Cafeicultura sustentável é realidade no Brasil e lideranças debatem principais ações da cadeia
É unanimidade entre as principais lideranças do setor cafeeiro do Brasil: sustentabilidade é destaque e realidade país que é o maior produtor e exportador de café do mundo, e que a cada ano avança de forma sólida também com o consumo interno.
Em comemoração ao Dia Nacional do Café, celebrado nesta terça-feira, 24 de maio, a Associação Brasileira da Indústria de Café (ABIC) promoveu um encontro online com as lideranças do setor para debater as principais ações que estão sendo tomadas pelo setor no país.
Apesar de cada instituição tomar sua própria decisão em prol da cafeicultura brasileira, também é unanimidade entre as lideranças de que o setor precisa caminhar de mãos dadas para, cada vez mais, avançar em termos de produtividade, sustentabilidade econômica, social, ambiental, promoção de imagem e avanço da qualidade do café produzido no Brasil.
Celírio Inácio da Silva, diretor executivo da ABIC destacou que o objetivo do encontro foi justamente conectar todos os elos da cadeia cafeeira do Brasil. A ABIC vem, há alguns anos, realizando um forte trabalho educativo com o consumidor brasileiro, mas ressalta a importância de entender todas as pontas do agronegócio café para que as ações sejam de fato efetivas.
A missão da ABIC tem sido levar ao consumidor final as questões de ética, valores, afim de entender os hábitos de consumo e pós consumo no mercado interno. Os números foram mostrando por Aline Marotti. "O bacana é que a gente vê dentro das empresas que quando se é proposto sustentabilidade, as empresas deixam de lado o individualismo e trabalham por uma mesma causa", comentou.
Aguinaldo José de Lima, diretor de relações institucionais da Associação Brasileira da Indústria de Café Solúvel (ABICS) abriu o bate-papo destacando que a sustentabilidade já é então uma realidade para o cafeicultor. Relembrou que entre os anos 1995 e 1996, o assunto já era debatido pelo setor, o que foi se consolidando com o passar dos anos.
"A questão da sustentabilidade passa a não ser só um agregador de valor, não uma necessidade que se tem que cumprir só por uma questão ideológica, mas sim um dever de todos. E para isso é bom que seja trabalhada no conjunto, em cadeia. O solúvel entra neste contexto porque é um setor líder em produção e exportação desde que chegou ao mercado, temos a responsabilidade, além da sustentabilidade, de responder aos clientes", comenta.
Aguinaldo vai além que a importância do trabalho em conjunto é justamente porque para se chegar até o mercado externo, os produtores no Brasil precisam deste suporte e condições de levar a sustentabilidade para dentro da fazenda.
O consumidor final está cada vez mais exigente e essa também é uma realidade já conhecida do setor no Brasil. Neste sentido, o Conselho dos Exportadores de Café do Brasil, ressaltou com Marcos Matos - CEO do Cecafé, a importância de se apresentar esses dados também ao mercado externo. Relembrando ainda que apesar dos inúmeros desafios enfrentados nos últimos dois anos, seja no campo ou na logística, o Brasil continua sendo a origem produtora que entrega na hora certa e principalmente com a qualidade que se é exigida pelo mercado.
"Estamos atentos aos pontos de diversidade, qualidade, equidade de gênero, código de ética e conduta. A cada matéria negativa, por exemplo, que possa sair lá fora, é o setor exportador que precisa comprovar a eficiência da produção brasileira e essa eficiência engloba a cadeia como um todo", acrescenta.
Destaque durante o debate desta tarde, Marcos mencionou os resultados do Projeto Carbono, que comprovaram recentemente que a cafeicultura brasileira, no maior estado produtor, é carbono negativo, mas que ainda é preciso seguir avançando com os trabalhos para o produtor produzir cada vez mais de forma sustentável. "O produtor já está na linha, fazendo o que precisa, mas o mundo só vai injetar recursos se o mercado externo entender que o Brasil pode ir além quando se fala em práticas sustentáveis", explica.
Maciel Silva, coordenador de produção agrícola do sistema CNA também marcou presença trazendo o ponto de vista do produtor. Segundo ele, a Confederação entende que a sustentabilidade é movida pelo ganho de tecnologia, ciência, pesquisa e desenvolvimento. Os números de produção mostram que o país evoluiu em termos de produção, diminuição de área, mas o que se espera é que se tenha preços maiores, redução de custos e assim continuar evoluindo em termos de aumentar a produtividade.
"É importante que o produtor tenha essa visão, já que eles são os responsáveis por essas ações e as exigências vem de baixo para cima, quem dita esse ritmo é o consumidor. Precisa acelerar a expansão tecnológica para falar com mais firmeza que o Brasil tem a cafeicultura mais sustentável do mundo, o que de fato nós temos", comenta.
Traçando uma linha do tempo entre os principais pontos da história da cafeicultura, Silas Brasileiro - presidente do Conselho Nacional do Café também participou do debate, ressaltando que apesar das dificuldades ao longo do tempo, como a extinção do Instituto Brasileiro do Café (IBC), mas também as conquistas do setor como por exemplo a criação do Funcafé - linha de crédito que vem dando suporte para que o setor produtivo continue avançando cada vez mais.
"É importante mencionar que se somarmos o café que consumimos em casa e no mercado nosso consumo é muito forte e isso é graças aos projetos desenvolvidos ao longo dos anos. O café é uma cultura abençoada e considero essa iniciativa extraordinária de juntos os elos do café", complementa.
Já quando o assunto é café de qualidade, o porta-voz do setor foi Henrique Cambraia, presidente da Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA). Henrique também traçou uma linha do tempo lembrando que desde o início da Associação, em 1991, a sustentabilidade andou de mãos dadas com a qualidade do café de produtores que buscavam por mais espaço no mercado externo.
"Eles já estavam buscando trazer mais valor agregado e querendo ou não mais sustentabilidade. Naquela época já buscavam por isso e dentro dessa combinação de qualidade e sustentabilidade, gosto de lembrar das conexões que os concursos promovem", afirma. Destacou ainda que os trabalhos sendo realizados em prol da rastreabilidade, assunto também mencionado por outros participantes, também tem ajudado a colocar a cafeicultura brasileira em outro patamar.
Para encerrar a celebração, o webinar contou com a presença de Silvio Farnese, diretor do Departamento de Comercialização e Abastecimento do MAPA. O líder destacou que o café tem de fato realizado um trabalho muito elaborado entre todos os elos da cadeia.
"A prática nos mostra que nossa questão de sustentabilidade é muito bem trabalhada, esse balanço de café carbono negativo é um marco. O consumidor virou muito exigente não só no café, mas em outros elos e ele sente uma necessidade de ter certo apoio daquilo que está consumindo", pontuou.
Além disso, mencionou a infraestrutura que só é possível graças aos recursos do Funcafé. "O fundo presta serviço que ajuda a sustentar toda a questão de ambiental, de sustentabilidade e no social. O produtor tem cada mais preocupação com sua área produtiva, o que permite que ele aproveite mais dessa área disponível, mantendo as reservas para que a sociedade se beneficie de tudo isso", disse.
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