PT fica em 10º lugar em número de Prefeituras: 256; era o terceiro, com 630 (por REINALDO AZEVEDO)

Publicado em 03/10/2016 06:26
Partido consegue (re)eleger o prefeito de uma única capital: Rio Branco; disputará Recife, mas vai perder

A derrota do PT em São Paulo é um símbolo da derrocada do partido no país. Em 2012, o partido elegeu 630 prefeituras. Só perdeu, então, para o PMDB e para o PSDB. Agora, de terceiro partido com mais cidades sob a sua gestão, tornou-se o 10º. Quando o DEM, que continua encolhendo em número de cidades, conseguiu apenas 276 prefeitos, há quatro anos, houve quem previsse a sua extinção. Pois bem: o partido de Lula elegeu, desta vez, apenas 256, cinco a menos do que os democratas, que ficaram com 261. De 630 para 256, há um encolhimento de 59,4%.

O PMDB passou de 1.015 para 1027, um crescimento modesto, de 1,2%. Quem mais avançou no total de cidades foi o PSDB, que conquistou 791, 15,3% a mais do que as 686 de há quatro anos. O PSD, do ministro Gilberto Kassab, também não tem do que reclamar. É a terceira legenda em número de cidades, com 494, 20 a mais do que há quatro anos.

Veja quadro elaborado pelo Portal G1:

quadro prefeituras 1

quadro prefeituras 2

Os petistas esperavam, sim, um desempenho ruim, mas não contavam com o tamanho do desastre. O partido foi praticamente varrido das capitais, restando-lhe apenas o consolo de Rio Branco, no Acre, onde o prefeito Marcus Alexandre se reelegeu no primeiro turno, com 54,87% dos votos válidos. A legenda disputará o segundo turno em Recife,  onde João Paulo enfrentará Geraldo Júlio, do PSB, que não levou a eleição de cara por apenas 0,7%. Ou por outra: os companheiros serão derrotados, e isso é certo como dois e dois são quatro.

Mas o desastre é ainda maior. São Paulo conta com 645 municípios. Em 2012, ainda no tempo das vacas gordas, os companheiros já tiveram um desempenho modesto no Estado: 72 Prefeituras. Desta vez, atenção, foram apenas 7! E o partido disputa o segundo turno em Santo André e Mauá. Os municípios que terão gestões petistas cabem nas duas mãos e sobram três dedos: Araraquara, Barra do Chapéu, Cosmópolis, Franco da Rocha, Itapirapuã Paulista, Motuca, Nantes e Rincão.

Cinturão Vermelho ficou azul
Todo mundo já ouviu a expressão “cinturão vermelho”, que designava as cidades da grande São Paulo que eram governadas pelo PT. Isso acabou. Guarulhos terá um segundo turno entre PSB e DEM. Eloi Pietá, o petita, ficou em terceiro lugar. PDT e PTN vão para a etapa final em Osasco. O candidato petista ficou em quinto lugar. Em São Bernardo, a terra política de Lula, PSDB e PPS foram para o segundo turno. O candidato dos companheiros ficou em terceiro. Em Santo André, Carlos Grana, o atual prefeito, conseguiu ir para  a etapa final, mas deve ser derrotado pelo tucano Paulo Serra. É uma devastação.

Esquerda está no segundo turno em apenas quatro capitais

Quando se olha para as capitais, o quadro para as esquerdas é desolador. Os petistas já levaram Rio Branco. E deve ser tudo. Estão no segundo turno em Recife, como se sabe, mas o petista João Paulo vai perder para o atual prefeito, Geraldo Júlio, do PSB. Três outras capitais terão candidatos vermelhos, Em Aracaju, Edvaldo Nogueira, do PCdoB, enfrenta Valadares Filho, do PSB. Em Belém, Edmilson Rodrigues, do PSOL, vai para a etapa final com Zenaldo Coutinho, do PSDB. E, no Rio, Marcelo Freixo, também do PSOL, terá um confronto com Marcelo Crivella, do PRB.

O PSOL, aliás, não deixa de ser curioso: aumentou em 100% o número de cidades que administra. Tem uma e vai passar a ter duas. Mas está com chance, vejam que exótico, de conquistar duas capitais: Belém e nada menos do que o Rio.

ELEIÇÕES: Kátia Abreu não acerta uma

A senadora apoia um velho inimigo e garante a reeleição do prefeito de Palmas

Depois de encerrar o casamento com os ruralistas para namorar o MST, depois de deixar a oposição democrática para apoiar o governo lulopetista, depois de renunciar à sobrevivência política para morrer abraçada à pior presidente da história do Brasil, Kátia Abreu teve outra ideia. De jerico, como a da companheira carioca Jandira Feghali.

A senadora decidiu perder a eleição em Palmas no palanque do velho inimigo Raul Filho, candidato à prefeitura da capital do Tocantins. Ou ex-candidato, informa o fim da apuração na capital do Tocantins: o prefeito Carlos Amastha foi reeleito. Com a ajuda de Kátia, naturalmente.

Valentina de Botas: Como cerzir um país?

