Pesquisador do IEA aponta mudança de patamar na curva futura do café
A majoração da taxa de juros básicos da economia para o patamar de 12,25% deslocou para cima as médias semanais dos contratos de juros futuros na BM&F-Bovespa. A expectativa dos agentes de mercado é que ocorram outras altas na taxa ainda nesse ano, com pico nos contratos futuros para outubro de 2014. Tendência de baixa para os contratos deverá ocorrer somente após o início do próximo ano, afirma Celso Vegro, pesquisador do Instituto de Economia Agrícola (IEA/Apta) da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo.
“A alavancagem da taxa SELIC implica na redução do nível de atividade da economia (expectativas atuais são de PIB nulo). A frenagem dos negócios pode significar encolhimento generalizado da demanda de produtos e serviços. Todavia, em razão da conhecida inelasticidade do café, pode-se desenhar cenário para a expansão de seu consumo no mercado interno”, ressalta Vegro.
Em janeiro de 2015, no mercado de contratos futuros de arábica da Bolsa de Nova York (ICE), observaram-se dois momentos distintos. Enquanto nas duas primeiras semanas o mercado atuou em alta para a média das cotações em aberto, nas duas últimas houve reversão com queda no valor dos contratos. Assim, na média da quarta semana do mês, os contratos foram negociados a US$¢177,22/lbp, enquanto na média da primeira semana os mesmos contratos estavam cotados a US$¢185,02/lbp, representando declínio de 4,22% no período (Figura 3).
A cotação do café na Bolsa de Nova York, em janeiro de 2015, para o vencimento em julho de 2015, teve uma média de R$716,60/sc., em valores trazidos para São Paulo, descontado o deságio de qualidade do produto brasileiro. Considerando-se que o preço médio à vista do café em Marília (SP) em janeiro de 2015 foi de R$460,90/SC, tem-se valor positivo de R$256,13/sc. para aquele que faz o hedge do café em Nova York e do dólar na BM&F para o vencimento em julho de 2015.
Permanecem as incertezas quanto ao tamanho da safra brasileira 2015/16, tanto nas variadas consultorias, quanto nas entidades governamentais. A escassez de precipitações, associada às elevadas temperaturas médias incidentes nos cinturões da Zona da Mata e Montanhas Capixabas, poderá trazer prejuízos, similares aos observado na safra passada, em ambas as regiões na atual temporada. Ademais, é substancial o percentual de talhões submetidos ao manejo agronômico de podas, estimando-se que, na Alta Mogiana de Franca, cerca de 25% das lavouras foram esqueletadas.
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amarildo josé sartóri vargem alta - ES
Celso. Ótimo artigo que retrata fielmente a realidade da cafeicultura. Além dos fatores econômicos mencionados que certamente desencadeara novas variáveis, a escassez de precipitações e às elevadas temperaturas que vem ocorrendo nos cinturões da Zona da Mata e Montanhas Capixabas, bem como em outras regiões produtoras, já consolidaram prejuízos similares aos observado na safra passada. Outro fator muito bem lembrado e que reduzirá a produção nesta temporada, foram os talhões recepados ou esqueletados, até mesmo eliminados da atividade, não só na Alta Mogiana de Franca, mas informo que aqui nas montanhas do Espirito Santo, devido à dificuldade de tratos culturais, essa prática vem ocorrendo sistematicamente nos últimos três anos, com mais intensidade neste ano. Seria interessante se houvesse um mecanismo de fácil acesso aos produtores, para que eles informassem o número de hectares que sofrem essas intervenções. É bastante claro que com todos esses fatores negativos, não atingiremos os números que estão sendo divulgados. Um Abraço.