Abate de bois angus, de carne mais cara, cresce 21% em 2015

Publicado em 28/12/2015 13:40

A crise econômica ainda não chegou aos criadores do boi angus. A carne, considerada nobre, caiu nas graças do consumidor brasileiro e ganha cada vez mais mercado, mesmo sendo mais cara que a convencional.

A estimativa da Associação Brasileira de Angus é fechar 2015 com um abate de 400 mil cabeças do gado, um aumento de 21% em relação a 2014 e de 167% desde 2010.

Outras raças não acompanharam o crescimento. Dados do Ministério da Agricultura mostram que o abate total de gado em 2015 caiu 9% de janeiro a novembro em comparação com o mesmo período de 2014.

"O pessoal que consome nosso produto não foi atingido pela crise", diz o presidente da associação, José Roberto Weber. A carne é vendida tanto para restaurantes de luxo como para o varejo e custa em média 20% a mais que a convencional. Cortes nobres vão além: um quilo de picanha angus pode custar até R$ 150 para o consumidor final.

O mercado do angus, porém, ainda é de nicho, e a raça representa menos de 5% das 212 milhões de cabeças de gado do país, segundo a associação. A maior parte dos bois brasileiros (cerca de 80%) é da raça nelore.

O angus vem do norte da Europa e, entre os diferenciais de sua carne, estão o marmoreio (gordura entremeada na carne que melhora o sabor) e a maciez (tem menos fibra, porque os bois são abatidos mais jovens, com até 30 meses, ante 42 meses das raças comuns).

A venda de doses de sêmen da raça, usadas para fertilização, cresceu 180,6% desde 2009, chegando a 3,7 milhões de unidades em 2014. Em 2013, a comercialização do material genético da raça superou pela primeira vez a do boi nelore, cujas vendas cresceram 5% desde 2009.

Isso não significa que o mercado é ruim para criadores de outras raças, de acordo com Sebastião Guedes, vice­presidente do Conselho Nacional da Pecuária de Corte. O preço da arroba do boi gordo anda em alta e chegou a bater recorde histórico em abril deste ano (R$ 150,36).

Além disso, os criadores de nelore já têm 50% de um negócio promissor: o cruzamento da raça com o angus.

Como o angus vem de países frios, há dificuldade para adaptá­lo ao clima quente de pastos tradicionais brasileiros como os do Centro­Oeste.

"Com o cruzamento, você consegue combinar as características de qualidade, maciez, suculência e sabor do angus com a precocidade e a resistência do nelore, adaptado ao nosso clima", explica Fernando Cardoso, pesquisador de genética da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária).

Leia a notícia na íntegra no site Folha de S.Paulo.

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Folha de S.Paulo

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