Tenho parentes que trabalham na rede municipal de ensino de São Paulo que me contam que a administração do PT questiona a separação dos banheiros entre meninos e meninas nas escolas públicas da cidade. Uma divisão que, no mundo cretino dessa gente, direciona a sexualidade das crianças – dos meninos para serem meninos, e das meninas para serem meninas. Outra das brutalidades burguesas, patriarcais, capitalistas, blablabla. O fim absurdo da separação é apoiada por grande parte dos professores e por toda a burocracia da Secretaria Municipal de viés ainda mais à esquerda do PT.São Paulo tem 466 anos, Fernando Haddad, o poste que Lula conseguiu instalar em São Paulo com financiamento do Petrolão segundo a Lava Jato, degradou a cidade por 4 anos, com a mais brutal má gestão e equívocos celebrados pelo eixo PUC-USP-Vila Madalena e adjacências socioideológicas. Mas o que são 4 anos em 466? Muita coisa, pois não moramos num país, mas numa cidade. É onde se opera o cotidiano, onde tudo se particulariza e se encontra. É nela que nossos filhos começam a frequentar a escola e fazem os primeiros amigos, é nela que vamos ao cinema, ao restaurante preferido, àquela mostra de brinquedos antigos, ao mecânico de confiança. Ficam na cidade aquele prédio histórico, aquele parque com uma espécie rara de flor, o bar da moda e aquela livraria charmosa que queremos mostrar a amigos e parentes vindos de fora para nos visitar: a cidade é real como o “imaginário daquilo que imaginamos que somos”; o país é quase abstração; e, se ambos se transformam no tempo como tudo o mais, é na cidade que o tempo se revela a cada instante.Desafio os artistas; os humoristas-a-favor de ladrão; as castas privilegiadas e ideologicamente dogmáticas encasteladas nas universidades e protegidas da crise por integrarem os grupos privilegiados do funcionalismo público do Estado patrimonial; os descolados-tipo-bacanas que ainda acham chique ser de esquerda, enfim, desafio toda essa gente que ainda cacareja o “fora, Temer” a encontrar apenas um pai e uma mãe com filhos até 14 anos (para ficar no limite de idade da alçada da prefeitura), habitantes do mundo exterior ao da pose-tipo-assim-descolada-esquerda-chique, favoráveis ao fim da separação dos banheiros nas escolas públicas.Não só a Lava Jato e a crise econômica inédita levaram o eleitor a praticamente abolir o PT das prefeituras do país nestas eleições inesquecíveis de 2016 que o partido desejará esquecer, mas sobretudo porque a súcia e simpatizantes desconhecem o país e insistem em ignorar as necessidades desesperadoras dele para ver nele bandeiras que ainda lhe são estranhas, enquanto também desconhecem a gente de carne, osso, costumes e valores próprios que o habita além das envelhecidas cercas ideológicas e dos manuais vigaristas e embolorados. Entre as prioridades da educação brasileira – em qualquer nível – não estão o uso do banheiro das meninas pelos meninos e vice-versa e forçar a questão a ser uma questão dá a medida do autoritarismo do PT e do desprezo que o partido tem por nossos interesses legítimos e nossos problemas reais que deseja substituir pela própria agenda.

Entre outras considerações aparentemente sensatas, todos os analistas estão dizendo que Alckmin é o grande vencedor destas eleições que se habilita para disputar a presidência em 2018, que ACM Neto será o próximo governador da Bahia e que o PT é o grande pequeno derrotado. Mas eu diria que perdeu o PT, digamos, expandido, aquele que aglutina os blocos do “fora, Temer” e que acusam o impeachment de tropeço da democracia brasileira – esta mesma que conseguiu ficar de pé apesar de o ministro Ricardo Lewandoski ter chutado seu pilar, a Constituição, na presidência do julgamento que a protegeu, ao contrário do que ele diz.

Perdeu estas eleições quem olha para o Brasil de 2016 que anseia pelo futuro e vê um país coagulado no mundo extinto da guerra fria e da ditadura militar. A nação quer se arejar, a população mostrou isso hoje ao repelir o PT da gestão de onde a vida acontece – as cidades. Quando sai derrotado das eleições um partido que não a percebe como ela é, o grande vencedor é ela. Como cerzir um país? Não sei ao certo, mas desconfio que só é possível começar quando ele se livra daquilo que o impedia de começar. (no blog de Augusto Nunes, em veja.com).

Cela 13, por Denis Lerrer Rosenfield (no ESTADÃO)

Como o partido que se anunciou como o da redenção nacional pôde cair tão baixo?

Qualquer cidadão, por mais desatento que seja, fica estarrecido com o destino do PT. Um destino político que se tornou policial. Não há dificuldade em fazer uma reunião da cúpula petista no xilindró! Lá já estão ex-ministros, tesoureiros, líderes partidários, e assim por diante. Outros estão na fila, o que vai completar esse quadro da derrisão.

A verborragia da “perseguição política” e do “golpe” nada mais é que uma tentativa desesperada dos que não foram ainda condenados ou presos, procurando, assim, escapar do encarceramento iminente. Os que acreditam em tal palavreado mais parecem religiosos que se apegam a dogmas. Seriam dignos representantes da religiosidade petista e comunista. O partido da “ética na política” tornou-se o símbolo mesmo da imoralidade e da corrupção.

