Com 'big bags' para driblar gargalo logístico, Minasul tem melhor janeiro da história em exportação de café
A cooperativa Minasul encerrou o mês de janeiro com recorde nas exportações de café. Segundo dados divulgados na manhã desta quarta-feira (2), o mês entrou para a história da cooperativa, com mais de 40 mil sacas embarcadas, apresentando assim o melhor desempenho desde que a Minasul ingressou no mercado exportador em 2015. Héberson Vilas Boas, trader da Minasul, afirma que o resultado positivo só possível graças ao sistema "break bulk" como alternativa para driblar os impasses logísticos que continuam afetando todo o setor.
A carga teve como destino final os Estados Unidos, maior parceiro comercial do Brasil quando o assunto e café e também onde atualmente estão concentrados os maiores problemas para a entrega do produto. Os impasses logísticos começaram junto com a pandemia e a Minasul tem hoje carga que há oito meses espera espaço nos navios. O tamanho da carga, segundo Héberson, é considerado pequeno, mas alerta que os problemas ainda estão longe do fim.
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Sabendo que a crise é um problema mundial e que as soluções dependem mais de fatores externos do que do setor exportador no Brasil, o trader da Minasul explica que as alternativas encontradas têm sido buscadas pelos próprios importadores. "O próprio importador tem buscado por solução. Nesse caso, ele estava levando carga de cinco exportadores, entre eles o café da Minasul. Das 40 mil sacas, cerca de 50% foi embarcada por meio de big bags, sem essa operação, não teríamos o recorde", explica.
Héberson explica ainda que neste caso a operação não ficou mais cara para o comprador, mas que ele tem um risco maior com relação à proteção do café. "O contêiner de certa forma protege o café, no formato de big bag esse risco é um pouco maior. Acredito que essa seja uma solução eficiente, mas de curto prazo enquanto os caos logístico continuar", acrescenta. A cooperativa acredita que novos embarques sejam feitos com big bags nos próximos meses.
Já quando o assunto é a volta da normalidade, Héberson comenta que o cenário ainda é de muita incerteza. As operações da Minasul mostram que quando se compara os embarques atuais com os meses de outubro e novembro de 2021, por exemplo, já é observado uma melhora de 30%, mas com expectativa de melhoras efetivas apenas no segundo semestre deste ano. A cooperativa tem uma média de exportação de 500 mil de sacas por ano.
Além da crise global, os Estados Unidos lidam ainda com escassez de mão obra na logística interna, sem operadores para descarregar as cargas, o que dificulta ainda mais a entrega do café brasileiro no exterior. Mas, segundo Eduardo Heron, diretor técnico do Conselho de Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), em relação ao mês passado, o setor observa uma ligeira melhora por lá.
"A costa oeste americana ainda continua congestionada, com ligeira melhora, mas não na proporção que vimos no mês de dezembro, quando chegamos a 100 embarcações aguardando para descarregar e carregar", afirma. No ano passado, o Brasil deixou de exportar aproximadamente 3 milhões de sacas e de receber aproximadamente US$ 465 milhões em receita.
ESTOQUES NA ICE E TENDÊNCIA DE MERCADO
Nos últimos dias, o estoque de café certificado na ICE registrou nova baixa de aproxidamante 69 mil sacas. O trader afirma que a movimentação é reflexo dos impasses logísticos, que acaba forçando o consumo do café que já está em território americano. É importante destacar que essa época do ano é de forte demanda nos Estados Unidos com o pico do inverno no Hemisfério Norte.
Com relação ao mercado, Héberson explica que os problemas na safra 22 de café vão se consolidando, refletindo os problemas climáticos e confirma mais uma vez que as boas chuvas das últimas semanas são positivas para o ano que vem, mas não mudam o cenário de oferta mais restrita neste ano.
"A Bolsa de Nova York não tem força para valores acima de 2,40/2,50. A safra 23 hoje está valendo menos que a 2022 e essa estrutura invertida é o que acaba impedindo o preço de subir. Podemos observar que o mercado está sempre tentando avançar, mas a safra 23 pesa e não deixa o preço subir", explica.
Diante deste cenário, o trader acredita em preços firmes para o café arábica, entre 2,35 e 2,45 no exterior e com o produtor ainda mantendo cautela na hora de fechar negócio. O mercado, seja ele físico ou futuro, continua travado e com o produtor aguardando para entender qual será o tamanho da produção e principalmente muito apreensivo com a aproximação do Inverno. O frio intenso e as geadas do ano passado assustou o produtor, que neste momento prefere aguardar para atender os contratos.
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