Café: Embate entre compradores e vendedores traz lentidão ao mercado físico brasileiro neste início do ano
Neste início de ano, o mercado físico brasileiro vem trabalhando com preços firmes, com sacas sendo negociadas na faixa dos R$ 2.500,00 em algumas localidades do país.
Os recordes históricos de preços atingidos pelo café em 2024 nas Bolsas de Nova York e de Londres refletiram em cotações elevadas para o grão no Brasil. Os futuros nas bolsas testando níveis historicamente altos foram - e têm sido ainda - um retrato da produção abaixo do esperado devido aos problemas climáticos (longa estiagem e altas temperturas), que prejudicaram o desenvolvimento das floradas e, consequentemente, do potencial produtivo dos cafezais.
"Além da influência das cotações, principalmente de NY, a desvalorização cambial brasileira também vem impactando nos preços do nosso mercado, e fazendo os diferenciais se alargarem", comentou o analista e consultor em Agronegócios, Lúcio Dias. A moeda americana, apesar dos ajustes dos últimos dias, segue trabalhando na casa dos R$ 6,00, servindo como outro combustível importante não só para a formação de preços mais elevados, como também para a nossa competitividade.
Assim, o mercado doméstico segue favorável para negociações, mas, ao mesmo tempo, acaba se tornando um ambiente para que se desenvolva um embate entre compradores e venderdores.
Segundo boletim do Escritório Carvalhaes, os produtores começaram de forma lenta colocar lotes a venda no mercado físico brasileiro, mas nas bases de preços oferecidas pelos compradores, os vendedores estão recuando, e no fim são poucos os negócios fechados. "Há muito interesse do comprador para todos os padrões de café, para exportação e consumo interno, porém é pequeno o interesse do vendedor nas bases oferecidas pelos compradores", completa o informativo.
Para o sócio diretor da Pine Agronegócios, Vicente Zotti, o ritmo de "férias" já deveria ter acabado, e o mercado deveria estar um pouco mais aquecido, porém, a dúvida com relação a produtividade da safra de 2025/26 tem deixado os produtores na defensiva, realizando negociações apenas de acordo com sua necessidade. "O comprador ainda não voltou para o "jogo", não está demandando café igual no final do ano passado que precisou fechar muita posição vendida descoberta. Aí vem o problema! Enquanto o comprador está oferecendo um preço bem mais baixo, o vendedor (produtor), diante das incertezas da produtividade da safra e estoques com níveis preocupantes, está pedindo um valor acima, resultando assim na perda de liquidez do mercado. Mas por enquanto, o produtor está bem capitalizado, então não está encontrando a necessidade por fluxo de caixa de realizar muitas vendas. Por isso, está mais retraído neste início de ano. Está difícil achar um equílibrio entre comprador e vendedor para as negociações", explicou o diretor.
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Na região do sul de Minas Gerais, apesar do produtor ter aproveitado os preços e jaá ter realizado boas vendas, ele continua participando do mercado. "Na área de ação da Minasul, da safra 24/25 um total de 83,4% de café já foi comercializado, e o volume que resta na mão dos cooperados até a próxima safra é o menor da história. Mesmo tendo pouco a ofertar, os produtores daqui seguem participando lentamente das negociações", contou o gerente da mesa de operações da Minasul, Heberson Sastre.
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"Pelo visto a tedência é termos um mercado físico mais lento até o início de fevereiro, para entrarem em março com os estoques zerados para receberem a nova safra. Sobre os preços, acredito que agora o comportamento da demanda diante do aumento dos preços é quem vai ditar as possíveis futuras movimentações", completou Vicente.
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