronegócio
Por:
Raphaela Ribeiro
Fonte:
Notícias Agrícolas

RECEBA NOSSAS NOTÍCIAS DE DESTAQUE NO SEU E-MAIL CADASTRE-SE NA NOSSA NEWSLETTER

Ao continuar com o cadastro, você concorda com nosso Termo de Privacidade e Consentimento e a Política de Privacidade.

0 comentário