CNC: Diante da proximidade da colheita brasileira, futuros do café reagem timidamente ante a desvalorização do dólar em abril
Boletim Conjuntural do Mercado de Café
— Abril de 2015 —
O mercado futuro do café arábica acumulou discreta valorização em abril, motivada principalmente pela tendência de queda do dólar. A proximidade da colheita nacional e o aumento das especulações devido à divulgação de estimativas internacionais sem embasamento de campo para a temporada 2015/16 do Brasil impediram maior reação dos preços futuros diante da recuperação do real ante a divisa norte-americana.
As sucessivas divulgações de indicadores negativos relativos ao desempenho da economia dos Estados Unidos levaram o dólar a perder força no mercado externo, tendência internalizada no Brasil. A fraca criação de empregos, a queda na produção industrial norte-americana, registradas em março, e a decepcionante expansão de apenas 0,2% do Produto Interno Bruto (PIB) no primeiro trimestre de 2015 reforçaram a percepção de que o início da subida dos juros dos EUA não será iminente, acentuando a desvalorização do dólar em abril.
Outro fato que merece atenção, pois influencia o mercado cambial, é o movimento de recuperação no preço do petróleo. Nos últimos 30 dias, o petróleo WTI apresentou valorização de aproximadamente 17%, sendo a commodity com maiores ganhos na Bolsa de Nova York. Essa tendência, em um cenário de baixa probabilidade de elevação dos juros da economia norte-americana, cria um ambiente favorável ao fortalecimento das moedas dos países exportadores de commodities, a exemplo do real brasileiro.
Os fatores externos, mais o fluxo positivo de divisas no Brasil em abril e a melhora da confiança dos investidores na economia nacional, frente às articulações para a consecução do ajuste fiscal, resultaram na recuperação do real frente à moeda norte-americana. Assim, o dólar comercial encerrou abril a R$ 3,0131, com queda de 5,6% no mês.
Em relação ao comportamento dos fundos que operam no mercado futuro e de opções de café arábica da ICE Futures US, o saldo líquido de posições vendidas apresentou certa redução, mas ainda se encontra elevado na comparação com o histórico dos últimos doze meses, dificultando uma maior reação dos preços futuros do arábica.
O vencimento julho do Contrato C da Bolsa de Nova York acumulou discreta alta de 135 pontos, sendo cotado a US$ 1,3745 por libra-peso no último dia de abril. A cotação média mensal, de US$ 1,4, foi 29,6% inferior à do mesmo período de 2014. Os estoques certificados de café arábica da ICE Futures US apresentaram redução de 48.513 sacas, encerrando o mês em 2,26 milhões de sacas. O volume estocado encontra-se em patamar 12% inferior ao observado no mesmo período do ano anterior, de 2,57 milhões de sacas.
O mercado futuro da variedade robusta também encerrou o mês com pequena variação positiva. O vencimento julho/2015 negociado naICE Futures Europe acumulou alta de US$ 34, sendo cotado a US$ 1.792 por tonelada no último dia de abril. A cotação média mensal, de US$ 1.812/t, foi 14,5% inferior à de abril de 2014. Os estoques certificados de conilon monitorados pela Bolsa mantiveram a tendência de alta e atingiram aproximadamente 2,33 milhões de sacas em abril, volume aproximadamente dez vezes superior ao contabilizado no mesmo período do ano passado.
No mercado físico brasileiro, os preços do café encerraram abril acumulando queda. Os indicadores do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) para as variedades arábica e conilon foram cotados, no final do mês, a R$ 435,70/saca e a R$ 294,19/saca, com perdas de, respectivamente, 1,9% e 2,8% no mês. Segundo o Cepea, a queda mais acentuada nos preços do café conilon se deveu à entrada no mercado de lotes da safra 2015/16. Levantamento realizado pela instituição indicou que, em meados de abril, ainda restavam cerca de 20% dos grãos da safra 2014/15 capixaba para serem negociados. Esse café apresenta qualidade superior à dos primeiros lotes da nova safra, que foi prejudicada pela estiagem. Em Rondônia, praticamente todo o volume colhido no ano anterior já foi comercializado e a nova safra (2015/16) tem sido prejudicada por chuvas e elevado número de grãos verdes nos pés.
Em relação à variedade arábica, as pesquisas realizadas em abril pelo Cepea indicaram ritmo lento nas negociações para entrega futura da safra 2015/16, com valores variando entre R$ 460,00 e R$ 550,00 por saca nos contratos firmados para realização em setembro e outubro de 2015. Em meados de abril, apenas no Cerrado Mineiro, na Zona da Mata de Minas e na Mogiana Paulista o porcentual comercializado do volume a ser colhido em 2015 superava os 10%. No mesmo período do ano anterior, a comercialização ultrapassava os 30% em muitas praças, devido à forte valorização dos preços observada no primeiro trimestre de 2014.
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