Café: Com dólar e chuvas no Brasil, Nova York fecha com maior recuo em sete semanas nesta 3ª feira
Nesta terça-feira (29), as cotações futuras do café arábica na Bolsa de Nova York (ICE Futures US) registraram a maior queda em sete semanas, pressionadas pelo cenário de câmbio e chuvas no Brasil. Durante toda a sessão, o mercado operou do lado vermelho da tabela, após registrar ganhos acima dos 100 pontos no pregão anterior.
O vencimento março/17 encerra o dia com desvalorização de 360 pontos e cotado a 153,05 cents/lb. Já maio/17 fecha a sessão com negociação em 155,35 cents/lb, após ceder 355 pontos, assim como julho/17 que tem referência de 157,40 cents/lb. O contrato setembro/17 caiu 350 pontos na sessão e valendo 159,30 cents/lb.
Segundo informações da agência Reuters, o mercado registrou ajustes diante de uma movimentação de vendas generalizadas. Além disto, as cotações também foram pressionadas pelo cenário climático favorável para o desenvolvimento da safra de café da temporada 2017/2018. Chuvas estão previstas para o cinturão de café do Brasil, segundo apontam informações dos principais institutos meteorológicos. Uma nova frente fria trouxe precipitações para os próximos cinco dias, principalmente em São Paulo, Minas Gerais e Espírito Santo.
Com isso, o analista do Escritório Carvalhaes, Eduardo Carvalhaes, explica que o cenário traz certo alívio às bolsas internacionais, diminuindo a preocupação com o abastecimento no próximo ano. Além disto, o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) chegou a revisar os números da safra de café 2015/2016 na última semana, que também contribui para baixas nos futuros do arábica. Apesar disto, Carvalhaes explica que o cenário em relação à oferta de café continua preocupante, visto que a próxima safra é de baixa bienalidade.
Em seu relatório semanal, o diretor de commodities do Banco Société Générale, Rodrigo Costa, explica que os futuros do café estavam rompendo patamares importantes com as constantes quedas nas bolsas internacionais. “É importante o Março ficar acima de US$ 155.40 centavos/libra, onde está a média-móvel de 100 dias, caso contrário Nova Iorque pode buscar os US$ 148.60 centavos, outro ponto-chave para não reverter a atual aposta na alta dos preços em baixa”, explica.
O recuo do dólar no Brasil também contribuiu para a formação de preços nos mercado internacionais. No fechamento de hoje, a moeda ficou cotada a R$ 3,3957 na venda, com alta de 0,33%. O pregão refletiu a queda significativa nos preços do petróleo – que também influenciou as demais commodities – e também o cenário político no país.
Mercado interno
Os negócios no Brasil continuam em ritmo lento, principalmente com as incertezas no mercado internacional. Eduardo Carvalhaes explica que o produtor de café está retraído e segurando negócios à espera de patamares mais favoráveis de preços.
Segundo o analista da Origem Corretora, Anilton Machado, este cenário de lentidão também já começa a refletir no valor da saca nas praças de comercialização. "Este período já é caracterizado por poucos negócios, muitos produtores deixam suas vendas para o início do ano em função do imposto de renda", explica em boletim.
Para o cereja descascado, houve recuo de 2,59%, com negócios a R$ 565,00 pela saca de 60 quilos. Já em Poços de Caldas (MG), o dia foi de valorização – de 1,71% –, com referência de R$ 594,00 pela saca.
No tipo 4/5, a maior queda ocorreu em Guaxupé (MG), com desvalorização de 2,65% e cotação a R$ 550,00 pela saca de 60 quilos. Em Franca (SP), as referência anotou queda de 2,50% no dia e a saca é negociada em R$ 585,00.
O tipo 6 duro registrou queda de 3,45% em Araguari (MG), com referência de R$ 560,00 pela saca de 60 quilos. Em Franca (SP), os preços cederam 2,59%, com cotação de R$ 565,00 pela saca de 60 quilos.
Na segunda-feira (28), o Indicador CEPEA/ESALQ do arábica tipo 6, bebida dura para melhor, teve a saca de 60 kg cotada a R$ 549,13 com recuo de 0,12%.
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