IHS Markit: Liquidez de negócios no mercado do boi gordo avança, mas preços mantêm volatilidade

Publicado em 03/05/2022 15:32

Nesta terça-feira (03), o volume de negócios no  mercado físico do boi gordo apresentou fluxo aparentemente regular para o dia. A oferta de  animais terminados posto à venda permitiu que  boa parte das unidades de abate avançassem um  pouco mais com suas escalas para a etapa final da  próxima semana. Boa parte dos lotes ofertados  eram compostos por fêmeas, ainda efeito do  período de descarte de matriz. Todavia, indústrias  passaram a regular o ritmo de suas aquisições, de  olho nas suspensões temporárias das importações  de carne de frigoríficos brasileiros adotadas pelo  governo chinês. 

A estratégia das índústrias frigoríficas no Brasil é  manter uma produção de carne bovina equalizada  ao consumo vigente, sem gerar excedentes nos  estoques diante do risco de desovar parte do  volume produzido ao exterior dentro do mercado doméstico. Muitos frigoríficos relataram que  fizeram aquisições de boiada gorda até o final da  próxima semana e se ausentaram das compras por  preocupações com as atitudes da China. O risco  de paralisação sem motivos mais concretos eleva  as incertezas com relação a dinâmica de negócios  no mercado físico do boi gordo.

Em notícias mais recentes, o bloqueio prolongado  em Xangai, o centro financeiro da China, vem  enfraquecendo o comércio de carnes do país,  normalmente em expansão, com medidas  rigorosas contra a COVID-19 causando bloqueios logísticos em toda a indústria de alimentos em um  sinal das crescentes interrupções nos negócios. O  desafio de transportar alimentos dentro e nos  arredores de Xangai destaca problemas  semelhantes em muitas outras cidades chinesas, já  que o governo chinês persiste com sua  controversa estratégia de zero COVID, apesar dos  crescentes riscos para sua economia.

As últimas compras de gado gordo por parte das  indústrias frigoríficas foram para garantir a  demanda interna no Brasil em função da entrada  da massa salarial e comemoração do Dia das  Mães, segundo maior período de consumo do ano, depois das festas de final de ano. Como já  destacado, a possibilidade de movimentos de alta  nos preços fica cada vez menor para o curtíssimo  prazo diante das incertezas gerada pelo principal  mercado consumidor da proteína brasileira, a China. Tal condição já começa a repercutir de  forma negativa no planejamento para alojamento de animais nos confinamentos em 2022.

Embora os valores pagos no lotes de gado para reposição estajem bem mais baixos neste  momento frente ao mesmo período do ano  passado, os custos com nutrição animal, que  representam mais de 25% dos gastos totais,  continuam elevados. Além disso, depender dos  fluxos de exportação de carne para China passou  a ser muito arriscado, igual ao ano passado. 

O volume de negócios no mercado atacadista  seguiu suficiente para garantir a estabilidade dos  preços dos principais cortes bovinos. Sem grandes excedentes de produto nas câmaras frias,  as indústrias frigoríficas continuam operando  com preços sustentados. Paralelamente, altas nos  preços das carnes concorrentes (frango e suíno)  devem manter um fluxo regular das vendas da  proteína bovina. A cautela nas compras de gado  remete à dinâmica observada no atacado, onde  espaço para altas vai depender do escoamento no  mercado doméstico e como será impactada a exportação diante do menor apetite chinês.

 

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Fonte:
IHS Markit

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