Café: Bolsa de Nova York encerra sessão desta 6ª com queda de 75 pts e estende perdas com oferta
As cotações futuras do café arábica na Bolsa de Nova York (ICE Futures US) encerraram a sessão desta sexta-feira (28) com queda de 75 pontos. O mercado estendeu as perdas da véspera ainda atento às informações de ampla oferta da safra 2018/19 no mundo, mas o câmbio limitou recuo mais expressivo.
O vencimento março/19, referência de mercado, anotou 101,00 cents/lb com queda de 75 pontos, enquanto o contrato maio/19 fechou em 104,15 cents/lb com recuo de 75 pontos.
O mercado do arábica recuou mais de 200 pontos na última quinta-feira (27). Esse movimento foi estendido nesta sexta-feira à medida em que operadores assimilavam às recentes estimativas de ampla oferta global do grão na temporada 2018/19. Além disso, movimentações técnicas também foram vistas antes do final do ano.
"A safra brasileira está sendo comercializada agora e estimativas de produção são elevadas e variam até 63,7 milhões de sacas. Essa é uma grande colheita e a principal razão para ver o preço em Nova Iorque tão baixo quanto está agora", disse o analista e vice-presidente da Price Futures Group, Jack Scoville.
Segundo informações de agências internacionais de notícias, a ampla oferta global de café já havia derrubado fortemente o mercado do arábica na semana passada, quando o contrato referência atingiu mínima de três meses em 98,60 cents/lb. Nesta semana mais curta de final de ano, o grão acumulou alta de 1,30%.
Nos últimos dias, diversas divulgações renovaram o otimismo com a safra de café. Na semana passada, a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) estimou a safra brasileira em 61,7 milhões de sacas de 60 kg. Um recorde que supera em cerca de 10 milhões de sacas o melhor desempenho até então.
"O bom resultado deve-se às condições climáticas favoráveis, proporcionando boas floradas, à melhoria do pacote tecnológico, com o uso de variedades mais produtivas como as plantas clonais em Rondônia e Mato Grosso, além da bienalidade positiva, sobretudo em lavouras da espécie arábica", disse a companhia.
Os dados da Conab corroboraram os apontados pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), que apontou anteriormente que a oferta global de café superará 10,9 milhões de sacas na safra 2018/19. O salto foi relacionado ao Brasil, que teve produção estimada em 60,2 milhões de sacas. Uma colheita recorde para o país.
Mais recentemente, a consultoria Safras & Mercado apontou a safra do país em 63,7 milhões de sacas. "Relatos de produtores, apontando resultado acima do esperado, e os armazéns cheios de café, antecipavam que a produção em 2018 era maior que a esperada inicialmente", disse o analista da Safras, Gil Carlos Barabach.
Ainda de acordo com agências, a queda no mercado do arábica foi limitada na sessão com o recuo do dólar ante o real, fator que dá suporte aos preços, e também a valorização do petróleo no cenário internacional. A commodity avança no dia mais 1%, em cerca de US$ 45 o barril.
Mercado interno
Em meio às festividades de final de ano e também por conta dos baixos preços referenciais na Bolsa de Nova York, os negócios com café seguiram lentos nas praças brasileiras nesta semana. Ao longo do ano, o cenário também foi de baixa liquidez.
"Com os preços enfraquecidos ao longo do ano, produtores de arábica e de robusta consultados pelo Cepea se mantiveram mais retraídos do mercado, mantendo a liquidez interna mais baixa", disse o Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada, da Esalq/USP).
O café tipo cereja descascado registrou maior valor de negociação em Guaxupé (MG) com saca a R$ 450,00 - estável. A maior oscilação no dia ocorreu em Lajinha (MG) com baixa de 1,20% e saca a R$ 410,00.
O tipo 4/5 registrou maior valor de negociação em Franca (SP) com saca a R$ 425,00 - estável. A maior oscilação no dia ocorreu em Poços de Caldas (MG) com queda de 1,25% e saca a R$ 395,00.
O tipo 6 duro registrou maior valor de negociação em Vitória (ES) com saca a R$ 442,00 e estabilidade. A maior oscilação ocorreu no Oeste da Bahia com baixa de 2,62% e saca a R$ 409,00.
Na quinta-feira (27), o Indicador CEPEA/ESALQ do arábica tipo 6, bebida dura para melhor, teve a saca de 60 kg cotada a R$ 414,14 e queda de 0,73%.
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Francisco Malta Cardozo Santa Lúcia - SP
O interessante é que no mercado de varejo do café torrado não houve alteração de preços, assim como na oferta da café verde nos países importadores. O que está havendo, na realidade, é uma venda acima do normal por parte dos produtores de café, os quais se encontram descapitalizados, e, consequentemente, exportadores e industriais estão auferindo grandes lucros em suas operações comerciais.