Produtores conhecem tecnologias inovadoras em Encontro da Cafeicultura no Cerrado Mineiro
O Encontro de Inovação e Tecnologia para a Cafeicultura no Cerrado Mineiro – edição 2018, realizado no último dia 11 no Centro de Excelência do Café – Campo Experimental da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (EPAMIG), em Patrocínio, MG, transferiu conhecimento e inovação para um público interessado em adotar tecnologias de ponta na produção de café. Cerca de 400 produtores, agrônomos, técnicos, pesquisadores e estudantes participaram das cinco estações de campo realizadas no período da manhã e aproximadamente 300 estiveram nas discussões e debates nas salas temáticas e painel à tarde.
As estações destacaram os temas: Programa de Melhoramento Genético do Cafeeiro da EPAMIG – Cultivares da EPAMIG para o Cerrado; Novas tendências na nutrição mineral do cafeeiro; Manejo de pragas do cafeeiro; Vazio sanitário da broca do café; Sivanto Prime, nova tecnologia para o manejo de bicho mineiro no café, produto apresentado pela Bayer, patrocinadora oficial do Encontro.
Nas salas temáticas aconteceram trocas de experiências e atividades relacionadas aos temas: Análise sensorial de cultivares da EPAMIG e materiais do Banco Ativo de Germoplasma; Cafeicultura familiar sustentável no cerrado mineiro; Experiências das mulheres na cafeicultura – Produção orgânica/agroecológicade café; Como encantar clientes com a experiência vivida na fazenda; A visão da mulher empreendedora no cerrado mineiro.
O painel deste ano promoveu debates em torno do tema “Desafios para produção de café diante das mudanças climáticas”. Pesquisadores destacaram desde a fisiologia da produção do cafeeiro na relação com impactos do déficit hídrico e de altas temperaturas, até o clima para produção do café, com desafios para a sustentabilidade da cafeicultura do cerrado e manejo do solo para mitigar os efeitos das mudanças climáticas.
Na opinião do coordenador de pesquisas da Federação dos Cafeicultores do Cerrado, João Paulo Felicori, “o evento superou as expectativas apresentando temas diversificados com os pontos mais relevantes para a cafeicultura”. O pesquisador da EPAMIG Gladyston Rodrigues Carvalho completou que “o encontro reuniu um público seleto interessado nos temas abordados, o que deixou o ambiente rico para a troca de conhecimentos”.
Segundo Mariana Heitor Portugal, da Fazenda Reserva Heitor de Patos de Minas, o evento trouxe informações essenciais para os produtores. “Percebi que realmente todos os dados estavam focados para a Região do Cerrado Mineiro. Tanto questões sobre nutrição, controle de pragas e doenças, além de genética foram direcionadas para as características do Cerrado. Isso foi muito bom, porque vamos aproveitar e aplicar novos conhecimentos e tecnologias”, afirmou a cafeicultora.
O Encontro é uma iniciativa da EPAMIG, Federação dos Cafeicultores do Cerrado – entidade gestora da Denominação de Origem Região do Cerrado Mineiro,Fundação Café do Cerrado (Fundaccer), com o apoio do Sebrae-Minas, Centro Universitário do Cerrado Patrocínio (Unicerp), Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater), Consórcio Pesquisa Café, Instituto Nacional de Ciência e Tecnologias do Café, Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG), Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e patrocínio oficial da Bayer, dentro do Projeto Aliança Bayer e Região do Cerrado Mineiro.
Estação apontou as melhores cultivares da EPAMIG para o Cerrado Mineiro
O pesquisador da EPAMIG, responsável pelo desenvolvimento de pesquisas no Cerrado Mineiro, GladystonRodrigues Carvalho, conduziu a estação sobre o Programa de Melhoramento Genético do Cafeeiro da EPAMIG – Cultivares da EPAMIG para o Cerrado. Apresentou um leque de cultivares que a empresa registrou, sendo cinco suscetíveis a ferrugem e 12 resistentes. “Desse grupo nós selecionamos cinco que acreditamos estarem prontas para serem recomendadas. Elas já têm toda informação para o agricultor plantar em função da particularidade de cada propriedade”, afirma.
