Mesmo com tarifas mais elevadas, Estados Unidos devem seguir comprando carne bovina brasileira

Publicado em 08/04/2025 15:08
Tarifas impostas pelos Estados Unidos podem abrir espaço para a carne brasileira no Japão e Coréia do Sul

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Apesar da elevação das tarifas de importação de 36,4% para a carne bovina brasileira, os Estados Unidos devem continuar comprando carne bovina do Brasil. Os Analistas apontam que o mercado brasileiro pode ter possíveis efeitos indiretos positivos e pode abrir espaço para a carne brasileira em países asiáticos como Japão, Coreia do Sul e ampliar a presença na China.

De acordo com o Analista de Mercado da Safras & Mercado, Fernando Henrique Iglesias, os americanos têm uma demanda aquecida por carne bovina aliada a uma oferta restrita no País, o que deve mantê-los comprando volumes significativos do Brasil, mesmo com preços mais elevados.

“Apesar dos valores mais altos, os americanos devem continuar importando carne bovina brasileira por estarem na pior posição de rebanho desde anos 1950 e a produção de carne norte-americana deve cair nesta ano”, informou o analista ao Notícias Agrícolas.

Em comunicado, a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (ABIEC) destacou que a carne brasileira já é taxada em 26,4%, com uma cota inicial isenta de 65 mil toneladas, compartilhada entre 10 países. Essa cota, que é anual, costuma se esgotar logo no primeiro mês do ano. Mais de 70% do que exportamos no ano passado entrou com a tarifa.

O analista da Scot Consultoria, Alcides Torres, informou que mesmo com as tarifas compensa para os americanos pagarem para importar a carne brasileira. “Atualmente, os Estados Unidos é o segundo maior comprador de carne bovina brasileira, mas qualquer redução nas compras por parte dos americanos deve trazer muitos impactos ao setor”, destacou ao Notícias Agrícolas.  

A ABIEC acredita num estreitamento da parceria com EUA que enfrentam desafios no ciclo pecuário e, por pelo menos dois anos, precisarão de quem possa garantir volume, qualidade e preço — e esse parceiro é o Brasil.

O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) estima que a produção de carne bovina americana deve somar 11,81 milhões de toneladas em equivalente carcaça em 2025, isso representa uma queda de 3,96% frente a 2024.

Os Estados Unidos passam por um cenário de inflação, em que os preços das proteínas animais estão bem elevados. De acordo com as informações da Reuters, os preços do varejo dos EUA para carne moída atingiram um recorde de US$ 5,67 por libra em setembro/24 e subiram 42% em relação ao valor de quatro anos atrás.

O Diretor da HN AGRO, Hyberville Neto, ressaltou que também é importante acompanhar como será o comportamento do consumidor americano, pois as tarifas devem encarecer ainda mais os preços das carnes no País. “O mercado também precisa ficar atento como isso pode impactar a demanda doméstica no País e até que valor o consumidor americano vai aceitar pagar pela proteína”, comentou

Os analistas apontam que é importante acompanhar como os demais países devem se comportar e se vão buscar por outros países para atender a demanda, como é o caso da Coreia do Sul, Japão e China.

“Ainda não sabemos como será o comportamento de alguns países com o tarifaço dos Estados Unidos, mas o mercado está no aguardo se o Japão e Coreia do Sul vão impor sanções mais duras, como é o caso da China. Outros parceiros comerciais dos Estados Unidos devem adotar medidas parecidas da potência asiática e isso pode aumentar a demanda por commodities brasileiras”, ressaltou o analista da Safras & Mercado.

As informações do site Beef Central apontam que as tarifas retaliatórias da China aos Estados Unidos devem impactar, diretamente, os embarques mensais de carne bovina dos EUA para a China. Em informações ao Beef Central, Andrew McDonald, da Bindaree Food Group, destacou que esse cenário cria uma oportunidade para Austrália, Brasil, Argentina e Nova Zelândia aumentarem suas exportações de carne bovina para a China.

Ainda de acordo com as informações do Beef Central, os compradores americanos haviam pausado os pedidos na última semana, enquanto aguardam  o resultado da ação tarifária de Trump. McDonald ainda salientou que o anúncio da tarifa renovou o interesse dos chineses na carne bovina australiana e que a demanda na asiática também está aumentando.

De acordo com a avaliação da CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil), o Brasil estará em uma posição melhor, se comparado aos casos em que os EUA importam produtos de mercados que contarão com taxas maiores, como é o caso dos bens da União Europeia que receberão sobretaxas de 20%.

Ainda há potencial de perda de mercado com relação a produtos produzidos pelos EUA e fornecidos internamente, mas que necessitam de complementação por meio de importações. “É o caso da carne bovina, na qual a produção local alcança 12,3 milhões de toneladas, mas o consumo atinge 13 milhões de toneladas, e do óleo de soja, entre outrosprodutos, nos quais o consumo fica próximo da produção”, reportou.

No entanto, a entidade alertou, contudo, que ainda é cedo para calcular as perdas definitivas — o cenário depende da evolução das negociações diplomáticas e do comportamento do mercado internacional.

Confira o relatório completo da CNA

 Embarques Brasileiros

Segundo as informações divulgadas pela ABIEC, no acumulado de janeiro a março deste ano, as exportações totalizaram 676 mil toneladas e geraram US$ 3,22 bilhões em receita. Os principais mercados no trimestre foram China (284,6 mil toneladas; 42,1% do total exportado), Estados Unidos (88 mil toneladas; 13,0%), Chile (30,5 mil toneladas; 4,5%), Hong Kong (24,1 mil toneladas; 3,6%), União Europeia (22,4 mil toneladas; 3,3%).

Ainda segundo a Associação, os Estados Unidos ganharam relevância, com um aumento expressivo de 56,3% em volume (42,1 mil toneladas) e 53% em valor (US$ 225,5 milhões) em relação ao mês anterior.

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Por:
Andressa Simão
Fonte:
Notícias Agrícolas

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