CNC: Diante da proximidade da colheita brasileira, futuros do café reagem timidamente ante a desvalorização do dólar em abril

Publicado em 05/05/2015 14:03 e atualizado em 05/05/2015 14:47

Boletim Conjuntural do Mercado de Café
— Abril de 2015 —

O mercado futuro do café arábica acumulou discreta valorização em abril, motivada principalmente pela tendência de queda do dólar. A proximidade da colheita nacional e o aumento das especulações devido à divulgação de estimativas internacionais sem embasamento de campo para a temporada 2015/16 do Brasil impediram maior reação dos preços futuros diante da recuperação do real ante a divisa norte-americana.

As sucessivas divulgações de indicadores negativos relativos ao desempenho da economia dos Estados Unidos levaram o dólar a perder força no mercado externo, tendência internalizada no Brasil. A fraca criação de empregos, a queda na produção industrial norte-americana, registradas em março, e a decepcionante expansão de apenas 0,2% do Produto Interno Bruto (PIB) no primeiro trimestre de 2015 reforçaram a percepção de que o início da subida dos juros dos EUA não será iminente, acentuando a desvalorização do dólar em abril.

Outro fato que merece atenção, pois influencia o mercado cambial, é o movimento de recuperação no preço do petróleo. Nos últimos 30 dias, o petróleo WTI apresentou valorização de aproximadamente 17%, sendo a commodity com maiores ganhos na Bolsa de Nova York. Essa tendência, em um cenário de baixa probabilidade de elevação dos juros da economia norte-americana, cria um ambiente favorável ao fortalecimento das moedas dos países exportadores de commodities, a exemplo do real brasileiro.

Os fatores externos, mais o fluxo positivo de divisas no Brasil em abril e a melhora da confiança dos investidores na economia nacional, frente às articulações para a consecução do ajuste fiscal, resultaram na recuperação do real frente à moeda norte-americana. Assim, o dólar comercial encerrou abril a R$ 3,0131, com queda de 5,6% no mês.

Em relação ao comportamento dos fundos que operam no mercado futuro e de opções de café arábica da ICE Futures US, o saldo líquido de posições vendidas apresentou certa redução, mas ainda se encontra elevado na comparação com o histórico dos últimos doze meses, dificultando uma maior reação dos preços futuros do arábica.

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O vencimento julho do Contrato C da Bolsa de Nova York acumulou discreta alta de 135 pontos, sendo cotado a US$ 1,3745 por libra-peso no último dia de abril. A cotação média mensal, de US$ 1,4, foi 29,6% inferior à do mesmo período de 2014. Os estoques certificados de café arábica da ICE Futures US apresentaram redução de 48.513 sacas, encerrando o mês em 2,26 milhões de sacas. O volume estocado encontra-se em patamar 12% inferior ao observado no mesmo período do ano anterior, de 2,57 milhões de sacas.

O mercado futuro da variedade robusta também encerrou o mês com pequena variação positiva. O vencimento julho/2015 negociado naICE Futures Europe acumulou alta de US$ 34, sendo cotado a US$ 1.792 por tonelada no último dia de abril. A cotação média mensal, de US$ 1.812/t, foi 14,5% inferior à de abril de 2014. Os estoques certificados de conilon monitorados pela Bolsa mantiveram a tendência de alta e atingiram aproximadamente 2,33 milhões de sacas em abril, volume aproximadamente dez vezes superior ao contabilizado no mesmo período do ano passado.

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No mercado físico brasileiro, os preços do café encerraram abril acumulando queda. Os indicadores do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) para as variedades arábica e conilon foram cotados, no final do mês, a R$ 435,70/saca e a R$ 294,19/saca, com perdas de, respectivamente, 1,9% e 2,8% no mês. Segundo o Cepea, a queda mais acentuada nos preços do café conilon se deveu à entrada no mercado de lotes da safra 2015/16. Levantamento realizado pela instituição indicou que, em meados de abril, ainda restavam cerca de 20% dos grãos da safra 2014/15 capixaba para serem negociados. Esse café apresenta qualidade superior à dos primeiros lotes da nova safra, que foi prejudicada pela estiagem. Em Rondônia, praticamente todo o volume colhido no ano anterior já foi comercializado e a nova safra (2015/16) tem sido prejudicada por chuvas e elevado número de grãos verdes nos pés.

Em relação à variedade arábica, as pesquisas realizadas em abril pelo Cepea indicaram ritmo lento nas negociações para entrega futura da safra 2015/16, com valores variando entre R$ 460,00 e R$ 550,00 por saca nos contratos firmados para realização em setembro e outubro de 2015. Em meados de abril, apenas no Cerrado Mineiro, na Zona da Mata de Minas e na Mogiana Paulista o porcentual comercializado do volume a ser colhido em 2015 superava os 10%. No mesmo período do ano anterior, a comercialização ultrapassava os 30% em muitas praças, devido à forte valorização dos preços observada no primeiro trimestre de 2014.

 

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CNC

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