O pesquisador descreveu as principais características de cada cultivar: “Topázio, amplamente plantada no cerrado mineiro, é muito boa para colheita mecanizada, principalmente para colheita seletiva, porque o fruto cereja sai com muita facilidade, enquanto o fruto verde se mantem aderido à planta; Acaiá Cerrado, material suscetível à ferrugem, tem um fruto mais graúdo, maturação um pouco mais precoce e os agricultores do cerrado já a conhecem; Catiguá MG 2, uma cultivar nova se comparada as demais, que apesar de apresentar uma peneira menor tem um bom potencial de qualidade para aqueles produtores que querem um café diferenciado; Paraíso MG 2, lançada há dois anos, com registro liberado no ano passado, porém já estava sendo cultivada pelos produtores por se destacar em resistência a ferrugem, com capacidade de desenvolvimento e produção muito elevada, além de ser muito parecida com a Catuaí, de fruto amarelo, o que tem muita aceitação no cerrado; Oeiras, resistente a ferrugem, recomendada pela EPAMIG para áreas que tem irrigação por ser um material que apresenta vigor um pouco inferior as outras”.
Carvalho destacou, ainda, um projeto de mapeamento de café, em parceria com a Fundaccer e a Federação dos Cafeicultores do Cerrado onde 12 cultivares, sendo nove da EPAMIG, são testadas nos principais ambientes do cerrado mineiro. “Nosso objetivo é recomendar, também, essas cultivares com a segurança em que estamos recomendando as outras cinco”, ressalta. De acordo com ele, apesar de ser uma região com Denominação de Origem, o cerrado mineiro tem algumas particularidades. “Queremos com este projeto dar mais confiança na recomendação e poder regionalizar esta recomendação, visto que o cerrado possui características diversificadas, com áreas de altitude elevadas e baixas, áreas irrigadas por pivô e por gotejo, entre outras”, acrescenta.
O pesquisador informa que nos próximos encontros, a estação da EPAMIG estará localizada no mesmo local, para mostrar os dados do ensaio no seu campo experimental e o resultado nas demais 25 unidades experimentais. O cafeicultor terá a oportunidade de caminhar pela estação e ver o desenvolvimento das 12 cultivares, ano a ano. Ao final do projeto, em 2021, será apresentada a recomendação oficial para o Cerrado Mineiro, com as cinco cultivares já testadas mais as 12 que estão em teste. “Queremos apresentar a recomendação oficial para o cerrado, com um leque maior de cultivares e mais riqueza de detalhes”, conclui o pesquisador.
Pesquisador “Tonico” é homenageado
Um dos maiores nomes do melhoramento genético do cafeeiro é Antônio Alves Pereira, conhecido como Tonico. O pesquisador da EPAMIG, que se dedica há mais de 40 anos a pesquisa genética do café, foi um dos responsáveis pela implantação do Campo Experimental em Patrocínio. Por este motivo, o auditório do Centro de Excelência do Café, recebeu o nome oficial de Auditório Antônio Alves Pereira “Tonico”. A cerimônia de descerramento da placa inaugural aconteceu durante do Encontro e foi marcada por forte emoção. “Agradeço a Federação dos Cafeicultores do Cerrado pela homenagem. fiquei muito horando e estendo esta homenagem a todos os meus companheiros da EPAMIG”, disse o homenageado.
IWCA e Região do Cerrado Mineiro assinam Carta de Entendimento
Outro momento marcante do Encontro foi voltado para as mulheres do café. A Aliança Internacional das Mulheres do Café (IWCA) e a Federação dos Cafeicultoresassinaram uma carta de entendimento a fim de trabalharem juntas para dar mais poderes às mulheres produtoras de café, além de motivar e obter reconhecimento da participação feminina em todos os aspectos do sistema do agronegócio da cafeicultura. A assinatura foi feita pelo presidente da Federação, Francisco Sérgio de Assis e pela representante da IWCA, Míriam Monteiro Aguiar.
