Café: Retorno da seca no Brasil pode fazer produto ser vencedor dentre as commodities em 2017
Os futuros do café estão mais altos com as regiões produtoras do Brasil sitiadas pela seca no ano passado e indo para mais condições áridas neste ano. Não houve nenhuma chuva significativa por quase um mês no estado do Espirito Santo, maior produtor da variedade robusta no país. Por lá ficou tão seco que o governo restabeleceu os limites de irrigação.
Os preços para o robusta, usado no café instantâneo, estão perto de uma máxima de quatro anos em Londres com preocupações em relação à oferta. Isso também está impulsionando os grãos arábica, com apostas de que os futuros tenham o maior avanço dentre os componentes do Bloomberg Commodity Index neste ano. Na semana passada, os Fundos hedge levantaram suas apostas de um rally pela primeira vez em dois meses.
"Há muitos motivos para ser otimista", disse Harish Sundaresh, gerente de carteiras e analista de commodities em Boston para a equipe de Loomis Sayles Alpha Strategies, que supervisiona US$ 5 bilhões. "Estamos começando o ano com estoques muito baixos, e os principais centros de produção, Brasil e Vietnã, terão produção menor".
Posição dos Fundos
A participação líquida do café arábica subiu 60% para 13.565 futuros e opções na semana encerrada em 10 de janeiro, de acordo com dados da CFTC (Commodity Futures Trading Commission), dos Estados Unidos, publicada três dias depois. Esse é o maior ganho desde junho. Os preços subiram 4,5% na semana passada para US$ 1,493 por libra-peso na ICE Futures US, em Nova York, é o maior rally desde outubro. Os futuros do robusta em Londres subiram 2,9% na semana passada.
A safra de robusta de 2016 no Brasil, maior produtor e exportador de café do mundo, encolheu para o menor volume em uma década. Os futuros registraram um ganho anual de 40%, enquanto a arábica subiu 8,2%.
Houve algumas esperanças de alívio da seca no final do ano passado, quando os rios se recuperaram no Espírito Santo e o governo do estado revisou as restrições com o bombeamento de água, medida que estava em vigor desde outubro de 2015. Mas o otimismo durou pouco. O tempo seco retornou e as limitações de irrigação foram restabelecidas na semana passada.
Arthur Heleodoro Covre, um fazendeiro de quinta geração que plantou 2,5 mil hectares de robusta em oito fazendas no norte do Espírito Santo, disse que só conseguiu bombear água suficiente para cerca de 30% de suas colheitas antes da nova restrição.
Segundo Covre, sua safra chegaria a 30 mil sacas na safra que começa em abril, mas a seca deve fazer com que sua previsão inicial caía pelo menos 5%, disse em entrevista telefônica do município de Pinheiros (ES). Uma saca pesa 60 kg ou 132 libras.
Somando-se aos problemas de oferta, as chuvas prolongadas prejudicam a qualidade das colheitas no Vietnã, e uma produção menor também é esperada na Indonésia. Com o robusta ficando mais difícil de se encontrar, mais torradores de café estão usando o grão arábica, empurrando os preços dessa commodity para cima.
À medida que a demanda sobe para o arábica, os estoques monitorados pela ICE exchange caíram 13 trimestres consecutivos, a maior queda desde que os dados começaram em 1995. Os estoques estão perto do nível mais baixo desde 2000.
Custos da Folgers
A oferta mais apertada está alimentando os custos do varejo. A JM Smucker Co. disse na semana passada que aumentou os preços para a maioria dos seus produtos de café embalado vendidos nos EUA em 6%, em média. A Smucker é fabricante da Folgers, uma marca amplamente vendida e conhecida por seu jingle "best-part-of-waking-up".
Mesmo com a seca atormentando as regiões robusta, as culturas de arábica do Brasil se beneficiaram com o clima geralmente favorável. O governo estima que os agricultores colheram uma safra recorde do grão arábica na safra atual. O Citigroup Inc. aumentou na semana passada sua previsão de produção global na temporada em cerca de 3 milhões de sacas para 148,2 milhões, também citando uma perspectiva construtiva para a colheita na Colômbia.
Ainda assim, a maioria das plantas arábica do Brasil terão baixa produtividade por conta da safra bienal do café a partir de maio. Isso significa que a safra da próxima temporada poderia cair em até 30%, disse O Cepea, unidade de pesquisa da Universidade de São Paulo, em um relatório divulgado na semana passada.
Ao mesmo tempo, o calor intenso poderia exacerbar ainda mais as condições secas para as plantas robusta. Desde 1º de janeiro, a média das altas temperaturas nas áreas de cultivo do Espirito Santo era de 32,9 °C, de acordo com Olivia Nunes, meteorologista da Somar Meteorologia. Isso é quase 2°C acima da média histórica.
"Levando em consideração o equilíbrio entre oferta e demanda e o clima, a volatilidade provavelmente será alta nos próximos seis meses", disse Hernando de la Roche, vice-presidente sênior da INTL FCStone em Miami. "A longo prazo, baixos estoques, especialmente nos países produtores, apoiarão o mercado. O equilíbrio é apertado".
Tradução: Jhonatas Simião
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