Fundos hedge fogem do café no ritmo mais rápido em um ano com chuvas no Brasil
Está chovendo no Brasil e os investidores otimistas com o café estão buscando abrigo.
As chuvas dos últimos 30 dias deixaram os níveis de umidade adequados na maior parte das áreas de cultivo e reabasteceram o solo drenado pela seca de 2014, segundo a MDA Weather Services. As chuvas no país, maior produtor e exportador de café do mundo, fizeram com que os fundos hedge levassem adiante a maior redução em suas apostas otimistas em um ano.
O café passou de mercado baixista para altista e voltou à primeira condição nos últimos 12 meses, o que o transforma no componente mais volátil do Bloomberg Commodity Index. Depois que a seca de 2014 fez os preços duplicarem, os contratos futuros caíram pelo sexto mês consecutivo em fevereiro. No fim de setembro os estoques globais serão 14 por cento superiores ao estimado anteriormente, disse o governo dos EUA em sua projeção mais recente.
"O quadro das chuvas está realmente mudando a trajetória do café daqui em diante", disse Paul Christopher, chefe de estratégia internacional em St. Louis, EUA, do Wells Fargo Investment Institute, que supervisiona US$ 1,6 trilhão, por telefone no dia 26 de fevereiro. "A oferta mundial está adequada e se a produção está aumentando, simplesmente não há motivo para preocupação".
A posição altista líquida para o café caiu 49 por cento, para 8.167 contratos futuros e de opções, na semana que terminou no dia 24 de fevereiro, segundo dados da Comissão de Comércio de Futuros de Commodities dos EUA. Foi a maior queda desde que os fundos estavam baixistas líquidos, em janeiro de 2014. As participações longas tiveram o maior declínio desde outubro.
Baixa em fevereiro
Os contratos futuros do café arábica caíram 13 por cento no mês passado em Nova York, para US$ 1,405 a libra-peso, maior declínio desde maio. O Bloomberg Commodity Index, que engloba 22 matérias-primas, subiu 2,6 por cento, enquanto o MSCI All-Country World Index de ações deu um salto de 5,4 por cento.
Algumas regiões de Minas Gerais, maior estado produtor de café do Brasil, receberam até o dobro das chuvas normais nas três primeiras semanas de fevereiro, segundo Andy Karst, meteorologista da World Weather Inc. em Overland Park, Kansas, EUA.
A produção do país subirá das 47 milhões de sacas de 2014 para 49,5 milhões de sacas neste ano, segundo a Volcafé, unidade da trader de commodities ED&F Man. A produção da Colômbia, segundo maior produtor de grãos arábica, deverá ser a maior desde 2008, segundo o principal grupo de exportadores do país. Cada saca pesa 60 quilos, ou 132 libras.
Embora as chuvas tenham melhorado as condições, a recuperação dos pés de café do Brasil em relação à seca de 2014, a pior em décadas, será difícil. Os contratos futuros ainda precisarão cair mais 21 por cento para eliminar os ganhos do ano passado. Os custos maiores forçaram alguns vendedores de café a aumentar os preços. Em dezembro, a J.M. Smucker Co., fabricante do café que leva a marca Folgers, anunciou um aumento de 8 por cento no preço dos pacotes K-Cup, que entrou em vigor no dia 5 de janeiro.
Perdendo folhas
Em janeiro, a seca ainda assolava as regiões produtoras. A Cooxupé, principal cooperativa exportadora e produtora do Brasil, reduziu a projeção de produção de seus membros nesta temporada em 14 por cento porque as plantas estavam perdendo folhas.
"A última queda nos preços se deve ao recente aumento na chuva, mas o problema é que o estresse nas plantas já ocorreu", disse Gillian Rutherford, que ajuda a supervisionar US$ 20 bilhões como gerente de carteira de commodities na Pacific Investment Management Co. em Newport Beach, Califórnia, EUA, por telefone, no dia 26 de fevereiro.
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