Café: Após oscilar dos dois lados da tabela, NY fecha em baixa e dá continuidade às perdas da semana
Após oscilarem dos dois lados da tabela durante a sessão, as cotações futuras do café arábica na Bolsa de Nova York (ICE Futures US) fecharam esta quinta-feira (8) praticamente estáveis, mas ainda assim do lado vermelho da tabela, seguindo os mesmos fatores baixistas dos últimos dias. Os operadores no terminal externo estão cada vez menos temerosos com a possibilidade de desabastecimento do grão no próximo. O câmbio e a atuação dos fundos de investimento também contribuem para a desvalorização.
O contrato março/17 fechou a sessão de hoje cotado a 141,50 cents/lb com 20 pontos de queda, o maio/17 registrou 143,90 cents/lb com 15 pontos de desvalorização. Já o vencimento julho/17 anotou 145,95 cents/lb com 25 pontos de baixa e o setembro/17, mais distante, terminou o dia a 148,00 cents/lb com 25 pontos de recuo. Essa é a quarta queda consecutiva na semana.
Esse movimento corretivo presenciado nos futuros nesta quinta também foi visto na véspera, quando os principais vencimentos perderam o patamar de US$ 1,45 por libra-peso. Ainda assim, o tom negativo das cotações voltou com força ao mercado. Os operadores externos repercutem nos últimos dias a redução nos temores com o desabastecimento do grão diante da melhora climática no cinturão produtivo do Brasil e o câmbio.
Institutos meteorológicos ressaltam chuvas acima da média para o período em diversas localidades. A semana começa com chuvas fortes no Sul do Espírito Santo e Zona da Mata de Minas Gerais. Outras áreas recebem precipitações isoladas.
Segundo o analista e vice-presidente da Price Futures Group, Jack Scoville, diante desses fatores o mercado do café não apresenta sinais de recuperação tão cedo. "A venda parece implacável, mas o problema é que não há realmente uma boa razão para comprar agora", disse Scoville ao site internacional Agrimoney.
Para se ter ideia do otimismo com o equilíbrio entre oferta e demanda no próximo ano. Na semana passada, a corretora Marex Spectron divulgou em relatório que prevê superávit global de 300 mil sacas de 60 kg na temporada 2016/17. "Nós incluímos a liberação de estoques pelo governo brasileiro no balanço, o que deixa um superávit mínimo", disse a Marex à agência de notícias Reuters.
Apesar das preocupações cada vez menores dos operadores externos com a oferta de café, para o analista de mercado do Escritório Carvalhaes, Eduardo Carvalhaes, o Brasil pode enfrentar sim dificuldades na próxima safra. Dependendo da condição das chuvas, a produção será de ciclo baixo para o arábica e, para o conilon, deve ser bastante prejudicada. Os estoques do Governo Federal também devem chegar ao fim.
A saída dos fundos de investimento do mercado e o câmbio também contribuem para o movimento de baixa visto nas cotações externas do café arábica. Nesta quinta, no entanto, a moeda norte-americana caiu no dia 0,62%, vendida a R$ 3,3830. O dólar impacta diretamente nas exportações da commodity e suas oscilações tendem a impactar diretamente os preços do grão.
Segundo informação do Agrimoney, a queda no mercado do café – hoje completa a quarta sessão seguida – pode ser reduzida nos próximos dias uma vez que há uma demanda "surpreendentemente elevada" no mercado, embora não seja o bastante para abastecer os valores novamente em alta.
"Os negócios serão de 132 a 152 centavos de dólar a libra peso nos próximos meses", disse Carlos Mera, analista sênior de commodities do Rabobank, observando que a queda "impressionante" dos preços do café arábica reduziu seu prêmio para o robusta em Londres a cerca de 50 centavos a libra peso. "É o que os fundamentos sugerem", diz.
Em novembro, as exportações de café brasileiro somaram 3,07 milhões de sacas de 60kg, segundo reportou o Cecafé (Conselho dos Exportadores de Café do Brasil) nesta terça. Em comparação com o mesmo período de 2015, houve uma queda de 12,2%, devido à redução dos embarques de café conilon e a impactos sentidos com a greve alfandegária no Porto de Santos, que comprometeu o processamento de certificados de exportação. A receita cambial foi de US$ 547,3 milhões no período.
Mercado interno
No mercado físico brasileiro, seguem isolados os negócios com café. Os produtores do grão dão cada vez mais indícios de que as transações serão deixadas para o próximo ano, segundo o analista de mercado do Escritório Carvalhaes, Eduardo Carvalhaes. É claro que são realizados alguns negócios, mas não no ritmo esperado. Além disso, soma-se o fator dos solavancos na economia e as ameaças de importação de café, que deixam os cafeicultores preocupados.
O café cereja descascado registrou maior valor de negociação no dia em Espírito Santo do Pinhal (SP) com negócios em R$ 620,00 a saca e queda de 1,59%. A maior variação no dia dentre as praças de comercialização ocorreu Poços de Caldas (MG) com queda de 5,15% e saca a R$ 571,00.
O tipo 4/5 anotou maior valor em Guaxupé (MG) com 574,00 a saca – estável. A maior variação no dia ocorreu em Poços de Caldas (MG) com baixa de 6,69% e saca a R$ 516,00.
O tipo 6 duro teve maior valor de negociação no dia em Patrocínio (MG) com R$ 550,00 a saca – estável. A maior oscilação no dia para o tipo ocorreu em Poços de Caldas (MG) com recuo de 6,27% e saca a R$ 508,00.
Na quarta-feira (7), o Indicador CEPEA/ESALQ do arábica tipo 6, bebida dura para melhor, teve a saca de 60 kg cotada a R$ 511,02 com queda de 1,51%.
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