Federação dos Cafeicultores e EPAMIG avançam em parceria público-privada
A Federação dos Cafeicultores do Cerrado Mineiro e a Fundação de Desenvolvimento do Cerrado (Fundaccer) estreitaram relacionamento de trabalho com a EPAMIGem reunião que aconteceu um dia antes do III Encontro de Inovação e Tecnologia para a Cafeicultura no Cerrado Mineiro, evento realizado pela parceria para transferir a tecnologia aplicada aos produtores e disseminar conhecimento. A prestação de contas do trabalho contabilizou um aporte de investimentos que chegam a R$2.445.980,00.
Uma apresentação feita pelo coordenador de pesquisa e desenvolvimento da Fundaccer, João Paulo Felicori Carvalho, demonstrou ao presidente da EPAMIG, Rui Verneque, os projetos em andamento e resultados alcançados até agora. Hoje, são mais de 100 ensaios ou experimentos acontecendo, dentro da Região do Cerrado Mineiro, que beneficiam diretamente mais de dois mil produtores com previsão de beneficiar os outros 2.500 que fazem parte da área demarcada pela Denominação de Origem. Novas variedades de café já foram geradas e estão à disposição dos produtores como: MGS Paraíso 2, MGS Ametista, MGS EPAMIG 1194 e uso do Híbrido de Timor em cruzamentos para a produção de cafés especiais.
Vários projetos, desenvolvidos pela parceria, contribuem com o desenvolvimento da cafeicultura. Um dos mais relevantes é o trabalho Unidades Demonstrativas para Validação de Cultivares de Cafeeiro para a Região do Cerrado Mineiro, onde foram implantados 26 campos experimentais em 12 municípios para avaliar 12 cultivares em relação à produtividade, qualidade de bebida, resistência a pragas e doenças, entre outros. O objetivo é identificar o comportamento das cultivares nas diversas microrregiões onde as unidades estão instaladas para indicar, com mais confiança, as melhores cultivares para cada ambiente.Outro trabalho importante visa identificar acessos do Banco de Germoplasma de Café da EPAMIG com potencial de produção de cafés para bebidas exóticas e diferenciadas. Ao longo de três anos serão provadas 833 amostras.
Várias pesquisas relacionadas à sustentabilidade do café estão em andamento como: Prospecção e diagnóstico dos focos de nematóides nos municípios da Região, com apoio da Emater; Teste de novos materiais resistentes a pragas e doenças implantados em áreas com nematoides; Avaliação da microbiota do solo e levantamento fitossociológica na Região – estudo que avalia a distribuição das espécies vegetais (plantas daninhas) no Cerrado Mineiro; Campanha de combate a broca-do-café, que teve por objetivo conscientizar os produtores da importância de uma colheita bem feita, não deixando grãos remanescentes na lavoura e, com isso, eliminando o local de sobrevivência da broca no período da entressafra.
Uma das novas propostas de trabalho, discutida pelos representantes da parceria, é a revitalização do Campo Experimental de Patrocínio, onde se encontram diversos ensaios do Programa de Melhoramento Genético da EPAMIG, o Banco Ativo de Germoplasma, além de outros experimentos nas áreas de nutrição, controle de pragas e doenças, produção e venda de sementes, entre outros. A proposta prevê a reorganização das estruturas e adequação dos recursos humanos, como a alocação de pesquisadores para o Campo Experimental visando facilitar o desenvolvimento de novos projetos e convênios. Na opinião do presidente da EPAMIG, “são melhorias fundamentais para o desenvolvimento da cafeicultura, que serão levadas e debatidas com a equipe da EPAMIG”.
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