Procafé: Traqueomicose avança em lavouras de café conillon no Espirito Santo
A traqueomicose, uma doença que ataca o tronco de cafeeiros conillon, vem aumentando seu ataque e já causa prejuízos, matando as plantas em muitas lavouras do Norte do Espirito Santo e área contigua do Sul da Bahia.
Identificada a partir de 2012 em Pirapora-MG e a partir de 2014 na região Norte do ES, a doença ganha importância nas regiões produtores de café conillon e já causa preocupação, aos cafeicultores e aos técnicos que os assistem.
Ainda existem duvidas, mas, apesar do pouco tempo, já se aprendeu bastante sobre o comportamento da doença. Traqueomicose significa doença causada por fungos, que atinge os vasos da planta. No Brasil não vinha tendo problemas sérios com este tipo de doença em cafeeiros. Até faz uns 6 anos atrás era observada, apenas, uma fusariose branda em cafeeiros arábica, que ocorre em plantas bem velhas e progride lentamente, sem apresentar problemas de natureza econômica significativa.
Os problemas do ataque em troncos de cafeeiros conillon, verificados nos últimos anos, levam à morte parcial ou de um todo de plantas, sintomas semelhantes àqueles causados pela temível doença traqueomicose ou murcha vascular ou CWD (coffee wilt disease), a qual provoca severos prejuízos na cafeicultura de robusta, em diversos países africanos – no Congo, em Uganda e Ruanda, sendo causada pelo fungo Fusarium xylarioides ou Gibberella xilarioides, transmitida, de uma planta a outra, pelos utensílios de poda, como facões.
Em visitas a campo, feitas recentemente, nas áreas de conillon em Aracruz, Linhares e Jaguaré, Norte do ES, foi possível verificar a crescente gravidade de ataque, justamente pelo uso em maior escala de podas em cafeeiros conillon. Observou-se que plantas novas, onde ainda não foram feitas podas, a doença não aparece. Já, nos cafeeiros podados, seja naqueles onde se recepa hastes para a sua troca por novas, seja naqueles onde se faz o corte da ramagem lateral, para a colheita de ramos, as ferramentas(serra ou foicinha) usadas, ao ferir o tronco facilitam a contaminação, levando o fungo de uma planta doente pra outra sadia. Nesse sentido, pode-se ver, bem no inicio, o desenvolvimento de lesões junto aos ferimentos. Nas mesmas lavouras, logo abaixo dos cafeeiros doentes, mudas que nascem junto a eles ficam sadias, evidenciando que o fungo não consegue atacar via raízes.
As plantas atacadas mostram, inicialmente, uma ou mais hastes com folhas amareladas, depois segue-se a murcha e seca da copa. Ao se cortar o tronco pode-se ver o tecido dos vasos e lenho escuros.
Outra observação interessante foi a de que cafeeiros de certos clones são muito susceptíveis, enquanto de outros, ao lado, se mostrar praticamente sem a doença. Este é o caso dos clones LB 1 e P1, muito susceptíveis e do A1, este quase sem ataque.
Quanto ao agente causal, por duas vezes foi identificada a presença de Fusarium nos tecidos doentes do tronco, porem ainda não se tem uma identificação perfeita. Alguns técnicos da região levantaram a hipótese de causa abiótica, no entanto, as características de ocorrência da doença, em apenas parte da planta, de atacar cafeeiros só depois de iniciadas as podas e, ainda, de ocorrer em plantas de certos clones e de outros não, embora vizinhas, dão certeza da causa biótica da doença.
Com base nas observações feitas podem ser indicadas medidas de prevenção/controle conforme em seguida - 1- Desinfetar as ferramentas usadas para as podas – Usar água sanitária diluída em água, podendo-se complementar por desinfecção de partes podadas 2- Eliminar plantas no inicio da doença, quando a planta mostra os sintomas iniciais, para evitar a contaminação de outras, pelas podas. 3- Replantar plantas que morrem com a doença.4- Observar o comportamento de cada clone e usar apenas clones que tenham resistência. 5- Adotar sistemas de manejo com menos podas.(plantios mais juntos, com condução de poucas hastes (uma ou duas/pl).
J.B. Matiello – Eng Agr Fundação Procafé, Franco Cosme e Robson R. Campos -Engs Agrs Defesa Agrícola e Bruno S. Marques Eng Agr Ihara.
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