Procafé: No cafezal, mato bom é mato seco/morto

Publicado em 16/05/2018 15:09

A concorrência do mato com os cafeeiros se estabelece na forma de competição por elementos essenciais ao crescimento e produtividade da lavoura - a água, os nutrientes e a luz.  O controle das ervas, na forma adequada, reduz essa concorrência e, ainda, pode aproveitar os nutrientes extraidos, do solo, pelas plantas daninhas, liberados depois delas serem secas ou mortas.

Ultimamente tem havido, nas lavouras de café,  um manejo do mato onde se prioriza a manutenção das ervas vegetando por longos períodos, quando se conhece, de diversas pesquisas, com grande numero de safras avaliadas, que os cafeeiros mantidos mais no limpo acabam apresentando os melhores desempenhos produtivos.

Então, quais seriam os motivos das orientações no sentido da permanência de maior infestação de ervas no cafezal. Alguns experimentos recentes buscam esclarecer se isso procede tecnicamente. No primeiro trabalho foi evidenciada uma grande extração de nutrientes do solo pelas ervas, as quais, em 3 cortes, simulando roçadas, produziram de 7- 9 toneladas de matéria seca por ha, representado a imobilização, nas ervas, de cerca   180-300 kg de NK por ha (tabela 1). No segundo e terceiro, onde se compara diferentes sistemas de manejo do mato, com herbicidas e  com cultivo de braquiária, foi observado, após 3 safras,  no máximo,  produtividade igual, sem ganhos pelo uso da brachiaria, sendo que num deles ocorreram perdas produtivas de   25% pelo cultivo da braquiária.(tabelas 2 e 3). A evolução desses ensaios poderá manter ou alterar esses resultados, válidos para as primeiras safras.

Finalmente, pesquisa que acaba de ser realizada mostra que é importante o mato, no caso, a brachiaria, estar seca ou morta para liberar o potássio contido na sua folhagem. Verifica-se (tabela 4) que com a colocação de água, simulando o que ocorre com chuvas, as folhas verdes da erva pouco liberam do K (apenas 40%) mesmo assim seria reabsorvido pelas próprias ervas vivas. Com a aplicação de glifosato ou a roçada, onde as ervas são mortas e secas, a liberação imediata do potássio da folhagem dessas ervas é de mais de 80%, este nutriente, na condição do mato morto, não sendo reciclado/aproveitado pelo próprio mato, mas ficando disponível para os cafeeiros. No caso do nitrogênio, conforme já conhecido, nenhuma  liberação ocorre no curto prazo, necessitando de tempo, para decomposição da matéria orgânica. Os dados de análise foliar do cafeeiro (tabela2), também confirmam isso. Os teores de K são  maiores nas parcelas onde o mato é roçado, desequilibrando para magnésio, este nutriente em níveis superiores nos tratamentos com herbicidas.

Em conclusão, diante dos dados experimentais, pode-se dizer que – 1- O mato, incluída a brachiária, retira do solo grandes quantidades de nutrientes, por isso devendo-se ter cuidados no seu manejo/controle. 2- No sistema de manejo com mato roçado, a prática deve ser cuidadosa, compensando com mais adubação e colocando  o mato junto à linha de cafeeiros, de forma a haver efeito compensatório em termos de cobertura morta e liberação do potássio aos cafeeiros. 3- Após janeiro/fevereiro, época critica de granação dos frutos do cafeeiro, é importante matar todo o mato, de forma a que todos os nutrientes presentes  no solo (dele ou dos adubos)  e o próprio potássio das ervas fiquem disponíveis para os cafeeiros.

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