Líderes produzidos por marketing!

Publicado em 05/01/2010 08:52
Trechos da coluna de Cesar Maia, Indivíduo e Política, publicada na Folha de SP (02).

1. Curiosa convergência entre populismo, liberalismo tradicional e marketing político. Para eles, quem faz a história é o indivíduo, de acordo com a sua vontade. Assim se acha o líder populista, que se considera o próprio movimento. Já na lógica da análise liberal, tradicional, a história se confunde com os indivíduos que lideram os processos.  Sempre é bom lembrar um repetido trecho de Marx no início do "18 de Brumário" (1851): "Os homens fazem a sua própria história, mas não a fazem segundo a sua livre vontade; nem sob circunstâncias de sua escolha, e sim sob aquelas legadas e transmitidas pelo passado".

2. Se não bastasse esse binário, nas últimas décadas, a tecnologia publicitária aplicada às campanhas eleitorais maximizou a função do indivíduo, não poucas vezes, criando um personagem, ao fantasiar o candidato com esse figurino. A cada dia é maior o destaque do indivíduo como a razão da política. Por isso a obsessão em controlar a imprensa, na medida em que a individualização da liderança só consegue ver a imprensa como competidor.

3.  A mercadologia política norte-americana, ao dar à publicidade a razão do sucesso eleitoral, minimizou as circunstâncias e maquiou os personagens. A tecnologia audiovisual exacerbou o papel do indivíduo e "presidencializou" as eleições no parlamentarismo. São os governos de líderes populistas os que mais tendem a intervir na imprensa. São os líderes produzidos por marketing os que são atraídos pelo populismo e pela intervenção na mídia. Ou que, alternativamente, gastam milhões com publicidade, convencidos de que esse é o caminho da popularidade. Quando isso não ocorre, a culpa é da imprensa.

4.  Esse foco na pessoa dos chefes de governo tirou visibilidade de seus assessores, possíveis sucessores. Lula é exemplo disso. Por um lado, sente cócegas para intervir na mídia. Não podendo, gasta bilhões. E, naturalmente, sua candidata o é por decisão pessoal. Ela nunca disputou eleição, não tem currículo no partido. É levada como andores da romaria de N.Sra. da Pena, em Vila Real, para que seja percebida. As campanhas eleitorais se resolvem em si mesmas. Por isso o candidato da oposição não tem pressa. A imprevisibilidade aumenta, a política se torna inorgânica, representantes se descolam de representados e os riscos relativos ao governo eleito se multiplicam.

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E O DECRETO DE EMERGÊNCIA LIBERANDO RECURSOS?

Após as tragédias de Angra e Baixada Fluminense, governo do Estado do Rio informou que vai pedir recursos ao governo federal para um amplo programa. O que se estranha é por que o governador não publicou imediatamente decreto de emergência alocando -já- recursos a serem aplicados nas áreas atingidas, adotando os procedimentos legais que permitem uso e contratação imediatos.

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CAPA DO ESTADO DE SP: "CABRAL LIBEROU CONSTRUÇÕES EM ANGRA"!

Moradores e ambientalistas de Ilha Grande recolhem, há quatro meses, assinaturas contra um decreto de Cabral que abriu uma brecha para novos imóveis na região. O Decreto nº 41.921/09, publicado em junho de 2009, autoriza a construção em áreas não edificáveis da Área de Proteção Ambiental (APA) de Tamoios, que inclui uma faixa de mais 80 quilômetros do litoral de Angra, a face da Ilha Grande voltada para o continente e as mais de 90 ilhas da baía. A Pousada Sankay e outras sete casas soterradas, na tragédia que matou 29 pessoas, ficam na região.  "O governador demonstra desapreço pela área ambiental. Estimula a especulação imobiliária e dará cabo das poucas e bem preservadas áreas que compõem a Baía da Ilha Grande", diz um manifesto que busca assinaturas na internet. "O decreto entrega à especulação imobiliária o filé mignon da Ilha Grande. Acho que ele (Cabral) está mordendo a língua, sendo demagogo. A pousada atingida fica nessa área, que é toda parecida geologicamente. Há risco."

Veja a capa do Estado de SP.



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SILENTE E DESAPARECIDO!

