Arroba tem quedas pontuais com impacto negativo das vendas no atacado, aponta IHS Markit
O volume de negócios no mercado físico de boiada gorda apresentou características e condições distintas entres as diferentes regiões do Brasil nesta etapa final de janeiro. Em algumas regiões do país foi possível verificar quedas nos preços oferecidos em animais terminados em praças ao norte do país, ao passo em que há prêmios e valores mais remuneradores em regiões que atuam notadamente atendendo o mercado externo, o que alivia as margens de operação das indústrias frigoríficas quando comparado aquelas que atuam majoritariamente no mercado doméstico.
A trégua nos elevados volumes de chuvas favoreceu a logística na faixa centro-norte, onde as escalas de abate avançaram. Já no centro-sul, o foco é boi padrão China, mas quando se visa operações no mercado doméstico, a sinalização muda completamente.
Neste contexto, o mercado físico segue delineando ritmos e momentos singulares, desde a ponta vendedora, pecuaristas e intermediadores, passando por indústrias e processadores, até o consumidor final.
O panorama geral é de negócios lentos e pontuais entre pecuaristas e frigoríficos, uma vez que a oferta de boiada gorda ainda segue restrita em grande parte do Brasil. Paralelamente, as condições de baixo consumo no mercado doméstico não permitem mitigação dos custos das indústrias à carne num momento em que os preços pagos na boiada gorda continuam em patamares elevados.
As indústrias seguem adotando diferentes estratégias para negociar boiada gorda, ao passo em que reescalonam seus volumes de abate diário, avançando, em muitos dos casos, virtualmente suas programações de abates.
A inconsistência das vendas de carne bovina no atacado e as dificuldades operacionais enfrentadas pelas indústrias (oferta enxuta de boiada e preços recordes da arroba) acenderam o sinal de alerta no setor. Os repasses de custos operacionais à carne bovina encontram dificuldades diante do frágil fluxo no escoamento da produção associado aos baixos preços das proteínas concorrentes (frango e suínos).
Mesmo com surpreendente volume de embarques ao exterior neste começo de 2022, o consumo doméstico segue insuficiente para absorver a produção vigente. Entre as unidades de abate, cresce a possibilidade de paralização temporária das atividades através de férias coletivas, já que muitas já estão com capacidade ociosa elevadas.
Em contrapartida, as exportações brasileiras de carne bovina seguem avançando em ritmo forte neste começo de 2022. Nos primeiros 15 dias uteis de janeiro, o Brasil exportou 107,4 mil toneladas de carne bovina in natura. Este montante representa, por sua vez, um ritmo diário de embarque de 7,16 mil t/dia, registrando um avanço de 30% comparado ao ritmo de dezembro de 2021, e 33% superior se comparado com janeiro de 2021.
A remuneração também avança com incremento de 14% nas receitas obtidas com a venda de uma tonelada comparado mesmo período de 2021. Os elevados preços internacionais da carne bovina remetem problemas com abastecimento e firme demanda externa pela proteína brasileira. Neste ritmo, a IHS Markit observa que as exportações em janeiro devam alcançar volume total de 150 mil toneladas, o que será um recorde para o mês.
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