Retorno da seca nos EUA atrasa recuperação de rebanho bovino, prejudicando a Tyson Foods
Por Julie Ingwersen e Heather Schlitz
CHICAGO (Reuters) - O retorno da seca nas áreas produtoras de gado dos EUA está atrasando os planos dos fazendeiros de expandir a produção depois que o rebanho do país encolheu para o menor nível em sete décadas, disseram fazendeiros e analistas.
A oferta restrita de gado está pressionando os frigoríficos, incluindo a Tyson Foods, que divulga seus lucros trimestrais na terça-feira, e os consumidores que enfrentam altos preços da carne bovina.
Os produtores de carne esperavam que as chuvas incentivassem os fazendeiros a começar a reconstruir os rebanhos em 2024, depois que anos de seca queimaram os pastos e forçaram o envio de mais animais para abate.
Em vez disso, a seca piorou nos últimos dois meses, em mais um golpe para os processadores, que precisam pagar para comprar suprimentos limitados de gado.
Nos Estados Unidos, 62% do gado estava em áreas que sofriam com a seca no final de outubro, o maior índice desde dezembro de 2022, de acordo com o U.S. Drought Monitor.
Mais da metade do rebanho permanecia em zonas de seca na semana passada, depois que as chuvas atingiram as planícies, ante menos de 20% na maior parte do ano e apenas 8% em junho.
Em Nebraska, o segundo maior Estado produtor de gado do país, o fazendeiro Chad Engle disse que a seca reduziu as extensas pastagens a palha amarela e quebradiça e liberou nuvens de poeira nos currais que fazem seu gado tossir e respirar com dificuldade.
"Tínhamos planos de expandir nosso rebanho, mas não podemos fazer isso em meio a uma seca", disse Engle, acrescentando que abateu 10% a mais de seu rebanho do que o normal no ano passado.
Fazendeiros de Oklahoma, o quinto maior produtor de gado dos EUA, geralmente semeiam trigo em setembro, mas a seca atrasou o plantio, privando-os de semanas de pastagem.
"A seca é a razão pela qual o tamanho do rebanho diminuiu tanto e é a única coisa que impede os pecuaristas de expandir o rebanho", disse Kristoffer Inton, estrategista de ações da Morningstar.
A falta de pasto e os altos preços do gado fizeram com que os fazendeiros enviassem vacas, ou novilhas, e bezerros jovens para confinamento mais cedo do que o normal para serem engordados com grãos.
Com menos novilhas retidas nas fazendas para reprodução, uma expansão do rebanho ainda está a anos de distância, segundo analistas.
O aumento nos custos do gado está prejudicando os frigoríficos, como a Tyson, cujo negócio de carne bovina, sua maior unidade, teve prejuízo no terceiro trimestre.
A expectativa é de que o prejuízo aumente no quarto trimestre, de acordo com a empresa de pesquisa de investimentos CFRA, que previu margens negativas de 2,2%.
As entregas antecipadas de novilhas e gado jovem para confinamento irão distorcer a produção de carne bovina em 2025 para o primeiro semestre do ano e resultarão em uma oferta ainda menor no segundo semestre, disse Derrell Peel, economista agrícola da Universidade Estadual de Oklahoma.
(Reportagem de Julie Ingwersen e Heather Schlitz em Chicago)
0 comentário
Radar Investimentos: 13º salário chegando aos brasileiros pode estimular demanda por carne bovina
Scot Consultoria: Mercado do boi gordo, em São Paulo, segue estável
Cálculo da média do preço da @ do boi para dezembro na B3 começa nesta sexta-feira (20) devido a feriados
Radar Investimentos: Os contratos do boi gordo se valorizaram ontem
Boi/Cepea: Vantagem do preço da carne sobre boi gordo é recorde
Scot Consultoria: Mercado do boi gordo em São Paulo