(Painel - Folha SP, 05)  Zíper! Ambientalistas, ONGs e deputados se queixam do silêncio do ministro Carlos Minc (Meio Ambiente) sobre o decreto de 2009 de Sérgio Cabral (PMDB) que permitiu maior ocupação em áreas protegidas, como o local da tragédia em Angra de Reis.

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ROYALTIES DO PETRÓLEO: ARRECADAÇÃO EM 2009 CAI 24% EM RELAÇÃO A 2008!

Deixaram de entrar na economia fluminense em 2009, R$ 1.158.469.598,00 (1,1 bilhão de reais), referentes aos Royalties do Petróleo. Os valores repassados ao Governo do Estado e aos Governo Municipais retrairam-se (-24,44%), passando de R$ 4.739.865.916,00 em 2008 para R$ 3.581.396.318,00 em 2009. A perda do Estado (-24,46%) foi de R$ 533.398.335,00 e a dos Municípios (-24,43%) foi de R$ 605.071..263,00. A perda da Capital foi um pouco maior pela mudança no cálculo da distribuição: perdeu R$ 21.501.729,00 ou (-32,47%).

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CRESCEM OS HOMICÍDIOS EM MEDELLÍN E CALI! NÚMEROS NÃO BATEM COM A PROPAGANDA!

(El Tiempo, 04) 1. O total de assassinatos na Colômbia, em 2009, foi de 15.817 ou 32 mortes por 100 mil habitantes. Em Medellín houve um aumento de 64% e foram 1.432 homicídios (obs.: o que alcança 62 por 100 mil se for na cidade e 41 por 100 mil se for na região metropolitana). Em Cali o aumento foi de 17% alcançando 1.615 homicídios (obs.: 75 por 100 mil se for na cidade e 57 por 100 mil se for na região metropolitana). Na região do 'Valle' (obs.: onde opera o mais violento cartel de cocaína hoje e que tem Cali como capital) foram 2.997 assassinatos ou 52 por 100 mil habitantes.

2.  Em essência, o narcotráfico e situações conexas, como os ajustes de contas; o controle das áreas de cultivo; os corredores para sacar a droga; e o manejo das chamadas 'ollas' ou 'plazas'  nas cidades são, entre outras, as causas dos homicídios, segundo a Polícia.

3. Oito de cada dez casos de homicídios foram cometidos com armas de fogo. Dos 15.817 assassinatos, 16 por cento destes (2.467) foram provocados com arma branca.  O sicariato, que se fez mais visível nas cidades por assuntos de narcotráfico, representou 6.999 mortes (44,2% do total). Outros 768 homicídios ocorreram em assaltos (4,9%),  213 por ataques de grupos armados ilegais, e 139  ocasionados por gangues emergentes.  A parte das vítimas mais afetada por idade foi a compreendida entre os 18 e 32 anos. O informe da Polícia não menciona Bogotá, mas em 2009 chagaram a 1.628 (mais 11%), (obs.: 24 por 100 mil), segundo a Medicina Legal.

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CARACAS A TERCEIRA CIDADE MAIS VIOLENTA DO MUNDO EM 2009!

(El Tiempo, 04) 1. A Taxa de Homicídios em Caracas em 2009 só foi superada pela cidade de Juarez no México e Nova Orleans nos EUA. Em 2008 a taxa de homicídios na Venezuela foi de 52 pessoas em cada 100 mil habitantes, sendo assassinadas 13.780 pessoas.  As informações para 2009 indicam uma taxa de 56 vítimas por 100 mil habitantes, com os assassinatos superando 14 mil, segundo o pesquisador e sociólogo Roberto Briceño León, do Observatório Venezuelano de Violência (OVV).

2. Em Caracas, a OVV estima uma taxa de 100 homicídios por 100 mil habitantes, apesar do governo não informar os dados há alguns meses. De certa forma Chávez reconhece isso. No seu programa -Alô Presidente- de 29 de novembro fez uma rara alusão ao problema: "Vamos derrotar o delito e a delinquência: esse é um flagelo e uma quinta coluna revolucionária que nos causa muito dano".

3. Briceño León diz que em duas décadas foram 80 mil homicídios em Caracas. Segundo o MP, só 6% dos homicídios são esclarecidos.  As estatísticas tiveram que destacar os homicídios por encargo, ou os sicários. Entre janeiro e outubro de 2009, foram enquadrados assim, 378 casos.
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Ex-Blog do Cesar Maia

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