Café: NY fecha semana praticamente estável no acumulado, mas preços caem no Brasil com dólar
Apesar de apresentar oscilações dos dois lados da tabela, as cotações futuras do café arábica na Bolsa de Nova York (ICE Futures US) não esboçaram um direcionamento definido e também não conseguiram romper as margens recentes e fecharam a semana com alta acumulada de cerca de 0,50% nos principais vencimentos. Na conversão em real, no entanto, a variação foi negativa, de mais de 1%. O dólar comercial fechou no período com queda acumulada de 1,36% e pressionou os preços do grão no Brasil.
Nesta sexta, o contrato março/17 encerrou o dia cotado a 140,80 cents/lb com 105 pontos de alta, o maio/17, referência de mercado, anotou 142,05 cents/lb com valorização de 60 pontos. Já o vencimento julho/17 encerrou o dia a 144,35 cents/lb também com avanço de 60 pontos e o setembro/17, mais distante, subiu 65 pontos, a 146,65 cents/lb.
O analista de mercado e vice-presidente da Price Futures Group, Jack Scoville, disse em seu boletim diário Morning Grains, que o dólar americano mais fraco apoiou os mercados. Ele apontou ainda que a Bolsa de Nova York testa um suporte próximo dos US$ 1,40 por libra-peso e que parece formar um piso. Na véspera, as cotações da variedade chegaram a subir mais de 300 pontos, mas fecharam com leve alta nesse mesmo patamar.
Durante praticamente toda a semana o mercado do café arábica na ICE oscilou baseado em indicadores técnicos e no câmbio, que impacta as exportações. "Negociadores disseram que o mercado foi apoiado por variáveis técnicas mais firmes e grandes ganhos no real, apesar dos futuros do arábica terem recuado um pouco à medida que o real voltou a ficar mais baixo em relação ao dólar americano", disse ontem (16) a agência de notícias Reuters.
O dólar comercial caiu no dia 0,47%, a R$ 3,1008 na venda, mas chegou a ficar abaixo de R$ 3,10, com investidores bastante cautelosos com o cenário político e econômico em um dia que a divisa estrangeira também apresentou queda em relação a outras divisas de emergentes no exterior. Com o dólar mais baixo, as exportações da commodity tendem a cair externamente e os preços sobem. Já na composição dos preços internos no Brasil ocorre o cenário inverso. Na semana, a divisa acumulou desvalorização de 1,36%.
As exportações dos cafés do Brasil no ano-safra 2016/2017, totalizaram 23,02 milhões de sacas de 60 kg com receita cambial de US$ 3,94 bilhões de receita cambial, ao preço médio de US$ l71,19 a saca. As informações são do Cecafé (Conselho dos Exportadores de Café do Brasil).
É consenso entre os analistas de mercado que a Bolsa de Nova York carece de novidades no momento, tanto para que as cotações avancem acima de US$ 1,40/lb, quanto para abaixo disso. Há a confirmação dos envolvidos de que a safra brasileira do ano passado foi melhor do que se imaginava e a perspectiva de que a produção neste ano de bienalidade negativa também pode superar as perspectivas inicias com a melhora do clima.
Durante a semana, o analista da Origem Corretora, Anilton Machado, disse que o mercado apresentou oscilação curta e que acumulou altas e baixas, mas sem sair do teto apresentado. Para ele, um fator que poderia estimular altas são os fundos, mas estes trabalham em posição cautelosa. O analista também não acredita em uma queda, definindo a situação como um "marasmo nos últimos dias".
A falta de novidades no mercado também foi destaque em relatório de Jack Scoville, que disse que "não há nada de muito novo para o mercado absorver". A demanda dos torrefadores não tem sido forte, embora vários deles estejam comprando futuros para corrigir os diferenciais de compras feitas anteriormente.
O Rabobank, um dos maiores bancos especializados em commodities do mundo, reportou que a safra 2017/18 de café arábica do Brasil deve totalizar 36,7 milhões de sacas de 60 kg, ante 42 milhões de sacas em 2016. "Com uma perspectiva menor para o arábica neste ano e com as expectativas de que o real (brasileiro) permaneça estável, nos sentimos confortáveis com uma previsão de preços para o primeiro semestre de 2017 acima do mercado atual", disse em relatório o analista sênior de commodity do Rabobank, Carlos Mera.
Segundo estimativa do presidente da Cooxupé (Cooperativa Regional de Cafeicultores em Guaxupé), Carlos Paulino da Costa, durante entrevista na 2ª Feira de Máquinas e Implementos Agrícolas, em Coromandel (MG), a produção de café no Brasil, maior produtor e exportador do grão no mundo, deve ficar abaixo do consumo interno e exportação neste ano.
"Dentro de uma média [levando em conta várias estimativas], a produção vai ser inferior ao consumo. A produção está mais ou menos entre 47 a 48 milhões de sacas e o consumo é de 52 a 53 milhões, entre exportação e consumo interno", disse Paulino.
Uma frente fria que está no Paraná avança pelo Sudeste entre esta sexta e o fim de semana e deve levar chuvas para áreas produtoras nos próximos dias, mas os volumes podem decepcionar os produtores. O Inmet, por exemplo, indica menos de 10 milímetros até o domingo para áreas produtoras de Minas Gerais e Espírito Santo.
Mercado interno
O mercado físico brasileiro seguiu com negócios isolados durante a semana. Os preços ofertados pelo café no país estão descolados do desejo de produtor e ocorrem apenas transações isoladas. "Dá a impressão de que nem os R$ 500,00 agrada o produtor", disse ontem o coordenador de mercado do café da Cooxupé (Cooperativa Regional de Cafeicultores em Guaxupé), Edson Mendonça.
Para o presidente da Cooxupé, os patamares atuais de preço não remuneram bem os produtores. "Os preços entre R$ 470,00 e R$ 500,00 a saca não dão rentabilidade e alguns nem tem lucro. De modo que eles [produtores] têm que estar muito atentos a gestão de sua propriedade para poder sobreviver dentro desse preço".
No fechamento semanal, o campo negativo prevaleceu na maioria das praças de comercialização verificadas pelo Notícias Agrícolas. O dólar em queda contribuiu para as perdas internas.
O tipo cereja descascado anotou maior variação na semana em Varginha (MG) com queda de 2,83% (-R$ 15,00), encerrando a R$ 515,00 a saca. Espírito Santo do Pinhal (SP) teve o maior valor de negociação dentre as praças no período com saca a R$ 530,00 e queda de 1,85%.
No tipo 4, a maior variação na semana também foi registrada em Varginha (MG), com desvalorização de 2,91% (-R$ 15,00) e saca a R$ 500,00. A cidade com o maior valor de negociação na semana foi Guaxupé (MG) com R$ 543,00 a saca e alta de 2,45%.
O tipo 6 duro teve maior oscilação na semana em Patrocínio (MG) (-2,97%) e Varginha (MG) (-2,94%), ambas com queda de R$ 15,00, respectivamente, R$ 490,00 e R$ 495,00 a saca. As praças com maior valor no período foram Araguari (MG) (estável), Espírito Santo do Pinhal (SP) (estável), Média RS (-0,99%) e Oeste da Bahia (BA) (-0,50%), ambas com saca a R$ 500,00.
Na quinta-feira (16), o Indicador CEPEA/ESALQ do arábica tipo 6, bebida dura para melhor, teve a saca de 60 kg cotada a R$ 488,43 com queda de 0,05%.
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