Cabe, então, uma pergunta: como pôde esse partido, que se anunciou como o da redenção nacional, cair tão baixo?

Talvez seja um equívoco conceitual considerar o PT como social-democrata, do gênero dos partidos europeus que, tendo começado com o marxismo, enveredaram para uma óptica de transformação social do capitalismo, no amplo reconhecimento da economia de mercado e do Estado Democrático de Direito. Embora algumas mentes mais lúcidas do partido tenham tentado impor essa nova visão, ela terminou não prevalecendo, dada a animosidade partidária contra a propriedade privada, a economia de mercado, a liberdade de imprensa e dos meios de comunicação em geral e a democracia.

Não é suficiente considerar as medidas sociais tomadas pelo PT quando no exercício do poder como essencialmente social-democratas, dado que a própria experiência europeia mostra que os partidos democrata-cristãos na Itália e na Alemanha, além da direita francesa com De Gaulle, seguiram política semelhante. Aliás, muitas medidas sociais, por exemplo, na Inglaterra, nasceram das consequências sociais da 1.ª Guerra, no cuidado de órfãos, viúvas e idosos.

Há uma tentativa ainda em curso no País de salvar a concepção de esquerda das consequências dos governos petistas. É curioso, pois é como se a ideia de esquerda fosse imaculada, desde sempre válida, o problema consistindo, então, em sua má realização. Ora, trata-se de uma ideia fundamentalmente religiosa, dogmática, pois a experiência histórica mostra que a realização das ideias de esquerda culmina sempre no totalitarismo, no desastre econômico-social, em políticas liberticidas, quando não no assassinato coletivo de milhões de cidadãos.

No Brasil, ela está acabando na prisão. Dos males, o menor, pois o País tem uma chance de revigorar sua mentalidade, sua concepção, e empreender um novo caminho. O que não pode – nem deve – é permanecer em mera repetição histórica.

Analisemos alguns dos fatores do malogro petista, tendo presente que não estamos diante de nenhum acidente de percurso, mas de algo inerente a esta lógica esquerdista. A corrupção seria um elemento central.

Primeiro – O intervencionismo dos governos Dilma e Lula em seu segundo mandato origina-se de profunda desconfiança quanto à economia de mercado, à propriedade privada e à livre-iniciativa. Tudo foi feito para limitar a vida dos empreendedores, salvo os grandes grupos empresariais e financeiros que se aliaram ao assalto ao Estado e aos seus “benefícios”. As bases da corrupção já se faziam presentes tanto na alocação de recursos quanto na necessidade de os empresários comparecerem aos balcões da propina. As delações bem mostram o compadrio entre eles.

Segundo – O PT considerou o lucro como algo moralmente negativo, algo a ser evitado, devendo os membros partidários se apresentar como as encarnações do bem, por mais falsa que fosse essa representação. O lucro deveria ser controlado por uma elite burocrática partidária, imbuída do esquerdismo de suas concepções.

Terceiro – Ora, se o lucro era desprezível, qualquer medida para combatê-lo seria justificável, até mesmo extorquir empresários para dele compartilharem. Ou seja, se o lucro não era legítimo, a propina e a corrupção enquanto formas de partilha seriam justificáveis, sobretudo se feitas em nome do partido. Note-se que até hoje o partido considera como válida a distinção entre corrupção privada e partidária, a segunda tendo valor moral.

Quarto – De acordo com essa perspectiva, os fins (partidários) justificariam os meios (a corrupção, a propina, saquear estatais), de tal maneira que a imoralidade e a ilegalidade nada mais seriam do que meios de atuação partidária. A imoralidade partidária foi, assim, erigida em princípio.

Quinto – A corrupção petista, no entanto, não se restringiu a enriquecer os cofres partidários, mas se alastrou também para os bolsos de seus membros. Os milhões de enriquecimento individual saltam aos olhos e assombram qualquer um. Foi, digamos, um meio perverso de conversão ao capitalismo, tudo passando a valer.

Sexto – Essa conversão perversa é, assim, o fruto de uma concepção do mercado como não tendo nenhuma regra, onde tudo valeria. Na verdade, essa concepção termina por identificar o mercado ao contrabando, não imperando nenhuma lei. E se a lei não vigora numa economia de mercado, por que os membros do partido deveriam segui-la?

Sétimo – Para que tal política fosse bem-sucedida seria necessário que a imprensa e os meios de comunicação em geral fossem controlados e supervisionados, de tal modo que a verdade não fosse revelada. Foram inúmeras as tentativas do governo Lula de exercer esse controle, aquilo que foi eufemisticamente qualificado como “controle social dos meios de comunicação”. O “social” era o acobertamento da corrupção. Isto é, a corrupção e a imoralidade partidária não poderiam tornar-se públicas, pois o projeto partidário terminaria inviabilizado. E é isso que, de fato, está acontecendo.

*Professor de filosofia na UFRGS. e-mail: [email protected]

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Fonte:
Blog Reinaldo Azevedo, veja.com

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