Café: Pesquisas da EPAMIG melhoram qualidade da bebida
A preocupação com a qualidade da bebida café começa no campo, mesmo que a prova final seja feita pelo paladar do consumidor, cada vez mais exigente. Pesquisadores da EPAMIG trabalham na identificação de grãos de café superiores com potencial para obter bebida com nuances, aromas e sabores distintos, conhecida pelo mercado como exótica ou café de boutique. Grande parte desses grãos é extraída nos Campos Experimentais da EPAMIG em Araxá e Patrocínio – onde está localizado o Banco Ativo de Germoplasma de Café, um dos maiores do país.
De acordo com o coordenador do Programa Estadual de Cafeicultura da EPAMIG, César Elias Botelho, está ocorrendo com o café o que aconteceu com o vinho, quando foram desenvolvidas variedades específicas de uva para produção da bebida com sabor e aroma mais apurados. Segundo ele, o Banco de Germoplasma tem papel fundamental na identificação do café exótico, além de ser importante para a história e evolução da cafeicultura do Cerrado com várias pesquisas de resistência, melhoramento genético e do grão especial para bebida. “É grande a possibilidade de identificar novos materiais com as características que o mercado demanda no momento, obtendo um grão de café cada vez melhor para qualidade da bebida”, ressalta.
O pesquisador informa que algumas cultivares da EPAMIG obtiveram pontuações altas para café especial. Elas foram classificadas numa escala que vai de 86, 87 até 90 pontos. Porém, este material ainda não entra no mercado de exótico. “Apenas a cultivar Catiguá MG2, já lançada no mercado, foi considerada exótica por alguns provadores por ter um diferencial de acidez e doçura”, diz. Regiões altas do município de Patrocínio, como o Chapadão dos Ferros, são propícias para o cultivo deste tipo de grão especial.
Araxá também possui características de relevo, solo e clima ideais para o grão especial. De acordo com César Botelho, as condições climáticas são excelentes para produção do café, com quantidade de chuvas um pouco maior. “Influencia no desenvolvimento das plantas resultando em peneira alta, ou seja, em um grão graúdo”, salienta. Esta constatação foi feita na safra de 2015, quando o café produzido no Planalto de Araxá foi comparado ao de outras regiões do Estado. “Todas as cultivares produziram grãos com maior percentual de peneira alta em relação a outras regiões, fator importante para atender ao mercado de café expresso que exige sementes mais graúdas”, ressalta.
Em setembro, deste ano, foi colhido material da terceira safra de café para pesquisa em Araxá. Esta semana, as avaliações desse material foram finalizadas. Segundo o gerente do Campo Experimental, Oswaldo Rodrigues Ferreira, a variedade da EPAMIG MGS Aranãs, juntamente com a 125 IAC RN, Catuaí Amarelo IAC 62 e Catuaí Vermelho IAC 144, desenvolvidas pelo Instituto Agronômico de Campinas (IAC), foram as que mais se destacaram em produtividade. “A variedade 125 IAC RN teve uma produtividade extraordinária”, comenta.
Devido ao potencial para o cultivo do chamado café de altitude na região do Planalto de Araxá, a EPAMIG instalou vários experimentos de competições de cultivares, por meio de projetos do Consórcio de Pesquisa Café – EPAMIG/Embrapa Café, com foco principal na qualidade superior da bebida. A seleção é feita baseada em 25 cultivares e progênies. São avaliadas cultivares da EPAMIG, do IAC, da Fundação Procafé e do Instituto Agronômico do Paraná (IAPAR) para seleção das mais adaptadas à região, nas condições do Cerrado.
Para o superintendente da Federação dos Cafeicultores do Cerrado, Juliano Tarabal, as pesquisas da EPAMIG desenvolvidas em Patrocínio e Araxá têm uma importância estratégica para a Região do Cerrado Mineiro e para a cafeicultura do Brasil como um todo. “Isso devido, principalmente, ao trabalho muito bem desenvolvido no que tange ao melhoramento genético de variedades, do qual já derivaram variedades como a Catiguá MG2 que tem apresentado excelentes resultados em qualidade de bebida”, destaca.
As pesquisas nos Campos Experimentais de Araxá e Patrocínio são acompanhadas pelo pesquisador da EPAMIG Antônio Alves Pereira num intenso trabalho de seleção de progênies, que já resultou no lançamento de várias cultivares.
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